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A Embrapa completa 49 anos nesta terça-feira, 26 de abril, realizando transformações em sua estrutura, por meio do projeto Transforma Embrapa, e atuando fortemente para contribuir com soluções para a agricultura brasileira. Uma das ações mais recentes, programada no segundo semestre do ano passado, e agora evidenciada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, é a estratégia para a redução do impacto do alto custo dos fertilizantes. Trata-se da Caravana FertBrasil, que irá atender regiões de todo o Brasil oferecendo alternativas eficientes para qualificar a produção. “A ciência é sempre a principal resposta da Embrapa”, afirma Moretti, referindo-se à trajetoria de quase cinco décadas, construída a partir do investimento do Brasil em pesquisa e que elevou o país à categoria de um dos maiores players mundiais na produção de alimentos e referência científica no agro.
A solenidade de aniversário, que será composta pela apresentação dos resultados no Balanço Social da Empresa de 2021, da atualização do documento Visão 2030 (que traça tendências de futuro para o agro brasileiro), de lançamentos de novas soluções tecnológicas e de assinaturas de novas parcerias estratégicas, será realizada na tarde do dia 27 de abril, na sede da Embrapa, em Brasília, com a presença de autoridades governamentais, parlamentares, lideranças de instituições do agro nacional e parceiros.
Hoje, para o Brasil, o contexto em que a Empresa de quase cinco décadas se insere é ainda mais estratégico – e não só para a economia de agora, considerando-se a participação do agro de 27,4% no PIB brasileiro, mas para o que está por vir. No caso dos fertilizantes, por exemplo, Celso Moretti diz que é possível aumentar a eficiência de 60% para até 70% ainda este ano, gerando uma economia de 1 bilhão de dólares para a agricultura brasileira, a partir do uso racional. “Associado a isso, há um conjunto de tecnologias que podem contribuir com a redução da dependência da importação de fertilizantes, a exemplo do biofertilizante BiomaPhos, que atua sobre o fósforo que está no solo e o deixa disponível para a planta, reduzindo o uso de fosfato e adubo”, explica.
Segundo Moretti, a expectativa é a de que até 2030, com o avanço da adoção de fontes alternativas de fertilizantes, a necessidade de importação possa cair em 25%, ou seja 10 milhões de toneladas. A importação brasileira atualmente é de 43 milhões de toneladas.
Ainda no cenário que marca a passagem do aniversário de 49 anos da Empresa está a perspectiva de que a ciência possa apoiar no processo de autosuficiência interna do abastecimento de trigo, um dos produtos mais essenciais na produção dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro, como o indispensável pãozinho do café da manhã. “Já conseguimos desenvolver aqui o trigo que não é produzido em nenhuma outra região tropical”, comemora o presidente. Da demanda anual brasileira de 12,5 milhões de toneladas, ele lembra que foram produzidas 7,5 milhões e que o restante pode ser compensado com a utilização de áreas do cerrado, graças à tecnologia da Embrapa. Atualmente, no Cerrado 200 mil hectares já estão ocupados por cultivos de trigo tropical. “Além do mercado interno, ainda podemos ajudar a reduzir a fome em outros países do mundo”, completa.
Para Moretti, as boas perspectivas que a pesquisa da Embrapa está trazendo para o País com o desenvolvimento do trigo também nas áreas de cerrado em Roraima serão decisivas para o agro nacional. “As pesquisas são realizadas desde 2012, mas os avanços dos últimos três anos estão alterando o setor produtivo”, afirma, referindo-se aos recentes testes com três materiais para a região, que já revelaram o potencial de cultivo, principalmente no tamanho do ciclo até a colheita, de apenas 66 dias, e a produtividade de três toneladas por hectare, possibilitando a produção de duas safras de trigo no inverno. “Com a pesquisa, a Embrapa tem cumprido o seu papel, que vai contribuir para que o Brasil seja mais do que autossuficiente em trigo”, afirma. “Já mapeamos o cerrado e temos disponibilidade de mais dois milhões de hectares de área consolidada para cultivo, que vão possibilitar que seja triplicada a produção atual, elevando o Brasil à categoria de um dos dez maiores exportadores de trigo do mundo”, garante.
Entre as principais defesas do presidente, no que diz respeito à imagem brasileira dentro e fora do país, a questão da sustentabilidade do agro nacional é uma prioridade. “É preciso reforçar e comunicar melhor o que realmente está sendo feito e os resultados desse esforço para que o mundo compreenda que o Brasil sempre buscou conciliar as atividades produtivas do agro com a preservação ambiental”, diz.
