Estação Terras Baixas inicia comemoração dos 70 anos

17.05.2013 | 20:59 (UTC -3)
Cristiane Betemps

Nesta sexta-feira (17), Estação Experimental Terras Baixas (ETB), localizada no Capão do Leão/RS, uma das bases físicas da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS, está recebendo empregados aposentados para realização do evento Café com História da ETB. A atividade compõe o início das comemorações da passagem dos 70 anos daquela Estação.

O Café com História vai reunir cerca de 40 ex-empregados, ligados ao setor de Pesquisa. Uma comissão de empregados de diferentes setores da Unidade de pesquisas está organizando os eventos de aniversário. A presidente da comissão, pesquisadora Maria Edi Ribeiro está disposta a manter a memória da pesquisa agropecuária regional. Para isso, nesta data serão colhidos depoimentos e recebidas fotos antigas e materiais que contemplem a trajetória histórica da Estação.

A Estação Experimental completa 70 anos de atuação em consonância com as demandas rurais. Sua história de pioneirismo e liderança teve início em 1943, sediando o Instituto Agronômico do Sul – IAS, criado pelo Ministério da Agricultura para coordenar as ações de pesquisa agropecuária em toda a Região Sul do Brasil. Posteriormente, em 1962, foi denominado Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Sul – Ipeas.

Nos últimos 40 anos, a partir da criação da Embrapa, sua história institucional evoluiu paralelamente à sua vocação para o desenvolvimento de tecnologias para os sistemas de produção de terras baixas, que abrangem oito milhões de hectares na Região Sul do país. Inicialmente, como Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual – Uepae de Pelotas, depois como Centro de Pesquisa Agropecuária de Terras Baixas de Clima Temperado – CPATB (1985), até o formato atual de Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado (desde 1993).

Nesse contexto as ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação concentram-se na cadeia produtiva do arroz irrigado, por sua grande importância econômica e social para a região e para o país, contemplando também a diversificação da produção de grãos (soja, sorgo, milho, trigo) e a integração lavoura-pecuária.

Em continuado processo de qualificação da infra-estrutura de pesquisa de grãos e sanidade vegetal, destaca-se na ETB o Laboratório de Análise de Sementes-Laso, credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-Mapa, prestando serviços ao setor produtivo há mais de 50 anos.

Dentre inúmeras tecnologias de manejo e cultivares desenvolvidas, pode-se destacar como precurssora no melhoramento genético do arroz irrigado ao lançar as variedades BR IRGA 409 e 410, juntamente com o IRGA, de porte baixo, que contribuíram para dobrar a produtividade do arroz; a regeneração da primeira planta de proveta de arroz no Brasil, através de métodos biotecnológicos, em parceria com a UFPel; o lançamento de mais de 20 cultivares de arroz irrigado disponibilizadas para a lavoura orizícola gaúcha; o lançamento da variedade BRS Bojuru, de grão curto, típico para a culinária japonesa, em 1997, já prospectando mercados específicos de arroz; o desenvolvimento do primeiro híbrido de arroz irrigado no Brasil, BRSCIRAD 302, gerado pela pesquisa pública; o desenvolvimento da linhagem de arroz AB 11047 para produção de etanol; a criação e implementação do Projeto Manejo Racional da Cultura do Arroz, o Marca, visando a sustentabilidade econômica, ambiental e social da lavoura orizícola.

A Estação Experimental Terras Baixas foi a iniciadora na implantação e diversificação de culturas alternativas para rotação com arroz irrigado em terras baixas. Neste contexto, foi lançada a soja IAS-5, cultivar mais importante do Sul do Brasil e que conservou-se no mercado por mais de 30 anos, o uso racional da água, o sistema sulco-camalhão que viabiliza tanto a drenagem como a irrigação de outras culturas de grãos (milho, soja, sorgo, trigo, pastagens), e o camalhão de base larga que viabiliza o sistema plantio direto, tecnologias que garantem altos rendimentos destes cultivos. Também na área de grãos, estima-se que 90% dos materiais de trigo lançados no Brasil tenham origem e/ou algum cruzamento com genótipos desenvolvidos na ETB.

Com forte atuação na cadeia produtiva do leite, a Estação Experimental abriga o Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento em Pecuária de Leite- Sispel, instância física e operacional que inclui equipe de pesquisa e parceiros, rebanho experimental (raça Jersey), instalações de manejo, Laboratório de Reprodução Animal e Laboratório de Nutrição Animal. Destaca-se o Laboratório de Qualidade de Leite, credenciado pelo Mapa para fazer parte da Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade de Leite – RBQL. Os resultados dos projetos incluem tecnologias de manejo animal (alimentação, reprodução, sanidade), manejo de pastagens, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta - ILPF, qualidade do leite, e desenvolvimento de cultivares forrageiras, com destaque para a cultivar de azevém BRS Ponteio.

Pesquisas em sistema de produção de bubalinos também são realizadas na ETB, que possui rebanho de elevado padrão da raça Murrah, evidenciando o potencial de mercado em seus subprodutos. A contribuição com trabalhos envolvendo um grupo de capivaras proporcionaram avaliar a viabilidade técnica e econômica de sistemas semi-intensivos de produção.

A agroenergia foi foco de atenção pela Estação Experimental. Durante a vigência do Proalcool (anos 70/80), foram realizadas pesquisas para a produção de etanol com beterraba açucareira, sorgo sacarino e cana-de-açúcar, em micro-usina com sistema inovador de extração. Hoje, a ETB conta com uma planta experimental para produção de etanol a partir de cana-de-açúcar, sorgo sacarino, mandioca, batata-doce e grãos.

Além disso, projetos para resgate e valorização da agrobiodiversidade da agricultura como a linha de desenvolvimento de novos insumos são realizados em área experimental, no âmbito do Projeto Xisto Agrícola, numa parceria com a Petrobrás. Assim como, atenta as condições de clima, na ETB está localizada a Estação Climatológica de Pelotas, prestação de serviço à sociedade, operacionalizada em parceria com a Universidade Federal de Pelotas - UFPEL, cujo acervo conta com 140 anos de registro ininterrupto de dados.

Assim, a Estação Experimental Terras Baixas vem construindo um legado forte de tecnologias para o meio rural, que promovam a sustentabilidade de propriedades dedicadas aos grãos, leite, pastagens e integração entre lavoura e pecuária, indicando novas alternativas e cenários para uma Agricultura, que se define como ambiental e socialmente desafiadora para os próximos anos.

Paulo Lanzetta

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