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Uma expedição à Reserva ZF2 do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a cerca de 80 km de Manaus (AM), coletou mais de 1.400 amostras compostas por milhares de insetos nos diversos estratos da floresta. A atividade integra dois projetos de grande escala apoiados pela Fapesp e pelo CNPq.
Durante seis dias, uma equipe de 34 entomólogos percorreu uma área de 10 mil hectares da Amazônia Central em busca de insetos nos mais variados ambientes: solo, troncos, folhiço, corpos d'água e até acima da copa das árvores. As amostragens fazem parte dos projetos "BioInsecta" e "BioDossel", que visam revelar e monitorar a diversidade de insetos ao longo da estrutura vertical da floresta.
A coleta intensiva envolveu mais de 30 métodos diferentes, desde armadilhas de luz até redes entomológicas e armadilhas aquáticas. Todo o material foi preservado para análises moleculares e identificação morfológica em laboratório, processo que deve revelar milhares de espécies — muitas delas inéditas para a ciência.
Segundo os coordenadores José Albertino Rafael (Inpa) e Dalton de Souza Amorim (USP), esta é a maior expedição entomológica já realizada na Amazônia em número de especialistas reunidos, cobrindo cerca de 20 das 28 ordens de insetos registradas no Brasil.
As armadilhas em cascata, principal método de coleta, foram instaladas em três pontos da Amazônia Central e permanecem ativas desde julho de 2024. Esse sistema, composto por cinco armadilhas empilhadas de dois metros cada, permite a coleta simultânea em diferentes alturas da floresta, desde o solo até cerca de 30 metros.
Com amostragens quinzenais até setembro de 2025, a expectativa é reunir mais de 5,5 milhões de exemplares. Além disso, a expedição intensiva permitiu capturar espécies que dificilmente seriam obtidas apenas com armadilhas, ampliando significativamente o conhecimento da biodiversidade local.
Apesar da imensa riqueza de espécies, a fauna de insetos da Amazônia — especialmente a que habita a copa das árvores — ainda é pouco estudada. Estudos anteriores indicam que mais de 60% das espécies encontradas acima de 8 metros de altura não ocorrem no solo.
"É como explorar um continente desconhecido", afirma Amorim. "A fauna da copa é diferente da fauna do solo, mas o acesso sempre foi um grande desafio." Os dados gerados permitirão comparações futuras sobre o impacto de mudanças climáticas, queimadas e outros fatores na biodiversidade da floresta.
Além de revelar novas espécies, os projetos BioInsecta e BioDossel pretendem criar um banco de dados genéticos robusto, utilizando tecnologias avançadas de sequenciamento de DNA. A estimativa é analisar o material genético de cerca de 500 mil exemplares, o que deverá estabelecer um novo marco para estudos de biodiversidade em florestas tropicais.
Os resultados devem colocar o Brasil entre os protagonistas mundiais em estudos de biodiversidade tropical. Em comparação, o estudo mais abrangente até então, realizado no Panamá, capturou 14 mil insetos ao longo de 14 meses. Agora, a escala da coleta na Amazônia é significativamente maior, tanto em número de exemplares quanto em profundidade de análise.
Segundo José Albertino Rafael, o banco de dados criado servirá também como referência para monitorar, no futuro, os efeitos ambientais em áreas preservadas da floresta: "Será uma ferramenta fundamental para embasar políticas públicas de conservação da Amazônia."
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