Evento em Londrina (PR) debate avanços dos inoculantes biológicos no Brasil

A 21ª Relare apresentou dados sobre o uso dos produtos na agricultura brasileira e estratégias de planejamento de pesquisas futuras

01.07.2024 | 15:03 (UTC -3)
Letícia Rodrigues
Foto: divulgação
Foto: divulgação

Em 2023, de acordo com dados da Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (Anpii), foram comercializadas cerca de 141 milhões de doses de inoculantes. A aplicação dessa categoria de produtos, que hoje já é utilizada por 85% dos produtores de soja e 22,4% dos produtores de milho, segue em pleno crescimento, sendo uma tendência na agricultura brasileira. Frente à evolução do setor, representantes de todo o Brasil se reuniram em Londrina (PR), para a 21ª Reunião da Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologias de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola (Relare), a fim de discutir, de forma aprofundada, os avanços e resultados de pesquisas em inoculantes microbiológicos, além de debater o planejamento de pesquisas futuras e a transferência de tecnologias para a indústria. 

A abertura da Relare contou com uma palestra de Solon Cordeiro Araújo, Conselheiro Fundador da ANPII e presidente da primeira sessão que criou a Relare, em 1985. A apresentação de abertura teve como tema "Inoculantes para o Brasil e para o Mundo: A Capacidade Produtiva e Competitiva da Indústria Nacional”, onde Solon destacou o crescimento contínuo do setor nos últimos quatro anos, com uma média anual de crescimento na ordem de 14,7%, sendo a soja a cultura que mais adota essa tecnologia. “A evolução do uso de inoculantes é notável. Passamos de um uso na cultura da soja de 35% na década de 80 para 85% atualmente. Assim como avançamos de um único tipo de inoculante para diversas classes e formas de uso. Houve um avanço significativo em termos de regulamentação, fiscalização e capacitação técnica, com empresas agora contando com equipes altamente qualificadas”, explicou.  

Desde 1952, quando eram utilizados apenas inoculantes de Rizóbios, o setor se expandiu para incluir, em 2009, inoculantes de Azospirillum, e em 2022, produtos para solubilização de fósforo e resiliência ao estresse hídrico. Diversos microrganismos como Bacillus, Pseudomonas e Metylobacterium também passaram a ser utilizados.

Atualmente, de acordo com dados da ANPII, a soja lidera as vendas dos inoculantes, com 77% do valor total, seguida pelo milho, com 16%, e a cana-de-açúcar com 2,5%. Inoculantes baseados em bactérias Bradyrhizobium representam 72,7% das doses utilizadas em campo, enquanto Azospirillum e Pseudomonas correspondem a 26,7%.

“O Brasil está plenamente capacitado para atender tanto ao mercado interno quanto ao externo em termos de qualidade e capacidade técnica. O parque industrial brasileiro está preparado para responder aos aumentos de demanda, reforçando o potencial de expansão e os benefícios ambientais e econômicos para a produção agrícola. E a ANPII, com seus associados representando cerca de 65% do mercado, continua a desempenhar um papel fundamental no fomento e desenvolvimento do setor de inoculantes, impulsionando a adoção de novas tecnologias e a normatização de produtos biológicos de qualidade”, concluiu. 

O evento, patrocinado pela Anpii, contou com pesquisadores, professores, técnicos, produtores rurais e representantes da indústria nacional de bioinsumos. Paralelamente, ocorreu a 39ª Reunião de Pesquisa de Soja, ampliando ainda mais o escopo técnico e científico do evento.

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