Grupo de produtores goianos conhece modelo produtivo de grãos na Argentina

24.04.2012 | 20:59 (UTC -3)
Francila Calica

O primeiro dia de trabalho dos 32 produtores rurais e técnicos goianos que integram a Missão Técnica de Grãos do Sistema Faeg/Senar e Sebrae Goiás à Argentina começou com uma visita oficial à sede do Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca (

), na capital Buenos Aires. O grupo foi recebido pelo diretor nacional de relações agroalimentares internacionais do Ministério, Miguel Donatelli, que apresentou um panorama da produção agrícola, infraestrutura e logística, tecnologia e políticas para o setor.

Donatelli explicou ao grupo - liderado pelo presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner - que cerca de 60% de toda a área cultivada no País não é trabalhada pelos seus próprios donos. Ao contrário do que ocorre no Brasil, o arrendamento e os contratos de terceirização para plantio, pulverização e colheita são a roda motriz da produção agrícola do país vizinho. No caso da soja, os contratos são por safra e giram em torno de 2,5 mil quilos ou US$ 650 por hectare nas melhores regiões de produção da oleaginosa.

A Argentina é o hoje o terceiro maior exportador mundial de soja com exportação anual de 9,2 milhões de toneladas; atrás somente do Brasil e Estados Unidos, segundo e primeiro lugares, respectivamente. Ocupa o topo do ranking em exportação de óleo de soja, com um volume anual exportado de 4,54 milhões de toneladas e possui uma representativa produção de farelo do grão, também primeiro lugar em exportação do produto. Óleo e farelo têm um sensível incentivo do governo nas exportações em relação à matéria-prima; a taxa de retenção de exportação sobre os dois primeiros é de 32,5%, enquanto do grão não processado é de 35%.

De acordo com o representante do Ministério, os 35 milhões de hectares lavorados no país produziram, na safra 2010/2011, 103 milhões de toneladas de grãos e cereais; feijão e algodão não entram neste volume. Donatelli destacou que a força de produção de grãos na Argentina está concentrada em 13 províncias produtoras, localizadas na região central do país; nos Pampas úmidos e na região extra-pampera.

A localização favorável das lavouras nos Pampas - entre 350 e 500 quilômetros dos portos - fazem com que o custo de frete seja, substancialmente, menor se comparado com o Brasil. O escoamento de safra é feito majoritariamente por rodovias, 78,12% da produção chega aos portos por esse modal.

De acordo com o presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, a força produtiva dos países do Mercosul, concentrada em Brasil, Argentina e Uruguai é inquestionável e já está mudando o cenário agrícola mundial. Hoje, a produção de grãos no sul do globo terrestre compete com tradicionais potências nortistas, como os Estados Unidos.

José Mário ressalta que, ainda assim, a produção da América do sul é ameaçada por fatores internos que lhe tiram a competitividade. Ele relembrou, por exemplo, a mão forte do governo Kirchner sobre os produtores argentinos. "Na Argentina as taxas de exportação para produtos agrícolas são elevadas, não há financiamento oficial em escala e o setor produtivo vive em desequilíbrio com o governo de Cristina", disse.

No Brasil, os entraves estão na questão ambiental, nas políticas de renda ao produtor e em infraestrutura e logística. Ao deixar o ministério, o grupo seguiu para o distrito de Pergamino, em visita a uma propriedade rural que reflete o modelo de terceirização de produção da agricultura argentina.

O presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, o deputado estadual Valcenôr Braz de Queiroz (PTB) e o presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, deputado Francisco Júnior (PSD) também estão acompanhando o grupo na missão à Argentina. Os produtores e parlamentares visitarão, ainda, áreas produtivas no Uruguai durante estes oito dias de trabalho.

Paralelo à missão de grãos, também estão na Argentina mais 36 pecuaristas de corte liderados pelo diretor-superintendente do Sebrae Goiás, Manoel Xavier e pelo vice-presidente da Faeg, José Manoel Caixeta. O grupo de corte está acompanhado pelos deputados estaduais, Karlos Cabral (PT) e Wagner Siqueira (PMDB), ambos membros da Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Assim como o grupo de grão, a missão técnica de corte também passará pelo Uruguai.

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