Ao completar quase meio século de pesquisas, ele lembra os destaques da contribuição da Embrapa que têm chamado a atenção em fóruns científicos estrangeiros. “Os Sistemas Agroflorestais (SAF) e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantio direto, manejo integrado de pragas (MIP), fixação biológica de nitrogênio (FBN) e recuperação de pastagens são apenas algumas das tecnologias que temos apresentado e repercutido no exterior”, comenta. Em novembro do ano passado, Moretti participou de duas semanas de painéis e mesas redondas com representações mundiais, durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), em Glascow, Escócia, durante os quais teve a oportunidade de reforçar a sustentabilidade da ciência brasileira.
Na trajetória da Embrapa, não faltam relatos de impactos positivos na economia, no meio ambiente e na mesa do brasileiro. Se hoje o Brasil se posiciona na liderança do mercado internacional de forrageiras, a marca da Empresa está presente: 90% da área plantada em todo território nacional usa variedades da Embrapa, adotadas em mais de 64 milhões de hectares, beneficiando mais de 44 milhões de cabeças de gado. A tecnologia e a inovação em clonagem, o maior banco genético da América Latina, as pesquisas na área de melhoramento genético, o potencial da Carne Carbono Neutro, o agro digital e a agricultura de precisão, o incentivo ao desenvolvimento de startups e o desenvolvimento de softwares e aplicativos móveis já se tornaram referência no meio científico internacional e têm motivado o interesse de parceiros na Europa, Estados Unidos, Canadá, países do Oriente Médio e África.
O presidente destaca ter sido possível escrever boa parte dessa história graças às parcerias: “Ao longo da história, mantivemos cooperação com universidades, instituições de pesquisa e diferentes segmentos do setor produtivo, como cooperativas e associações de produtores, que se somaram aos esforços para que tantas entregas à sociedade fossem possíveis”, comenta. A cada ano, a empresa assina em médica 86 novos convênios e contratos com parceiros nacionais e internacionais, além de executar contratos firmados em anos anteriores.
“Nem mesmo durante a pandemia em que foi necessário adaptar todo o perfil de trabalho da Empresa, as metas foram comprometidas”, lembra o presidente, destacando a capacidade de adaptação e o esforço dos empregados na sede e em todas as Unidades Descentralizadas. Em 2021, 564 contratos foram executados voltados ao fomento à pesquisa e à prestação de serviços, com foco no compartilhamento de custos, na interação entre equipes e na aceleração da obtenção de resultados.
Dos destaques mais recentes da inovação na pesquisa agropecuária, o presidente citou o desenvolvimento do bioinsumo BiomaPhos, o bioinseticida Crystal e a sua eficiência no controle de lagartas, as novas cultivares de seringueira, soja, guaraná, mandioca, algodão, trigo e arroz irrigado, a Cana Flex I e II, primeiras canas editadas geneticamente consideradas não-transgênicas, que facilitam a fabricação de etanol (de primeira e segunda geração) e a extração de outros bioprodutos. A pesquisa com o café robusta, que agrega valor e promove transformação social na Amazônia, a plataforma Aquaplus, reunião de tecnologias de soluções inovadoras para produtores e empresários voltadas à melhoria de manejo e genética de espécies aquícolas, o banco ativo de germoplasma de peixes nativos do Brasil e ainda as cultivares que mais geraram royalties para a Embrapa (BRS Piatã, BRS Zuri, Soja BRS 284, Arroz BRS Pampa CL e Trigo BRS 264) também entraram para o rol de resultados de maior impacto para o agro nacional.
Enquanto busca contribuir com a superação dos desafios da atualidade, internamente a Embrapa está envolvida com a implantação de um novo modelo operacional dentro da organização. “A proposta do projeto Transforma Embrapa é fazer com que a empresa se modernize, tenha mais agilidade e efetividade no desenvolvimento de suas metas, com equipes mais produtivas e eficientes, com redução de custos”, explica Celso Moretti. Resultado do trabalho da consultoria Falconi, por iniciativa Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com apoio da CNA, OCB, Sebrae e Funarbe, o projeto visa impulsionar as áreas de inovação e negócios, gestão de pessoas, governança e transformação digital.
A nova estrutura prevê a substituição de cinco secretarias pelas diretorias de Pessoas, Serviços e Finanças; de Governança e Gestão; de Negócios; e de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. “A previsão é a de que a partir do novo desenho institucional haja uma redução de gastos da ordem de R$ 222 milhões por ano, a curto, médio e longo prazos, desde as despesas correntes até a centralização de processos corporativos e otimização do quadro. “Apenas com a eliminação das Secretarias e criação de uma Diretoria, a estimativa de economia será de R$ 1 milhão por ano”, comenta Moretti, ao definir a nova estratégia como parte do amadurecimento da gestão da Empresa.
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