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O plantio da soja avançou na maior parte do país, sobretudo por causa das chuvas no Mato Grosso, e atingiu 22,8% da área prevista, segundo divulgou nesta sexta (18/10) a consultoria ARC Mercosul. O percentual avançou 13,3 pontos percentuais em uma semana e passou ligeiramente a média para esta época do ano que é de 22,7%, de acordo com os dados da empresa. O plantio estava atrasado em diversas regiões por causa do clima seco.
No Paraná, onde ainda não começaram as chuvas, Márcio Bonesi, presidente da Aprosoja Paraná (Associação dos Produdores de Soja), contou que muitos agricultores estão fazendo replantio porque já perderam as sementes plantadas, desde 20 de setembro, devido à situação hídrica.
“Passei pelo oeste do estado e vi que já tem bastante replantio. Em algumas cooperativas já até faltam sementes. Muita gente plantou porque havia previsão de chuvas há duas semanas e perdeu tudo porque não choveu. O pior é que os seguros não cobrem o plantio se a soja não atingir o tamanho mínimo de 15 centímetros”, afirmou. De acordo com Bonesi, alguns produtores que investiram recursos próprios no plantio, sem compromissos com o financiamento de soja, já falam em esperar e plantar milho ao invés da oleaginosa para correr menos riscos.
O presidente da Aprosoja Paraná diz, no entanto, que previsões de chuvas nas próximas semanas animaram mais os produtores. “Se houver um regime de chuvas normal agora, ainda dá tempo para termos uma boa safra. No ano passado foi muito ruim e acho que esse ano pode ser melhor. Mas não é comum ficarmos tantos dias sem chuva aqui no Paraná nesta época do ano”, completou.
Segundo o último levantamento da Secretaria Estadual de Agricultura do Paraná, divulgado na terça-feira (15/10), os agricultores paranaenses já tinham plantado 33% da área prevista. De acordo com a previsão do Instituto ClimaTempo, entre os próximos dias 20 e 25 há condições de chuva na maior parte das áreas produtoras de soja, mas não no Paraná.
Em Webinar, evento organizado pela Embrapa Soja, nesta sexta (18/10), o pesquisador da instituição José Salvador Foloni explicou que o problema que vem ocorrendo no Paraná e em outros estados produtores não é uma seca generalizada, mas sim a má distribuição de chuvas.
“Temos que pensar que os problemas na sojicultura de região tropical e subtropical são os veranicos. São esses períodos de má distribuição de chuvas associados a altas temperaturas. É o que estamos vivendo agora, com a perda de água muito forte pela evapotranspiração (perda de água do solo pela evaporação e pela transpiração das plantas). Temos um estresse hídrico muito acentuado. Dependendo da fase em que esse veranico acontece, o nível de dano econômico varia muito. Tem dois momentos, na instalação da cultura e no florescimento, e mais fortemente no período reprodutivo de enchimento dos grãos, em que, dependendo da intensidade do veranico e do número de dias sem chuvas e com altas temperaturas, o nível de dano na lavoura é muito forte”, afirmou.
Outro pesquisador que participou do evento online, Sérgio Gonçalves, avaliou, no entanto, que a situação hídrica para a soja no Paraná deve melhorar. “Esse ano, nós estamos com falta de água no estabelecimento da cultura. O que eu acho que vai acontecer é que, na hora que começar a chover, vai chover bem, e talvez não tenha problema no (período de) florescimento”, avaliou Gonçalves, que ressaltou que, na safra passada, 9 mil produtores rurais do Paraná tiveram de pedir o seguro-garantia por causa de perdas na lavoura ocasionadas pela má distribuição de chuva.
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