Plantio de soja avança em muitas áreas do país, mas Paraná ainda preocupa
O percentual avançou 13,3 pontos percentuais em uma semana e passou ligeiramente a média para esta época
Durante três dias, membros da academia, profissionais do mercado e lideranças do agronegócio estiveram reunidos no ESALQSHOW – Fórum de Inovação para o Agronegócio Sustentável, com o objetivo de estreitar e fortalecer cada vez mais a relação entre universidades e demais elos do segmento. O evento, realizado entre 9 e 11 de outubro, na Esalq/USP, em Piracicaba (SP), proporcionou mais de 24 horas de conteúdo, contou com a presença de 112 painelistas, além de 65 expositores na Feira de Inovação e Tecnologia.
Para o presidente do Conselho Consultivo do ESALQSHOW, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o evento reafirma o papel de ser um agente de ligação entre as esferas do setor, além de se tornar um fórum permanente para debater sobre os profissionais do futuro. “Estamos muito contentes com os resultados desse terceiro ESALQSHOW, que é o show do agro. Tivemos a presença de todos os atores, das cadeias produtivas, das universidades, do mundo produtor e institutos de pesquisa”, afirma.
“O Governo esteve presente efetivamente todos os dias participando dos debates, como o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Gustavo Junqueira, do secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, além do secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Flávio Campestrin Bettarello, além de vários prefeitos. Isso é integração, que, de fato, é fundamental para que possamos andar pra frente”, completa.
O diretor da Esalq/USP, professor Durval Dourado Neto salienta que um dos enfoques do ESALQSHOW é a inovação e o empreendedorismo como objetivos maiores. “Nosso papel é melhorar e agregar valor a tudo que produzimos no setor agrícola para que em última instância melhore a vida das pessoas. Um dos destaques no evento foi o estreitamento da nossa relação com a CAU – China Agriculture University. Pudemos debater as relações de cooperação na área de agricultura, além de ouvir as demandas no que diz respeito à formação do profissional do futuro”, ressalta.
O ESALQSHOW foi encerrado com um painel temático sobre o profissional do futuro, que abordou as visões da academia e do mercado. Segundo o diretor da Esalq/USP, o momento é de fazer um diagnóstico e um prognóstico para o futuro. “Qual é a nossa grande preocupação? Definir o que temos que fazer agora para não perdermos o bonde da história em termo de formação do profissional do futuro. Nós diagnosticamos que qualquer profissional terá que ter noções de inteligência artificial, big data e internet das coisas. Ao mesmo tempo, somos usuários de tecnologia e os
dois grandes players são EUA e China, daí a importância de se ter também, na sua formação, o inglês, que acredito ser suficiente para atender as duas demandas. Mas, para uma pequena parcela, o mandarim seria um diferencial do profissional do futuro”.
Dourado completou abordando a responsabilidade social da universidade em formar pessoas para melhorar a vida do cidadão comum brasileiro. “Estamos investindo para que uma parcela desses estudantes tenha boa formação em inovação e empreendedorismo. É obvio que não vão sair daqui 100% dos alunos inovando e empreendendo, mas vamos dar oportunidade para 100% para que uma parcela procure melhorar a vida das pessoas no Brasil”.
Com moderação do engenheiro agrônomo Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA/USP), a plenária final contou com a participação de Aramis Moutinho Júnior, superintendente-corporativo do Sistema OCESP, Igor Belens, diretor de Recursos Humanos e Comunicação Corporativa da Compass Minerals, João Roberto Spotti Lopes, vice-diretor e presidente da Comissão de Relações Institucionais da Esalq/USP, Leonardo Porpino, gerente-técnico da Alltech Crop Sciences Brasil, Luis Eduardo Aranha Camargo, professor da Esalq/USP, Marcelo Theoto Rocha, sócio-diretor da Fábrica Ethica Brasil, Marcelo Marino dos Santos, conselheiro da Abisolo e diretor-geral da Omex, Marcelo Habe, diretor de Marketing Latam da Agrichem do Brasil, Raphael Cassillo, professor da Unesp Botucatu e Stella Cato, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Stoller Brasil.
O futuro do agronegócio, com destaque para relação Brasil-China, norteou os temas debatidos no Agtech Valley Summit – O Agronegócio Brasileiro e seus Caminhos. Autoridades do setor público e privado traçaram possíveis percursos a serem desbravados pelo setor até 2030.
Considerado atualmente o terceiro maior exportador de produtos agropecuários do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e União Europeia, o Brasil é responsável por levar comida à mesa de famílias de 190 países, sendo que a China é detentora da maior fatia com 35% das exportações brasileiras.
A assessora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Camila Tabet, que representa 1,7 milhões de produtores nacionais, destacou a importância do setor em criar uma política mais assertiva para atender o mercado mundial, principalmente a Ásia e o Oriente Médio.
