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As exportações brasileiras de café totalizaram 2,809 milhões de sacas de 60 kg em abril de 2022, gerando uma receita cambial de US$ 670,7 milhões. O desempenho implica queda de 24,1% em volume, mas alta de 34,1% em valor frente ao mesmo mês do ano passado, segundo dados publicados no relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Com a performance em abril, os embarques no acumulado do ano civil chegam a 13,585 milhões de sacas, ficando 10,6% aquém das 15,195 milhões remetidas ao exterior entre janeiro e o quarto mês 2021. Já a receita avança 56,3% no mesmo intervalo de comparação, saindo de US$ 2,008 bilhões para os atuais US$ 3,138 bilhões.
No intervalo de julho de 2021 a abril de 2022, o desempenho das exportações brasileiras de café é semelhante ao registrado no ano civil, com os envios recuando 16,7%, de 39,927 milhões de sacas para as atuais 33,251 milhões, e a receita cambial evoluindo 30,9%, de US$ 5,055 bilhões para US$ 6,616 bilhões, ante a performance aferida nos 10 primeiros meses da safra 2020/21.
O presidente do Cecafé, Nicolas Rueda, explica que o valor superior apurado nos embarques é resultado do patamar elevado nas cotações internacionais e internas do produto, assim como do dólar valorizado frente ao real no mercado cambial, o que incrementa o ingresso de recursos no país.
Já o declínio no volume embarcado reflete, conforme ele, uma conjunção de fatores, entre os quais a aproximação do encerramento da temporada cafeeira 2021/22 e um rearranjo observado nos blends das indústrias brasileiras.
"O mês de abril é o ápice da entressafra de um ciclo produtivo inferior, havendo menor disponibilidade de cafés. Além disso, a disparada muito maior no preço do arábica em relação ao do conilon (robusta), fez com que o setor industrial ampliasse o percentual da segunda variedade nos preparos de seus cafés, reduzindo significativamente as remessas de canéfora ao exterior", explica.
Rueda aponta, também, que o cenário marítimo global segue desafiador aos exportadores, com os gargalos logísticos sendo intensificados pela guerra na Ucrânia.
"A Rússia, que usualmente figurava no sexto lugar no ranking dos principais destinos do café brasileiro, desceu ao 10º posto no acumulado de 2022. Suas importações do produto nacional recuaram 35,2% de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período de 2021, saindo de 421.382 sacas para as recentes 273.151 sacas. Isso implica diretamente nas remessas do Brasil ao Leste Europeu, que registra queda de 35,6% em semelhante intervalo", revela.
O presidente do Cecafé acrescenta, ainda, que os entraves logísticos foram agravados com a situação da Covid-19 na China. “Com o preocupante desencadeamento de inúmeros casos de coronavírus no país asiático, o porto de Xangai, o maior do mundo, teve suas operações limitadas devido ao decreto de lockdown imposto na cidade, gerando, como consequências, uma tensão em todas as cadeias de suprimento, fluxo lento de importações, congestionamento marítimo na China e aumento da inflação em todo o mundo", detalha.
Rueda completa que o problema no porto chinês ampliou os gargalos no que se refere à disponibilidade de contêineres e à menor oferta de navios, decorrente do congestionamento marítimo, antes na costa oeste americana e, agora, também na China, mantendo o preço dos fretes em níveis historicamente altos.
"Esse cenário traz grandes desafios ao setor e onera sobremaneira os exportadores como um todo, que precisam se desdobrar para consolidar seus embarques em razão da menor oferta de contentores e de espaço nas embarcações. No caso do café, isso se observa na redução de nossas exportações para importantes parceiros, como Estados Unidos, Ásia e países árabes, além do já explicado (guerra) declínio para o Leste Europeu", conclui.
De janeiro ao fim de abril de 2022, a Alemanha assumiu a liderança do ranking dos principais compradores dos cafés do Brasil, superando os Estados Unidos, que desceram para o segundo lugar. Os alemães adquiriram 2,542 milhões de sacas, volume 6,8% inferior ao aferido no mesmo período de 2021 e que representou 18,7% dos embarques totais até o momento.
Os norte-americanos, com representatividade de 18,4%, adquiriram 2,501 milhões de sacas, com recuo de 14,2%. Na sequência, vêm Bélgica, com a compra de 1,419 milhão de sacas (+26,1%); Itália, com 1,194 milhão de sacas (+3,9%); e Japão, com a importação de 641.751 sacas (-22,4%).
O complexo marítimo de Santos (SP) segue como principal exportador dos cafés do Brasil no primeiro quadrimestre de 2022, com a remessa de 11,332 milhões de sacas ao exterior, o que equivale a 83,4% do total. Na sequência, vêm os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 12,3% dos embarques ao remeterem 1,675 milhão de sacas, e Paranaguá (PR), com a exportação de 156.258 sacas e representatividade de 1,2%.
O café arábica foi o mais exportado entre janeiro e abril deste ano, com a remessa de 11,841 milhões de sacas ao exterior, o que correspondeu a 87,2% do total. O segmento do solúvel teve 1,222 milhão de sacas embarcadas, com representatividade de 9%, seguido pela variedade canéfora (robusta + conilon), com 509.042 sacas (3,7%) e pelo café torrado e moído, com 13.109 sacas (0,1%).
Os cafés diferenciados, que possuem qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis, responderam por 14,7% das exportações totais brasileiras no primeiro quadrimestre, com o envio de 1,999 milhão de sacas ao exterior. Esse volume representa declínio de 8,6% na comparação com as 2,186 milhões de sacas embarcadas pelo país em semelhante intervalo de 2021.
O preço médio desse produto foi de US$ 310,63 por saca, proporcionando uma receita de US$ 620,8 milhões, o que corresponde a 19,8% do total obtido com os embarques gerais no mês passado. No comparativo com o primeiro quadrimestre de 2021, o valor é 65,8% superior.
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