Soluções para nematoides são destaques da Rotam no 15ª Agronegócios Copercana
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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lança, durante a 37ª Reunião de Pesquisa de Soja que será realizada nos dias 26 e 27 de junho, no Buffet Planalto, em Londrina (PR), a Tecnologia Block, uma linha de cultivares de soja que auxilia o sojicultor no manejo integrado de um dos seus principais inimigos, o complexo de percevejos. “Os percevejos são atualmente uma das pragas mais importantes para a cultura da soja, porque interferem na produtividade e na qualidade dos grãos e das sementes”, avalia o chefe-geral da Embrapa Soja José Renato Bouças Farias. “Por isso, estamos empenhados no desenvolvimento de cultivares de soja com esta tecnologia para auxiliar os produtores que enfrentam dificuldades no campo para manejar esta praga”, avalia.
O pesquisador Carlos Arrabal Arias, líder do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa, e responsável pelo desenvolvimento de genótipos resistentes a insetos diz que a Tecnologia Block amplia a proteção da lavoura ao ataque dessa praga que suga as vagens e os grãos de soja. “As cultivares com a genética Block têm maior tolerância aos percevejos, o que minimiza a ação destrutiva da praga. Porém, a tecnologia não dispensa o uso de inseticidas, mas permite uma melhor convivência com os insetos no campo”, enfatiza Arias.
De acordo com o pesquisador, o uso de cultivares tolerantes aos percevejos permite melhor convivência com os insetos no campo, sendo uma ferramenta importante no Manejo Integrado de Pragas. A primeira cultivar de soja com a tecnologia Block é a BRS 1003IPRO, que foi desenvolvida pela Embrapa Soja com a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa. A BRS 1003IPRO é uma cultivar de soja do grupo de maturidade 6.3 (macrorregiões 1 e 2) e 7.0 (macrorregião 3), indicada para os seguintes estados: Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. “Esta cultivar apresenta ampla adaptação, excelente potencial produtivo, estabilidade de produção e moderada resistência ao nematoide de galha Meloidogyne javanica, além de resistência às principais doenças da soja como o cancro da haste, mancha olho-de-rã e podridão radicular de fitóftora”, ressalta Arias.
A Embrapa e a Fundação Meridional irão lançar na safra 2019/20 uma nova cultivar, desenvolvida via melhoramento genético tradicional, e que amplia as opções de cultivares tolerantes a percevejo no mercado.
A busca por cultivares de soja com maior tolerância ao ataque de insetos sugadores foi intensificada, em 2016, quando foram avaliadas no campo experimental, da Embrapa, em Londrina (PR), 30 linhagens convencionais e 20 com a tecnologia RR e Intacta. O trabalho de pesquisa envolveu especialmente as equipes que atuam com melhoramento genético e entomologia.
Arias relata que, enquanto o nível de ação definido pela pesquisa atualmente é de dois percevejos por pano de batida, a nova cultivar consegue suportar, pelo menos, o dobro de percevejos, sem afetar a sua produtividade. “Algumas plantas, mesmo na presença de alta população de percevejos, mantiveram a produtividade alta, enquanto que as cultivares suscetíveis ao ataque de percevejos apresentaram perdas importantes”, revela. Na Embrapa, as melhores plantas oriundas de cruzamentos genéticos específicos para resistência percevejos, foram testadas em gaiolas fechadas, instaladas no campo experimental. Nessa condição, o objetivo foi avaliar o dano causado por densidades de 0, 4, 8, 16 percevejos por metro quadrado; “esses ensaios também comprovaram os resultados obtidos anteriormente”, diz a pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann Campo. “A vantagem dessa tolerância é que o produtor pode aguardar mais tempo para realizar as pulverização com inseticidas, o que além de reduzir custos ainda mantém a presença dos agentes de controle biológico no campo, favorecendo o controle natural da praga, pela integração de táticas do Manejo Integrado de Pragas, como o controle biológico e a tolerância da soja aos percevejos”, explica a pesquisadora.
O principal problema dos percevejos é o seu ataque direto ao grão e às vagens da soja, diferentemente das lagartas, por exemplo, que atacam as folhas. “Por isso, existe potencial de perda em produtividade e também em qualidade de produtos que serão gerados como o óleo e a ração animal”, explica o pesquisador Samuel Roggia, da Embrapa Soja. No caso dos produtores de semente, o problema é ainda maior, porque o ataque de percevejos afeta o vigor da semente, o que impactará no estabelecimento adequado da futura lavoura.
Em particular, o controle do percevejo-marrom (Euschistus heros) tem sido feito principalmente com a utilização de produtos químicos e há vários casos de população da praga que apresentam elevada tolerância a alguns inseticidas. “São populações em que os inseticidas não conseguem controlar tão bem”, diz Roggia. Além disso, comparativamente com outras pragas, o percevejo-marrom ainda não tem disponíveis outras ferramentas como a biotecnologia e o controle biológico aplicado. Quando os percevejos tornam-se resistentes a produtos químicos, o risco de perda é grande. “Por isso, é importante termos cultivares tolerantes a esta praga como ferramenta para ser utilizada no manejo integrado dessa praga”, avalia.
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