Entregue Plano Diretor Socioambiental do Campus 'Luiz de Queiroz'

27.08.2009 | 20:59 (UTC -3)

Foi entregue segunda feira (24/08), ao presidente do Conselho Gestor do Campus “Luiz de Queiroz”, professor Antonio Roque Dechen, o “Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus Luiz de Queiroz”.

O documento, contendo 285 páginas principais e mais 140 anexas, foi desenvolvido em três etapas que revelam a situação socioambiental da área, apresenta diretrizes e ações necessárias para sua melhoria, define prioridades e um modelo de gestão ambiental participativa.

A iniciativa é de um grupo de professores, funcionários e estudantes no ano de 2004, os quais formaram a União dos Grupos Ambientais do Campus “Luiz de Queiroz”. “A motivação desse grupo foi a de unir os diferentes grupos de pesquisa e extensão que já trabalhavam com a temática para discutir a problemática socioambiental do campus”, comenta o professor Miguel Cooper, do departamento de Ciência do Solo (LSO) e coordenador geral do Plano Diretor. Em seguida, foi feita a assinatura do Termo de Ajustamento de Condutas (referente ao Inquérito Civil n. 021/03), pelo então reitor da USP, professor Adolpho José Melfi, o que motivou ainda mais o grupo na busca de soluções referentes às irregularidades ambientais apontadas nesse documento.

Após aprovação do Conselho Técnico Administrativo (CTA) da ESALQ, em agosto de 2005, começaram os trabalhos para a formulação do Plano. Foram quatro anos de trabalhos exaustivos que envolveram um diagnóstico da situação, definição das diretrizes e preparação do plano de gestão. As atividades foram subdivididas em seis linhas temáticas - Uso de Solo, Resíduos, Percepção e Educação Ambiental, Emissão de Carbono, Fauna, Água - cada uma delas orientada por um grupo de trabalho (GT). A coordenação geral foi realizada por um Núcleo Gestor, formado por representantes de cada um dos GTs. “Desde o início, a filosofia de trabalho era o de envolver o maior número possível de pessoas da comunidade do Campus no processo de construção garantindo assim o caráter participativo e democrático do Plano Diretor. O processo educativo também permeou as atividades de construção do Plano, pois os estudantes, tanto de graduação como de pós-graduação, foram os principais atores neste processo”, salienta Miguel Cooper.

Grande número de professores e funcionários também participaram ativamente dessa ação. No total, foram mais de 320 pessoas envolvidas no processo, que aportaram suas experiências, conhecimentos e energia para o sucesso da empreitada. “Espera-se que, após todo esse processo de elaboração, o Plano Diretor seja implementado, monitorado e avaliado de forma contínua e que se torne referência para a elaboração de políticas de sustentabilidade para toda a Universidade”, afirma o coordenador do Plano.

Para o diretor da ESALQ, Antonio Roque Dechen, “todos os aspectos foram devidamente diagnosticados com intenção única de garantir um futuro sustentável ao Campus. E o resultado mostra um cenário abordado de forma bastante profunda pelos GTs, indicando que este documento deve nortear as ações que serão implantadas de forma paulatina, lembrando que algumas delas já estão em andamento”. A intenção, segundo Dechen, é apresentar o Plano à Reitoria, à Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf) e para todos os segmentos capazes de nortear o uso adequado das áreas da Universidade. “Sempre temos que vislumbrar um processo contínuo de ajuste ambiental, de recomposição de matas ciliares e o Campus “Luiz de Queiroz” tem que ser referência não só para aqueles que o freqüentam, mas para toda a sociedade”, comenta o diretor da ESALQ.

Miguel Cooper faz eco ao diretor da ESALQ ao afirmar que essa é uma ação pioneira na Universidade de São Paulo. “O Plano é pioneiro no âmbito da USP e a principal mudança é cultural, com modificações de hábitos rotineiros de toda a comunidade, envolvendo professores, alunos, funcionários e aqueles que nos visitam, seja em caráter acadêmico ou como lazer. A presença de um documento que possibilite manter a qualidade socioambiental de um Campus em universidade pública é comum no exterior, mas ainda pouco praticado em nossa realidade”, finaliza o professor.

O documento completo pode ser acessado no site da ESALQ (

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Patrimônio protegido, maravilha de Piracicaba

O Edifício Central da ESALQ, o parque e parte do conjunto que compõem o Campus “Luiz de Queiroz”, enquadrados na categoria de bem cultural, histórico, arquitetônico e ambiental como Patrimônio Público Estadual, foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephat), em 12 de dezembro de 2006, quando foi assinada a Resolução de Tombamento de parte do Campus onde está instalada a Escola. Na oportunidade estiveram presentes o então Governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo, e o Secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade. Segundo a Resolução, também estão protegidos a antiga Usina (atual Estação de Tratamento de Água), a oficina, a antiga colônia (atual Centro de Vivência), os prédios próximos à alameda principal, a residência onde morava o diretor (atual Museu Luiz de Queiroz), os estábulos com as instalações próximas e o conjunto vinculado aos campos de café, composto por terreiro, armazéns e residências.

Apesar de possuir um território de 3.825 hectares, que corresponde a 50,44% da Universidade de São Paulo (USP), apenas uma área de 914,5 hectares do Campus "Luiz de Queiroz" foi tombada. Pelo pioneirismo do traçado orgânico, o Parque arquitetado em 1907 pelo belga Arsenio Puttemanns, foi incorporado ao processo. O projeto engloba, ainda, o Edifício Central e a expansão realizada em 1940, a qual manteve o padrão do paisagismo original.

Na área edificada, foram incluídos o Edifício Central e seus bens agregados, como telas, retratos e bustos de pessoas importantes que passaram pela Escola e, ainda, os pavilhões da Engenharia, Química e Horticultura. Projetado em estilo neoclássico, pelo arquiteto inglês Alfred Brandford Hutchings, as obras do Edifício Central tiveram início em 1905, e sua inauguração aconteceu em 14 de maio de 1907. Em 1945, o pavilhão foi ampliado, com a construção de mais um piso. O prédio tem mais de 4.800 m2 de área, distribuídos em quatro pavimentos. O sistema viário dos dois parques, seus limites externos e vias internas, lagos, a alameda dos Alecrins e as edificações numeradas, segundo a catalogação feita pela própria instituição em sua planta cadastral, também foram contemplados, bem como as zonas antigas de cultivo e de mata preservada.

Pela beleza singular que possui, a ESALQ sempre serviu de inspiração a poetas e artistas plásticos pela sua magnífica imponência. Apreciá-la pessoalmente é sentir-se contemplado pela natureza que se desenha em toda sua área, estrategicamente localizada em ponto nobre da cidade de Piracicaba. Em meio a esse panorama campestre, despontam prédios arquitetados nos mais variados estilos, criando um cenário harmônico e de indescritível beleza estética, onde piracicabanos e visitantes encontram espaço privilegiado para conhecimento e lazer. Em 26 de agosto de 2007, a centenária ESALQ foi anunciada a primeira das 7 Maravilhas de Piracicaba, em idéia inspirada na eleição das 7 Maravilhas do Mundo, que indicou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, como uma das obras mais belas do universo. Hoje, como marco historicamente lembrado e preservado pelo município, a ESALQ, além das contribuições expressivas nos campos das ciências agrárias, ambientais e sociais aplicadas, destinadas ao ensino, pesquisa e extensão, soma às suas ações inovadoras, um documento que norteia a qualidade socioambiental do Campus “Luiz de Queiroz”.

Alicia Nascimento Aguiar e Caio Albuquerque

Esalq

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