Como o uso de plantas de cobertura auxilia no combate a nematoides
Qual o impacto do cultivo de soja em palhadas de milho e crotalária sobre populações de nematoides das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus e a produtividade da oleaginosa.
Com a propagação da ferrugem do cafeeiro (H. vastatrix) por lavouras do território nacional no início dos anos 1970 o extinto Instituto Brasileiro do Café – IBC, na época uma autarquia federal, iniciou um programa de melhoramento genético com o objetivo de desenvolver cultivares de café resistentes a esse fungo. Em 1992, após a extinção do IBC foi criada a Fundação Procafé, com a missão de dar continuidade ao programa de melhoramento genético e ser responsável pelo desenvolvimento de novas cultivares.
A Fundação Procafé, com sede em Varginha – MG, conta com fazendas experimentais nos municípios de Varginha e Boa Esperança, em Minas Gerais, e Franca, em São Paulo. Além dessas fazendas há outras áreas experimentais em propriedades de cooperativas e produtores rurais no Sul de Minas, Zona da Mata, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Norte de Minas, Alta Mogiana – SP, região Serrana do Espírito Santo e Bahia, onde são desenvolvidas e testadas novas cultivares.
Atualmente, a Fundação Procafé possui 36 cultivares de café arábica registradas no Registro Nacional de Cultivares – RNC. O constante trabalho de melhoramento genético segue concentrando seus esforços no desenvolvimento de cultivares com resistência múltipla a pragas e doenças, em especial ao bicho-mineiro, à ferrugem e a nematoides, aliada à alta produtividade e vigor vegetativo, boa resposta à poda e, obviamente, uma qualidade de bebida especial.
Essas plantas tiveram origem no cruzamento natural entre as cultivares Icatu e Catuaí, o que sugeriu o nome Catucaí.
De modo geral, as cultivares deste grupo possuem resistência à ferrugem do tipo horizontal, ou seja, a ferrugem causa infecção, porém com poucas folhas atacadas e pequeno número de pústulas por folha, o que possibilita que o controle químico seja mais fácil de ser alcançado.
Uma das qualidades demonstradas pelos Catucaís é sua facilidade de indução de gemas e de floração, com maturação mais uniforme e facilidade de colheita mecânica. Outra vantagem é a arquitetura aberta das plantas e menor diâmetro de saia, o que facilita o adensamento. Listadas abaixo estão as cultivares do grupo Catucaí mais recomendadas:
Catucaí Amarelo 2SL: de porte baixo, possui frutos amarelos de tamanho médio, broto predominantemente bronze, alta produtividade e bom vigor vegetativo. Apresenta boa resposta à poda e moderada resistência à ferrugem, com boa tolerância à Phoma, sua época de maturação é de precoce à média, ela suporta adensamento, é exigente em fertilidade e gera uma boa qualidade de bebida. O comportamento desta cultivar já foi exaustivamente avalizado em várias regiões cafeeiras, sendo uma das cultivares mais recomendadas pela Fundação Procafé. Tem sido bem aceita pelos produtores do Sul de Minas, Alta Mogiana e região do cerrado mineiro.
Catucaí Amarelo 24/137: de porte baixo, com frutos amarelos e broto bronze, é uma planta de copa estreita, com alta produtividade e moderada resistência à ferrugem, necessita de controle químico. Alta percentagem de grãos com peneira 17 e acima, de maturação precoce, a cultivar suporta bem o adensamento. Possui vigor vegetativo menor que o do Catucaí 2SL e por isso deve ser plantada com espaçamento de 0,5 m entre plantas. Bastante cultivada no Sul de Minas devido à sua boa adaptação à região e por apresentar maturação precoce, facilitando o escalonamento da colheita e o plantio em locais de altitude mais elevada.
Guará: originada de seleção do material da família Catucaí, é uma planta de porte baixo, elevado vigor vegetativo com ramos compridos e rosetas com muitos frutos e época de maturação média a tardia. Possui frutos vermelhos e graúdos e ótima resposta à poda, além de resistência moderada à ferrugem e a M. exígua. Lançada recentemente, a cultivar Guará produz muito bem em áreas mais quentes e está sendo gradualmente introduzida em várias regiões.