“Atualmente são dois mercados incríveis, que importam muito os nossos produtos. Somente em 2018 ambos compraram 43,8% do que foi produzido pelo agronegócio mundial. A Ásia, sozinha, é responsável por 51% da nossa exportação no setor. Esse é um mercado promissor que precisa ser bem explorado até 2030. Por isso temos que criar políticas mais ‘agressivas’ diante desses mercados. A China, por exemplo, é um país que tem suas peculiaridades. Entrar nesse mercado não é nada fácil. Mesmo assim, com todos esses entraves, já exportamos muito pra eles. Imagina quando criarmos ações mais objetivas? Certamente vamos conseguir abrir outras ‘portas’ e atingiremos patamares extraordinários.”
Na busca por atender o mercado chinês, Camila salientou ainda a importância de valorizar mais o pequeno produtor brasileiro, para que possa ter maior participação naexportação dos produtos nacionais. “De 97 a 2018, por exemplo, foram criadas mais de 10 mil empresas, sendo que 40,8% são pequenos negócios. Dessa fatia, apenas 4,2% correspondem a pequenos e médios produtores focados no agronegócio e que, de fato, exportam algum produto. Precisamos reverter esse cenário, que é negativo, pois a maior parte dos produtores rurais no Brasil é de pequenos e médios portes. Temos que dar essa chance para que possam, também, entrar no comércio internacional.”
A guerra comercial entre Estados Unidos e China tem grande interferência nas perspectivas sobre futuro do agronegócio Brasileiro. O diretor de Programa da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura (MAPA), José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho lembrou que é fundamental a harmonização entre o sistema para que haja menos incertezas, aumentando assim o nível de confiança dos investidores. “Esse cenário de disputa é ruim para as três economias, embora o Brasil tenha uma variação positiva porque a China precisa consumir muito e o Brasil tem um mercado com grande potencial para ofertar alimentos”, lembra.
Os desafios e oportunidades que o agronegócio terá até 2030 foi o tema central do Encontro de Lideranças em Agricultura deste ano. Sob o tema “Relações Internacionais no Agro”, o debate foi moderado pelo o presidente do Conselho Consultivo do ESALQSHOW, Luiz Carlos Corrêa Carvalho e contou com a presença de Flávio Campestrin Bettarello, secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura; Ricardo Carciofi, membro do Grupo de Países Productores del Sur – GPS; Guo Pei, professor e pesquisador da China Agricultural University; Nicolas Rubio, chief of United States Department of Agriculture e Marcos Jank, titular da Cátedra Luiz de Queiroz em Sistemas Agropecuários Integrados (Ciclo 2019).
Para a edição deste ano, o ESALQSHOW contou com uma programação exclusiva para os empreendedores e startups que desenvolvem inovações para o agronegócio. A “Clínica de Consultoria para Startups e Empreendedores” ofereceu sessões de consultoria individual, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento das atividades a fim de materializar ideias em soluções e formatar os modelos de negócios.
O ESALQSHOW contou ainda com painel “Startups no Agronegócio – AcademyDay”, que tratou sobre a transformação de conhecimento em inovação e o papel das universidades e dos institutos de pesquisa. Já o painel “Startups no Agronegócio – StartupDay” contou com pitchs de startups e investidores, além do “Startups no Agronegócio – Integração e Inovação no Vale do Piracicaba”, com a participação de representantes de hubs de inovação e incubadoras.
Uma das propostas do ESALQSHOW é fomentar o intercâmbio de informação e conhecimento entre os estudantes de universidades do Brasil e exterior. Este ano, o evento contou com a participação de 14 estudantes de pós-graduação e dois professores da China Agricultural University (CAU), em Beijing. O grupo foi coordenado pelo professor e pesquisador GuoPei, que também foi painelista.
A Feira de Inovação e Tecnologia também contou com a participação da Crop Jr., uma das empresas que integram a Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agiitec) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Para Darcila Camargo, estudante de Agronomia e integrante da empresa, que participa do ESALQSHOW pela primeira vez, é extremamente positiva e válida a troca de experiências. “Foi um grande desafio para nós sairmos do Rio Grande do Sul e estarmos aqui. A nossa participação ao longo dos três dias superou todas as dificuldades e expectativas. O evento é muito rico em conteúdo e a interação com outras universidades, como a Esalq/USP, que é referência e considerada uma das melhores em Agronomia, ampliou a nossa visão, dando novos horizontes no segmento que atuamos”, enfatiza.
O estudante de Agronomia e também integrante da Crop Jr., Alexandre Kazmirski, aponta que o ESALQSHOW proporcionou ter contato com empreendedores e incubadoras, como a EsalqTec. “Ter esse primeiro contato nos abre portas e, quem sabe, futuramente parcerias. Além disso, pudemos ver como é o modelo de negócios e absorver informações e ideias ao nosso campus, que podem ser adequadas à nossa realidade”, afirma.
Vinculada ao curso de Agronomia da UFSM, a empresa Crop Jr. oferece consultoria aos produtores rurais da região de Santa Maria, além de atuar em projetos de perímetro urbano, como o desenvolvimento de hortas verticais.
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