MS: semeadura de milho safrinha após 10 de março prejudica produtividade
A Fundação Bill e Melinda Gates e a Embrapa estão unindo competências para investir no desenvolvimento da agricultura africana. Pesquisadores da Embrapa Soja (Londrina/PR) e Embrapa Cerrados (Planaltina/DF) discutiram, na última sexta-feira (06), com o coordenador de desenvolvimento agrícola da Fundação Gates alternativas para contribuir com o aumento da produtividade agrícola em até 11 países da África subsaariana.
As duas instituições pretendem investir na transferência de tecnologias sobre fixação biológica de nitrogênio, um processo que permite diminuir o uso ou até substituir os fertilizantes químicos por inoculantes contendo rizóbios, bactérias naturalmente presentes no solo e benéficas para a nutrição das plantas. A diminuição no uso de fertilizantes nitrogenados significa menor custo de produção e maior sustentabilidade ambiental.
“Até o final deste ano queremos estar com um projeto em parceira com a Embrapa em atividade na África”, destaca o agrônomo Prem Warrior, coordenador de programas de desenvolvimento agrícola da Fundação Bill e Melinda Gates.
“Vamos atuar com transferência de tecnologias para a África em fixação biológica de nitrogênio”, adianta a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja. A pesquisadora comenta que a parceria entre a Fundação Gates e as Unidades Soja, Cerrados e Embrapa África (Acra - Gana) está aberta para colaboração de outras Unidades da Embrapa.
Warrior apresentou os planos da instituição durante encontro com pesquisadores da Embrapa nas áreas experimentais da Embrapa Cerrados, em Planaltina - DF. “A importância do uso de inoculantes é evidenciada no Brasil, e no Cerrado em particular, onde incrementou a produção agrícola de leguminosas”, destaca o coordenador.
O representante da Fundação, lançada pelo casal Gates há dez anos, em Seattle, diz que a instituição tem como lema mostrar por meio do incentivo a programas de educação, agricultura e saúde que “todas as vidas têm valor igual”.
Dentre os projetos em andamento estão o desenvolvimento de bibliotecas públicas em Santiago do Chile, programa global de erradicação da poliomielite em parceria com o Rotary Internacional, investimentos para combate à malária na África e de prevenção à AIDS na Índia.
Os investimentos para programas de desenvolvimento agrícola, iniciados há dois anos, têm como foco o continente africano. “A prioridade é aumentar a produtividade de alimentos básicos como o milho e o arroz”, destaca. Warrior salienta ainda que, somente nos projetos voltados para incremento da fertilidade do solo africano, a Fundação já investiu 180 milhões de dólares.
O coordenador explica que a parceria não envolve apenas suporte financeiro. “O treinamento é importante, e os projetos têm que ter auto-suficiência”. Há duas semanas a Fundação Bill e Melinda Gates anunciou investimentos de 48 milhões de dólares em duas parcerias voltadas para o incremento da cultura do cacau e do caju nos Camarões, Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Libéria.
A parceria com as Unidades da Embrapa deve abranger até 11 países. “A proposta está em desenvolvimento e os países de atuação serão definidos com base na necessidade, estabilidade e capacitação técnica”, destaca Warrior.
“Pelo fato da agricultura ser um componente essencial para o crescimento econômico da maior parte dos países africanos, nós estamos trabalhando com parceiros para financiar uma Revolução Verde para a África e outras regiões que possam ser beneficiadas por investimentos deste tipo”, destaca Bill Gates na carta anual da Fundação.
Durante a reunião na Embrapa Cerrados, o coordenador trocou ideias com os pesquisadores Jose Robson Sereno, chefe geral da Unidade, Marília Santos Silva, articuladora internacional, e com a equipe técnica formada pelos pesquisadores Djalma Martinhão (fertilidade de solos), Arminda Moreira (plantas de cobertura e adubação verde), Iêda Mendes e Fábio Bueno Júnior, ambos da pesquisa sobre fixação biológica de nitrogênio. Mariangela Hungria, especialista em fixação biológica de nitrogênio da Embrapa Soja, acompanhou Warrior na visita.
Dados da Fundação Bill e Melinda Gates mostram que, enquanto a produtividade agrícola nos Estados Unidos aumentou 2,5 vezes de 1961 a 2007, e mais do que quadruplicou na China no mesmo período, o incremento de produtividade na África foi pouco significativo.
Warrior comenta que a Fundação aposta na ciência e tecnologia para levar desenvolvimento às regiões mais pobres da África e do sudeste asiático. “Nós acreditamos no poder da ciência”, salienta.
Ainda sobre o último pronunciamento de Bill Gates sobre os investimentos em programas de desenvolvimento agrícola, o fundador da Microsoft e da Fundação diz que “a tecnologia só tem utilidade quando contribui para as pessoas melhorarem suas vidas”.
Gustavo Porpino de Araújo,
Embrapa Cerrados
(61) 3388 9945 /
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