Especialista em controle biológico ministra curso em Santa Maria/RS

03.12.2008 | 21:59 (UTC -3)

O entomologista e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Ivan Cruz ministra nesta quinta-feira (04/12), em Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul, mini-curso para 40 extensionistas sobre controle biológico de insetos e pragas. O evento será no Hotel Continental, das 13h às 18h, e é promovido pela Emater/RS-Ascar e Embrapa. O especialista é o maior nome da pesquisa em controle biológico do Brasil, por seus estudos na relação entre as principais pragas do milho e os seus principais agentes de controle naturais.

Além do curso para os extensionistas da Emater/RS-Ascar, Ivan Cruz fará visitas a lavouras de Santa Maria, na manhã de quinta-feira (4), que distribuíram o Trichogramma. Na sexta-feira, dia 5, os técnicos participantes do evento saem a campo para avaliar lavouras do município e identificar inimigos naturais.

"São atualmente conhecidas mais de 20 espécies benéficas (Neuroptera, Coleoptera, Hymenoptera, Dermaptera e Diptera), com potencialidades para restabelecer o equilíbrio bioecológico em favor da agricultura brasileira. São espécies conhecidas ou novas espécies, cujo conhecimento acumulado permite projetar a possibilidade de se ter boas produtividades, sem afetarem drasticamente o ambiente agrícola", afirma Cruz. Conforme o pesquisador, muitas dessas espécies podem ser produzidas em escala, em biofábricas, através de cooperativas ou associações de produtores rurais, servindo não só para uso na lavoura mas também para gerar emprego e renda no meio rural.

No Rio Grande do Sul, o controle biológico da lagarta-do-cartucho, considerada uma das principais pragas da cultura de milho em todo o continente americano, tem na região de Santa Maria uma das áreas de maior aplicação da tecnologia. Para combatê-la é preciso aplicar agrotóxicos nas lavouras, o que causa prejuízos ainda maiores. Além de aumentar o custo da produção, esses "venenos" podem contaminar o meio ambiente, a pessoa que o aplica e o próprio milho.

Uma alternativa, identificada por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, é contar com a ajuda de um inimigo natural dessa praga: Trichogramma, uma vespa minúscula que parasita o ovo da lagarta-do-cartucho. As vespinhas, como foram apelidadas, custam 50% menos que os agrotóxicos e são inofensivas. Basta soltá-las na lavoura que elas encontram os ovos da praga e, dentro deles, botam os seus. Em alguns dias, as larvas das vespinhas nascem e passam a se alimentar das futuras lagartas-do-cartucho. Com a introdução das vespinhas na lavoura, o ciclo biológico da praga é interrompido e o uso de defensivos, praticamente descartado.

Conforme levantamento do assistente técnico regional da cultura do milho da Emater/RS-Ascar, Luiz Antônio Rocha Barcellos, cerca de 30 municípios da região Central fazem o controle biológico da lagarta-do-cartucho. Em 2007, a área abrangida foi de 1.500 hectares de lavouras, pertencentes a 70 produtores. "Desde novembro e até o próximo mês de janeiro pretendemos dobrar esta área", diz Barcellos.

A área média com controle biológico nas lavouras de milho na região varia entre três e cinco hectares. "Com o controle biológico, os produtores deixam de fazer de duas a três aplicações de inseticida por hectare, sabendo-se que o custo de cada aplicação, dependendo do produto utilizado é de aproximadamente R$ 15,00", calcula o técnico do Escritório Municipal de Santa Maria, Gilceu Antônio Cippolat.

"Apenas uma distribuição de Trichogramma é suficiente para controlar a lagarta em todo o ciclo da cultura do milho, custando em média R$14,00", acrescenta Cippolat.

Somente no município de Santa Maria, 45 produtores utilizaram-se do controle biológico em aproximadamente 342,5 hectares da cultura, na safra passada. "Este ano, vamos chegar a 600 hectares", prevê o extensionista.

Helena Boucinha

Emater/RS-Ascar – Região de Santa Maria

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