Estresse hídrico impactou mais de 800 mil hectares na safra 2023-24 no Mato Grosso do Sul

O clima foi decisivo para a queda na produtividade das lavouras de milho segunda safra, que alcançaram produção média de 67,05 sacas/hectare

25.09.2024 | 14:54 (UTC -3)
Crislaine Oliveira
Foto: arquivo/Aprosoja-MS
Foto: arquivo/Aprosoja-MS

De acordo com dados do projeto Siga-MS, Mato Grosso Sul destinou mais de 2 milhões de hectares para a segunda safra de milho 2023/2024, e produziu mais de 8 milhões de toneladas do cereal, com produtividade média ponderada de 67,05 sacas/hectare. Os dados foram divulgados no boletim desta semana, que mostra com detalhes os resultados da segunda safra de milho.

“Mais de 50 cidades de Mato Grosso do Sul produziram abaixo da média. A situação do produtor rural que já não era das melhores com a primeira safra 2023/2024, se agravou com a safra de milho. Muitos agricultores solicitaram renegociação das dívidas com os bancos para que pudessem ter fôlego para a primeira safra 2024/2025”, pondera o presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc

De acordo com o documento, a região norte, que inclui as cidades de Alcinópolis, Aparecida do Taboado, Costa Rica e Chapadão do Sul, foi a que apresentou a maior produtividade. A média ponderada na região foi de 110,64 sc/ha, que representa aproximadamente 10,6% da área monitorada pelo projeto Siga-MS; na região central, a média ponderada foi de  67,3 sc/ha, o que corresponde a cerca de 20,9% da área acompanhada pelo SIGA-MS; e 60,22 sc/ha na região sul, que abrange aproximadamente 68,5% da área de cultivo monitorada pelo projeto.

O clima foi decisivo para a queda na produtividade das lavouras. O estresse hídrico impactou mais de 800 mil hectares no Estado, e fez com que  Mato Grosso do Sul registrasse a 3ª pior produtividade dos últimos 10 anos.

 “A queda de potencial foi causada pelo estresse hídrico nas principais regiões produtoras do estado, como o centro e o sul, que juntas representam 89,4% da área de milho na 2ª safra. Nessas regiões, houve municípios que produziram entre 0 e 86,9 sc/ha. Ao analisar os municípios dessas áreas, observa-se que o tamanho da área influencia negativamente a produtividade. Municípios-chave como Dourados e Ponta Porã, que representam 8% da área cada um, apresentaram uma média entre 57 e 62,1 sc/ha. Em contraste, os municípios de Rio Brilhante, Sidrolândia e Maracaju, que juntos representam 26% da área, mostraram uma produtividade média mais elevada, variando entre 71 e 86,9 sc/ha”, explica o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.

Houve uma drástica redução na produção do milho 2ª safra 2023/2024 em Mato Grosso do Sul. Os produtores iniciaram a semeadura em janeiro de 2024, concluindo-a em maio de 2024, três semanas após o ciclo anterior. A baixa pluviometria entre janeiro e julho resultou em uma significativa redução do potencial produtivo, afetando os períodos fenológicos mais suscetíveis ao estresse hídrico.

“A produtividade média de 67,05 sc/ha impacta diretamente o fluxo de caixa dos produtores, dificultando investimentos em suas propriedades e a manutenção da sustentabilidade no cultivo. Ao cruzar os dados do custo de produção no estado, que é de 122 sc/ha para cobrir todas as despesas, fica claro que o produtor que iniciou o plantio do milho como abertura para a área de soja está totalmente descapitalizado com essa média. Por outro lado, o produtor que plantou soja na safra 2023/2024 contou com o amortecimento dos custos, especialmente com fertilidade, resultando em um custo de 89,72 sc/ha, ainda assim alto para a média estadual”, finaliza Michelc.

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