Fibra da bananeira ganha utilidade artesanal para mulheres de assentamento em Camamu

03.04.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Seagri

Apesar do artesanato da fibra de bananeira ser coisa nova no Projeto de Assentamento (PA) Mariana, em Camamu, 20 produtores que aprenderam recentemente a arte, com as equipes de Assessoria Técnica Social e Ambiental (ATES), dos escritórios locais da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri), dos municípios de Camamu e Gandu, já utilizam a técnica como mais uma fonte de renda.

Segundo a engenheira agrônoma da EBDA, Carine Silva Reis, o assentamento tem potencial natural para produção de banana, o que, até então, não era valorizado. “Os custos com o cultivo estavam altos e fez com que os produtores desanimassem”, disse a presidente da Associação de Agricultores do Assentamento Mariana, Josinete de Jesus.

Diante da situação, Carine Reis verificou a grande quantidade de folhas da bananeira que não eram aproveitadas, e enxergou nesse produto o potencial para ser usado no artesanato. Em parceria com o Núcleo Operacional de Gandu, a equipe realizou o levantamento necessário para a realização do curso, utilizando técnicas de artesanato que pudesse aproveitar a matéria prima disponível, principalmente por que dela é possível extrair vários tipos de fibras, como: capa externa (pobre), seda interna (nobre), renda (intermediária), e linha.

“Por entender que o artesanato é uma atividade de extrema importância para o desenvolvimento socioeconômico das famílias, que oferece amplas oportunidades de emprego e em contrapartida, tem um baixo custo de investimento, realizamos, no final de dezembro passado, uma capacitação que preparou a comunidade para o aproveitamento integral da cultura”, contou Carine Reis. Segundo ela, o assentamento possui uma demanda de projetos de plantio de bananeira em condição de Sistemas Agroflorestais (SAF), que são acessados através do crédito Apoio a Mulher, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Com o apoio da equipe técnica, as instrutoras Ivaneide de Jesus Santos e Luzinete Oliveira dos Santos, assentadas dos Projetos de Assentamento Che Guevara e Mineiro, nos municípios de Wenceslau Guimarães e Gandu, respectivamente, passaram, para as participantes do curso, inúmeras técnicas e segmentos, influenciadas pela vocação artesanal e artística local, para a confecção de cestas para café da manhã, para pães, caixas decorativas, porta-jóias, jogos americanos, chapéus e outros utensílios.

Os participantes da capacitação também foram preparados para o manejo da bananeira. “Antes, as bainhas (folhas) da bananeira ficavam jogadas, faziam um amontoado e eram subutilizadas; hoje; encontramos novas utilidades, quando produzimos bolsas, fruteiras, luminária,e outras peças, e queremos buscar novas formas de usar a matéria prima”, disse dona Gelsa Santos Souza (58), artesã local.

O grupo, que hoje vive da agricultura e do artesanato, também trabalha na produção de polpas e doces, utilizando frutas regionais como o cupuaçu, açaí, abacaxi, jaca, limão, carambola e abacate. Para a técnica Lucineide de Jesus Campos, de Camamu, o artesanato é mais uma etapa da cadeia produtiva, que chega como uma novidade para o assentamento e uma nova possibilidade de geração de renda. “Esta e outras iniciativas devem ser incentivadas, pois resultam diretamente na elevação da auto-estima da mulher e diversificação das fontes de renda, contribuindo para a melhoria na qualidade de vida das famílias”, ressaltou Lucineide Campos.

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