As plantas do grupo Acauã são de porte baixo, brotação bronze escuro ou verde dependendo da cultivar, apresentam abundante ramificação secundária e terciária (palmetamento) em ramos plagiotrópicos, tendendo à formação de uma copa muito compacta. Essa característica demanda um plantio de 0,5 m entre plantas, o que torna os cafeeiros mais alongados, com menos ramificações secundárias, resulta em plantas com copa menos densa e mais aberta. Em geral as cultivares Acauã apresentam frutos longos, de cor vermelha escura e maturação tardia, com maior porcentagem de grãos mocas. Têm alta resistência à ferrugem e tolerância ao nematoide M. exigua. Os dados de produtividade, em ensaios nos quais as Acauãs são testadas em comparação com o padrão Catuaí, mostram produtividades equivalentes, porém, sob condições de cafeicultura de sequeiro e em regiões mais quentes, as Acauãs têm performance superiores.
Três cultivares deste grupo são as mais recomendadas:
Acauã Novo: pesquisas mais recentes para a seleção de cafeeiros Acauã levaram a um material selecionado no campo em Varginha, que recebeu o nome de Acauã Novo. São plantas que apresentam brotação verde, são imunes à ferrugem e tolerantes ao M. exigua.
Asabranca: muito resistente e produtiva, possui copa menos compacta que o Acauã original, frutos de bom tamanho e alta percentagem de sementes chatas.
Graúna: com frutos vermelhos e grãos de peneira média a alta, possui alta produtividade e época de maturação média, é altamente resistente à ferrugem, apresenta alto vigor vegetativo, ramos compridos e rosetas cheias. Ainda não está registrada no RNC.
As cultivares do grupo Acauã são indicadas nas seguintes condições: áreas mais secas, sujeitas à ferrugem, infestadas por M. exígua. Tem se observado a necessidade de um estresse hídrico mais pronunciado para que haja um bom abotoamento e maior produção da Acauã. Em regiões muito frias, sem estresse hídrico, pode apresentar produtividade menor. Nessa condição, como as plantas ficam muito compactas, deve-se periodicamente, realizar podas de esqueletamento.
Possui boa tolerância ao estresse hídrico e se destaca por ser resistente ao bicho-mineiro e à ferrugem. A cultivar foi denominada Siriema, pela característica do pássaro de comer cobras e lagartas. Foram feitos ensaios em várias regiões, com destaque para o campo em Coromandel, área de forte pressão de ataque de bicho-mineiro e ferrugem. Duas cultivares deste grupo foram registradas junto ao RNC: Siriema AS1, de propagação seminal, e a cultivar clonal Siriema VC4.
Siriema VC4: foi registrada no MAPA em 2015. Atualmente, a Fundação Procafé está providenciando sua multiplicação, em jardins clonais e através de embriogênese somática, o que possibilitará a disponibilização de material vegetativo aos produtores. Todavia, a cultivar Siriema VC4 ainda não está disponível comercialmente.
Siriema AS1: homozigota para resistência ao bicho-mineiro, possui frutos amarelos, de maturação muito precoce e copa estreita, por isso é ideal para espaçamentos mais estreitos na rua. É indicada para áreas com ocorrência severa de bicho-mineiro ou para sistemas orgânicos, e, especialmente, para pequenos produtores, que têm dificuldade de usar defensivos, recomendando-se a princípio, plantio em pequena escala, para que a Siriema AS1 possa ser avaliada no sistema de cultivo a ser utilizado.
Lançada em 2012, teve origem dentro de uma plantação de Sarchimor 1669-20, com provável cruzamento com Icatu Amarelo 2944 ou Catuaí Amarelo. Duas plantas, com frutos amarelos e bom vigor, foram selecionadas. Somente uma mostrou-se resistente/imune à ferrugem e foi selecionada por mais três gerações. Os cafeeiros dessa cultivar apresentam imunidade à ferrugem, alto vigor e excelente produtividade. Seus frutos são amarelos, com peneiras altas e bom rendimento do café coco/beneficiado. A bebida dos cafés colhidos em cafeeiros da cultivar Arara tem alcançado altas pontuações pela metodologia da Brazil Specialty Coffee Association – BSCA.
A cultivar Arara apresenta cafeeiros com maior diâmetro de copa e tende a formar ramos laterais mais grossos em relação a cultivares tradicionais, por isso tende a embatumar a copa. Devido a essa característica, é aconselhado que após algumas safras, ela seja manejada com esqueletamento, essa cultivar responde muito bem a esse tipo de poda.
A cultivar Arara se destaca como uma das mais produtivas em diferentes regiões. Em ensaio conduzido em Araxá –MG, a média de produtividade de seis safras foi de 64,6 sacas por hectare, em São Gotardo – MG a cultivar Arara atingiu 69,1 sacas por hectare na média de seis safras. É uma das cultivares mais recomendadas pela Fundação Procafé.
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