Hedgepoint analisa cenários para o mercado global de grãos

Com exportações de milho em alta nos EUA e retração no Brasil, o cenário global é influenciado por safras recordes

26.12.2024 | 13:42 (UTC -3)
Luciana Minami

O mercado global de grãos apresenta tendências mistas: enquanto as exportações de milho dos EUA cresceram 31% em relação ao ano passado, o Brasil registrou queda significativa, com 38 milhões de toneladas embarcadas. Já as importações chinesas seguem retraídas, impactadas por uma economia em desaceleração. No trigo, ajustes nas projeções de exportação da Rússia e Ucrânia movimentam o mercado, enquanto fundos indicam sinais de alta para o cereal.

Atualização de Preços

A análise a seguir compara o fechamento dos contratos futuros entre os dois últimos relatórios COT.

EUA

O relatório Wasde indicou aumento nas exportações de milho (de 59,06 para 62,87 Mt) e no consumo doméstico (de 321,7 para 322,98 Mt), resultando em estoques finais menores (de 49,23 para 44,15 Mt).

“Apesar disso, os números de vendas para exportação foram decepcionantes, com 947 mil toneladas contra 1,42 Mt no ano anterior, e exportações acumuladas alcançando 56% da estimativa do Wasde. Ainda assim, as exportações de milho dos EUA subiram 31% em relação ao ano anterior”, observa Ignacio Espinola, analista sênior de Grãos da Hedgepoint Global Markets.

Brasil

O Brasil exportou 38 Mt de milho em 2024, abaixo dos 48,3 Mt de 2023, devido à queda nas importações da China (de 14,1 para 2,1 Mt). Boas condições climáticas devem favorecer a safra sul-americana nas próximas semanas.

China

As importações de milho da China estão previstas em 14 Mt, abaixo da média de 21,3 Mt, devido à desaceleração econômica e à crise imobiliária. O USDA projeta uma safra recorde local, reduzindo ainda mais as importações.

“O ano de 2025 deve trazer safras recordes na América do Sul e nos EUA, pressionando os preços para baixo, enquanto safras ruins na Europa, o conflito entre Ucrânia e Rússia e a segunda presidência de Trump terão impacto significativo no cenário global”, destaca Ignacio.

Há incertezas sobre a política comercial de Trump com China e Brasil, incluindo rumores de aumento de impostos para produtos brasileiros. O comércio entre os dois países movimenta 73,8 bilhões de dólares, mas a estrutura tributária brasileira é um desafio. Em 2019, Trump cogitou aumentar tarifas sobre aço e alumínio do Brasil, mas recuou após negociações. O avanço do acordo UE-Mercosul pode fortalecer o Brasil nas futuras tratativas.

Fundos

Os fundos reverteram suas posições líquidas de milho para positivas (+31,5 mil contratos), impulsionando os preços na CBOT (+4% entre os dois últimos relatórios COT).

Atualização do Trigo

“O Wasde trouxe poucas mudanças para o trigo, destacando uma leve redução nas exportações russas (de 49 para 48 mt) e um aumento nas ucranianas (de 16 para 16,5 mt). A safra russa deve ser a menor desde 2021 (78,7 mt), enquanto a Ucrânia apresenta 77% das lavouras em boas condições”, observa.

Na França, a produção deve subir 8,7% em relação ao ano passado, mas a safra europeia permanece baixa, com 121,3 Mt previstas pelo Wasde.

Na Austrália, espera-se um aumento de 6 Mt se comparado ao ciclo anterior (32 Mt no total), enquanto a Argentina e os EUA projetam crescimentos de 1,6 Mt (total de 17,5 Mt) e 4,6 Mt (total de 53,7 Mt), respectivamente.

“Globalmente, o Wasde prevê uma produção estável em 790 Mt, mas redução nas importações em 12 Mt, e estoques finais de 257,9 Mt, o que incentivou fundos a manterem posições vendidas”, aponta.

Posições dos Fundos

Os fundos reduziram posições vendidas em HRW, com posição líquida vendida de 42,2 mil contratos e redução em SRW de 95,2 mil contratos, indicando uma visão de alta para o mercado de trigo.

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