Estudo indica método mais eficaz para monitorar cigarrinha-do-milho

Observação direta supera armadilhas adesivas e redes de varredura

24.10.2025 | 08:47 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto: Charles Martins de Oliveira
Foto: Charles Martins de Oliveira

A contagem direta no cartucho das plantas é o método mais eficiente para monitorar a população da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis). Esta foi a conclusão de trabalho de pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo e da Universidade Federal de São João del-Rei.

Seu estudo, conduzido entre setembro de 2022 e maio de 2024, comparou três técnicas de amostragem e sua relação com variáveis climáticas e horários do dia.

Durante o período, foram capturados 11.520 indivíduos da praga. A contagem direta registrou 5.722 insetos. As redes entomológicas capturaram 4.841. Já as armadilhas adesivas amarelas somaram apenas 957 capturas. A eficiência da observação direta foi seis vezes superior às armadilhas e cerca de 18% maior que as redes.

O experimento

A pesquisa foi realizada em Sete Lagoas, em campos experimentais da Embrapa. Plantios escalonados garantiram a presença de milho nos estágios vegetativos V3 a V9, quando há maior incidência da cigarrinha.

Os métodos avaliados incluíram:

  • Contagem direta no cartucho: observação por 1,5 minuto de 10 plantas em três pontos da área.
  • Rede de varredura: 10 golpes de rede sobre fileiras de milho em três pontos.
  • Armadilhas adesivas amarelas: placas colocadas a 1,5 metro de altura, trocadas semanalmente.

As coletas ocorreram em dois horários: manhã (aproximadamente 10h) e tarde (aproximadamente 16h).

Hora do monitoramento

Não houve variação significativa na quantidade de insetos capturados entre os turnos. O padrão se manteve nas contagens diretas e nas coletas com rede. Isso indica que o monitoramento pode ser feito em qualquer período do dia, flexibilizando o manejo.

As armadilhas adesivas, embora práticas, demonstraram baixa eficácia. Capturaram cerca de 8% dos insetos registrados pelas contagens diretas. Além disso, sua eficiência caiu em períodos com temperatura elevada, alta umidade e maior precipitação.

Clima influencia a população

As contagens diretas revelaram correlação positiva entre a presença da cigarrinha e três variáveis: temperatura, umidade relativa e volume de chuvas. As redes apresentaram correlação apenas com a precipitação acumulada. Já as armadilhas tiveram correlação negativa com temperatura, umidade e chuvas.

Ventos fortes e radiação solar intensa reduziram a presença do inseto nos cartuchos. Isso sugere que condições ambientais específicas afetam tanto a presença quanto a detecção da cigarrinha.

Aplicações práticas

Os dados indicam que a contagem direta oferece melhor precisão para estimar a população da praga. Isso permite decisões mais acertadas no manejo integrado de pragas (MIP). Embora as armadilhas demandem menos trabalho, sua baixa sensibilidade pode comprometer o monitoramento e atrasar intervenções.

A semelhança entre os resultados das contagens diretas e das redes aponta que ambas as técnicas ativas são confiáveis. Porém, a contagem direta exige menos tempo e reduz o erro de amostragem, o que pode ser decisivo em grandes áreas.

Implicações no controle

Como a densidade de cigarrinhas não varia entre manhã e tarde, pulverizações com inseticidas podem ser realizadas em qualquer um desses períodos. No entanto, no fim da tarde, a maior umidade pode favorecer a retenção da calda na superfície foliar. Isso pode aumentar a eficiência da aplicação, especialmente em produtos biológicos ou químicos com contato direto.

As maiores populações foram registradas entre fevereiro e março, coincidentes com a segunda safra do milho. Mesmo com plantio contínuo, esses meses concentram os picos da praga.

Outras informações em doi.org/10.1590/1806-9665-RBENT-2025-0044

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