Falta de chuva compromete qualidade do grão de soja no Rio Grande do Sul

16.02.2012 | 21:59 (UTC -3)
Júlio Fiori

Conforme o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (16), a falta de chuvas e as altas temperaturas registradas durante o dia começam a causar danos mais severos às lavouras de soja no Rio Grande do Sul. O excesso de calor afeta a floração, provocando o abortamento das flores, e prejudica a qualidade do grão, causando o efeito do “grão esverdeado”. A morte prematura da planta, por estresse hídrico ou qualquer outro fator, acaba forçando o processo de maturação das sementes. Com isso, ao invés de amarelarem, as sementes são colhidas ainda verdes, com altos índices de clorofila, o que afeta seu potencial de vigor e germinação como semente e o rendimento industrial na obtenção de óleo.

Uma amostra de grãos de soja coletada em uma lavoura de Ijuí e analisada na Unidade de Classificação da Emater/RS-Ascar apresentou resultados preocupantes em termos de qualidade, resultando em 15% de umidade, 35% de grãos verdes, 5% de grãos chochos e imaturos e 4,5% de grãos danificados. Com isso, além de uma redução considerável em termos de produção, o produtor poderá enfrentar problemas para comercializar o pouco que conseguir colher.

A colheita do milho alcança 30% da área cultivada no Estado, com os rendimentos oscilando conforme as chuvas acumuladas ao longo da evolução das lavouras. Nas áreas beneficiadas pelas precipitações, a produtividade tem alcançado patamares acima dos 6 mil kg/ha. Entretanto, esses rendimentos são exceção. Na maioria dos casos, o resultado obtido pelos produtores situa-se entre 2 mil e 3 mil kg/ha. Áreas com produtividades abaixo desse patamar são, geralmente, direcionadas para a produção de silagem. Quanto à evolução da cultura do milho, a baixa umidade no solo e as altas temperaturas estão afetando o desenvolvimento das lavouras.

Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, os agricultores já iniciaram a semeadura da 2ª safra do feijão, também chamada de safrinha, mas ainda com área indefinida em razão das condições de solo atuais. No final de fevereiro, a Emater/RS-Ascar divulgará a primeira estimativa da safrinha.

Na Serra gaúcha, a maior região produtora de uvas no Estado, os parreirais estão em fase de recuperação após as últimas chuvas. As plantas de cobertura do solo têm contribuído muito para a manutenção da umidade dos parreirais. Em fase final de colheita, as variedades precoces apresentam um teor de açúcar ligeiramente acima da média dos últimos anos, porém, com uma redução do peso dos frutos. As demais variedades também apresentam bom aspecto sanitário, alguma deficiência no tamanho dos cachos e perspectiva de um aumento também no teor de açúcar das bagas.

A ocorrência de chuvas em alguns municípios gaúchos favoreceu a recuperação, embora parcial, das aguadas e de outros reservatórios de água, assim como beneficiou o desenvolvimento das espécies forrageiras nativas e cultivadas e das lavouras de milho e sorgo, destinadas para a produção de feno e silagem. Na região de Bagé, houve melhora significativa das pastagens cultivadas de verão e do campo nativo.

O rebanho bovino de corte apresenta boas condições, tanto corporais como sanitárias, embora as plantas forrageiras nativas ainda estejam com um desenvolvimento vegetativo muito lento. Em algumas regiões produtoras do Estado, também se percebe que a irregularidade das chuvas prejudicara o desenvolvimento das pastagens cultivadas, o que já vem ocasionando perda de peso dos animais. Na região de Bagé e em alguns municípios da Fronteira Oeste, a estiagem afeta também o rebanho de cria, com a perspectiva de redução na produção de terneiros e leve alta nos preços do gado de reposição.

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