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A produção de algodão colorido orgânico do Assentamento Margarida Maria Alves, situado no município de Juarez Távora, região Agreste da Paraíba, tornou-se uma referência para produtores do Brasil e de diversos países da América Latina e do Caribe. Para sistematizar essa experiência e contribuir com o compartilhamento desse sistema de produção, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério de Relações Exteriores (ABC/MRE) lançaram neste mês a publicação “Algodão Orgânico Colorido: Gerando renda e cidadania na agricultura familiar do semiárido brasileiro”.
A obra integra uma série de ações do projeto Más Algodón (Fortalecimento do Setor Algodoeiro por meio da Cooperação Sul-Sul), resultado de parcerias trilaterais entre o governo brasileiro, a FAO e os governos da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Haiti, com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
“Esta publicação faz parte de uma série de estudos que tem por objetivo identificar, sistematizar e difundir práticas e conhecimentos relevantes para a agricultura familiar do setor algodoeiro nos países da América Latina e do Caribe. Sua finalidade é compor um conjunto de aportes técnicos e didáticos que valorizem e ofereçam visibilidade às experiências, técnicas e saberes que contribuem para a sustentabilidade de milhares de famílias agricultoras e pequenos empreendedores rurais nesses países”, afirma a coordenadora regional de Projeto de Fortalecimento do Setor Algodoeiro por meio da Cooperação Sul-Sul na FAO, Adriana Gregolin.
O material relata a experiência de retomada do cultivo de algodão e a conversão ao sistema orgânico de produção por agricultores familiares do assentamento Margarida Maria Alves. “Esta iniciativa pioneira no semiárido brasileiro proporcionou respostas positivas aos desafios de produção, renda e associativismo enfrentados por essas famílias, refletidas na organização e gestão da associação comunitária, na conscientização ambiental, na adoção de práticas que possibilitam a convivência e o controle biológico de pragas do algodoeiro e o melhor uso da água e do solo, como os fertilizantes orgânicos, a rotação de culturas e o manejo integrado de pragas”, destaca a especialista em cooperação Sul-Sul e consultora da FAO, Juliana Rossetto.
O estudo aponta ainda os resultados positivos sobre o cultivo de algodão em base agroecológica de práticas de manejo adequadas ao perfil da agricultura familiar e ações efetivas de pesquisa participativa e extensão rural. O acesso ao mercado justo, com inserção em um sistema orgânico verticalizado que integra desde a produção até a indústria, no qual os agricultores pré-processam o algodão na própria comunidade é outro fator de sucesso.
“Nesse contexto, cabe destacar o papel da Embrapa Algodão, que desde 2000 apoia a experiência dessas famílias agricultoras”, acrescenta Rosseto. Entre os impactos da produção do algodão colorido orgânico na comunidade são destaque a geração de emprego e renda e a melhora da qualidade de vida das famílias. “A cultura do algodão orgânico, quando interligada a uma cadeia que articula o produtor com o consumidor de produtos ecologicamente corretos, pode ser uma boa alternativa para melhorar rendimentos, mesmo sem o uso de insumos químicos e na presença de pragas e de risco climático”, diz a especialista da FAO.
Tramando e transformando: Justa Trama, a cadeia solidária do algodão agroecológico
Outra experiência sistematizada pela FAO como uma boa prática brasileira de cooperativismo na cadeia de valor do algodão orgânico foi a da Rede Justa Trama. A rede é composta por oito empreendimentos – cooperativas, associações e grupos de trabalhadores autogestionários –, distribuídos em diversas regiões do Brasil, seguindo os princípios da economia solidária e do comércio justo.
“A Justa Trama é um caso de êxito na integração da cadeia de valor do algodão, desde o cultivo pela agricultura familiar até o consumidor final, passando pelo beneficiamento, fiação, confecção e comercialização. Os produtos finais são roupas e confecções produzidos com algodão orgânico naturalmente colorido”, destaca. Segunda ela, a rede trabalha comprometida com práticas de manejo ambientalmente sustentáveis e que garantem as condições dignas do trabalho e a equidade de gênero. “A rede foi capaz de gerar resultados brilhantes nesse sentido, com valorização do trabalho, resgate da autoestima, qualificação profissional e melhoras na qualidade de vida de agricultores familiares e trabalhadores que dela fazem parte”, diz.
As publicações estão disponíveis para download nos links: Algodão Orgânico Colorido: Gerando renda e cidadania na agricultura familiar do semiárido brasileiro Tramando e transformando: Justa Trama, a cadeia solidária do algodão agroecológico
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