Embrapa Cerrados discute futuro da pesquisa de solos

A pesquisa de solos, atividade essencial para o país elevar a produtividade agropecuária sem aumento da fronteira agrícola, será tema de evento promovido pela Embrapa Cerrados (Planaltina/DF) segunda e terça-feira (08 e 09/06).

Os participantes do workshop, no auditório Wenceslau Goedert (Embrapa Cerrados), irão debater o tema "Levantamento, caracterização e manejo dos solos: passado, presente e futuro da pesquisa na Embrapa Cerrados".

A Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa teve como primeiro desafio, ainda nos anos 1970, tornar os solos do Cerrado produtivos. Nas últimas quatro décadas, a produtividade de grãos mais do que duplicou na região e o Cerrado responde também por 55% da produção brasileira de carne, mas cresce igualmente a necessidade de produzir alimentos sem desmatar áreas nativas.

Uso de plantas de cobertura, conservação do solo e da água, calagem em sistemas de plantio direto e manejo de fertilizantes para aumentar a eficiência do uso do fósforo são algumas das linhas de pesquisa que contribuem para uma produção mais sustentável e serão debatidas no encontro.

O pesquisador Fernando Macena, chefe de pesquisa da Embrapa Cerrados, explica que o workshop abordará as principais contribuições alcançadas pela Unidade, avaliará as pesquisas em andamento e também servirá para definir prioridades de pesquisa com relação à atuação futura da instituição em pesquisa de solos.

Para o agrônomo Djalma Martinhão, um dos pioneiros na pesquisa de solos do Cerrado, o ponto de partida das pesquisas de solo são a correção de acidez e o fósforo, presente em baixo teor nos solos do Cerrado e limitante da produção agrícola. Martinhão estima que as reservas mundiais de fósforo, recurso natural não renovável, duram mais 350 anos. A palestra do pesquisador sobre adubação fosfatada está prevista para terça-feira às 8h30.

Segundo Martinhão, identificar e obter plantas mais eficientes no uso do fósforo, reconhecer a dinâmica do fósforo no sistema de plantio direto e identificar parâmetros biológicos do solo que auxiliem avaliar a disponibilidade do fósforo para as plantas são alguns dos desafios da pesquisa.

Sobre a acidez dos solos, o pesquisador da Embrapa Cerrados avalia que é preciso ir além do tradicional estudo da camada superficial de 20 cm do solo. "É preciso expandir para 40 cm, no mínimo". Estudar a calagem do sistema de plantio direto, ampliar estudos de gesso em solos arenosos e avaliar a reatividade do gesso mineral são outros temas apontados por Martinhão como necessários para a evolução da pesquisa em solos.

Gustavo Porpino

Embrapa Cerrados