Embrapa Instrumentação faz o primeiro repasse internacional de tecnologia patenteada

O desenvolvimento de uma tecnologia e sua transferência para o mercado não é um processo fácil e muito menos rápido. Transferir, então, uma tecnologia brasileira, de aplicação agrícola, para uma empresa internacional exige ainda mais esforços. Mas, pela primeira vez, a Embrapa registrou esse fato em sua história, ao repassar para a americana Irrometer Company Inc. o sensor conhecido como Tensiômetro de Diedro, um aparelho que ajuda a tornar o manejo da irrigação mais preciso e direto e, assim, aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável.

A transferência da tecnologia ocorreu no dia 16 de agosto de 2012, quando o contrato de Licenciamento para sua exploração foi assinado entre o presidente da empresa, Thomas Penning, e o chefe-geral da Embrapa Instrumentação (São Carlos -SP), Luiz Henrique Capparelli Mattoso. O Tensiômetro de Diedro já havia despertado o interesse de uma empresa nacional, a Tecnicer, de São Carlos (SP), para quem o aparelho também foi transferido.

O repasse sintetiza o esforço da área de Transferência de Tecnologia de levar para o mercado os conhecimentos e tecnologias gerados nos laboratórios da Embrapa Instrumentação para que a pesquisa básica possa ser transformada em produto e, assim, beneficiar a sociedade. Entre todos os estudos no desenvolvimento da pesquisa até se transformar num produto, o patenteamento e o repasse da tecnologia para a empresa americana foram mais de 10 anos de trabalho.

Para o pesquisador responsável pelo desenvolvimento do Sensor de Diedro, o repasse é um fato que enche de orgulho toda a equipe que vem trabalhando na operacionalização do aparelho. “É uma alegria muito grande, porque é um trabalho de vários anos e agora torcemos para que o desenvolvimento do produto chegue ao agricultor e traga mais benefícios”, afirma.

Mattoso disse que a colaboração com a Irrometer é extremamente importante, uma vez que o Brasil é líder como potência mundial em inovação para o campo. “Constatamos, pela busca de patentes, que essa tecnologia não existia em nenhum país do mundo, o que demonstra que não somos apenas líderes mundiais de conhecimento na área científica agrícola tropical, mas também no âmbito de patente e inovação de tecnologia”, comenta.

A Irrometer company Inc. tem sede na Califórnia (EUA) e representantes em vários outros países, sendo uma das líderes mundiais em equipamentos para manejo de água na agricultura. “O Tensiômetro de Diedro é a primeira tecnologia fora dos Estados Unidos que estamos recebendo para fabricação e comercialização”, afirmou o presidente da Irrometer, que terá 10 anos para explorar o sensor.

Saber quando e quanto irrigar é fundamental para a gestão e redução do consumo de água. Por isso, o desenvolvimento do Tensiômetro de Diedro é uma contribuição da ciência e da tecnologia para a economia e preservação dos recursos hídricos, uma vez que o sensor é mais preciso, direto, confiável, rápido e fácil de ser usado em instrumentos portáteis, além de poder ser utilizado no campo, em laboratório, casas de vegetação e em jardinagem.

Diedro é o ângulo formado por duas placas, que podem ser uma de vidro e outra de cerâmica ou ainda ambas de vidro ou ambas de cerâmica. O sensor mede a tensão, ou seja, a força com que a água está retida no solo, com faixa de medição sem paralelo no mercado e que não requer manutenção de funcionamento. Sua sensibilidade para medir ampla faixa de tensão de água no solo permite verificar o momento correto para irrigar, nos mais diversos tipos de solos e substratos.

A falta ou excesso de água no solo pode trazer implicações graves ao produtor. O pesquisador Adonai Gimenez Calbo explica que água demais pode levar à falta de oxigênio na raiz da planta e ainda causar doenças e, em caso de menor quantidade, a água pode ficar retida fortemente no solo e inibir o crescimento e reduzir a produtividade.

O sensor pode ser utilizado por produtores rurais, profissionais do ensino, profissionais da pesquisa e pelo público em geral e se destaca pela estabilidade, pela medição em uma escala ampla de tensões de água e por não demandar fonte de energia externa para funcionamento.