Embrapa anuncia empresas parceiras na criação do primeiro laboratório vivo do agro brasileiro

A iniciativa, caracterizada por aliar o conhecimento científico ao empreendedorismo na geração de soluções digitais e sustentáveis para a agricultura nacional, segue um modelo de governança público-privada

27.04.2022 | 17:53 (UTC -3)
Embrapa

Banco do Brasil, Bayer, Nutrien Soluções Agrícolas e Jacto são as empresas parceiras da Embrapa e co-fundadoras do AgNest, “o primeiro laboratório vivo de fomento à inovação para o setor agropecuário do Brasil (leaving lab)”, anunciou o Presidente da Empresa, Celso Moretti, em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (27/04). As quatro empresas vão compor, com a empresa pública, o conselho gestor do hub de inovação. Instalado em uma fazenda de 60 hectares em Jaguariúna (SP), junto a um dos centros de pesquisa da Embrapa, o AgNest recebeu financiamento dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

A iniciativa, caracterizada por aliar o conhecimento científico ao empreendedorismo na geração de soluções digitais e sustentáveis para a agricultura nacional, segue um modelo de governança público-privada que tem a Embrapa como instituição âncora em PD&I. Um dos diferenciais do AgNest será a disponibilidade de conectividade em toda a fazenda, com tecnologias comerciais e em desenvolvimento, ambiente perfeito para o avanço da agricultura digital. Oferece infraestrutura completa para o desenvolvimento de soluções que envolvem três vertentes: experimentação em campo, agricultura digital e a sustentabilidade da agropecuária.

O AgNest possui estrutura predial para escritórios, smart lab, espaço maker e áreas de coworking para interação, colaboração e eventos, área de campo e apoio, onde as startups poderão desenvolver, testar, validar e demonstrar novas tecnologias, desde as fases de ideação à atuação comercial, em um ambiente rural totalmente conectado e estrategicamente posicionado no ecossistema de inovação do interior paulista. Está inserido no Corredor de Inovação Agropecuária do Estado de São Paulo, ecossistema de inovação agropecuária que abrange o eixo formado pelos municípios de Campinas, Jaguariúna, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto. As obras estão em fase final de execução, com previsão de término em julho de 2022.

Lucro Social de R$ 1,2 trilhão nos últimos 25 anos

O presidente anunciou também os dados do Balanço Social da Embrapa que, em 2022, ganha uma edição especial comemorativa de 25 anos. Em 2021, cada 1 real aplicado na Embrapa gerou R$ 23,38 para a sociedade brasileira, um retorno superior a 23 vezes o total investido. O lucro social da Empresa foi de R$ 81,56 bilhões o que, nas palavras de Celso Moretti, “demonstra para a sociedade o impacto significativo da atuação da empresa para o Brasil, sobretudo em 2021, ano ainda marcado pela pandemia de Covid-19”.

Ao abordar o lucro social da Embrapa nos últimos 25 anos (R$ 1,2 trilhão), Moretti mencionou as três soluções da Embrapa com contribuições mais expressivas para esse montante: a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), que trouxe um lucro social da ordem de 240 bilhões de reais. Ou seja, sem a descoberta dessa técnica aprimorada pela Embrapa e seus parceiros, o Brasil teria gasto R$ 240 bilhões em 25 anos com a compra de adubos nitrogenados, além de ter aumentado significativamente a emissão de CO2 equivalente para a atmosfera. Na mesma linha, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) possibilitou economia da ordem de R$123 bilhões e a cultivar BRS Marandu, amplamente disseminada entre os pecuaristas de todo o país, representou R$105 bilhões de reais em lucro social para a sociedade e em economia para para o setor agro.

Segundo o Balanço Social Especial de 25 anos, o retorno anual da Embrapa para a sociedade nesse período foi cerca de 12 vezes os recursos públicos investidos na empresa.  

Lançamentos

Ao falar dos lançamentos tecnológicos de destaque por ocasião do aniversário da Embrapa, Moretti informou, em primeira mão, as projeções de crescimento significativo na produção de trigo no Brasil em 2022, da ordem de 13%, tanto em área quanto em volume de produção. “Vamos passar de 2,7 milhões de ha para 3,1 milhões de ha e de 7,5 para 8,5 milhões de toneladas produzidas esse ano”.

A cultivar de trigo BRS Tarumaxi, recomendada para o RS e SC, é um dos lançamentos tecnológicos anunciados no aniversário de 49 anos da Embrapa. 

Conheça os detalhes desse e dos outros lançamentos tecnológicos: 

 Cultivar de trigo BRS Tarumaxi

• BRS Integra, a Brachiaria ruzizienses para sistemas ILPF

• Primeiras cultivares de soja da Embrapa com tecnologia Xtend®

• Plataforma Caatinga: plataforma de inteligência e análise de dados

• Tilaplus: novo teste genômico auxilia criadores de tilápia a melhorar a produção

 Clones de Cupuaçuzeiro resistentes à vassoura de bruxa

Visão do Agro Brasileiro

Encerrando a coletiva, Celso Moretti anunciou o lançamento da Plataforma Visão de Futuro do Agro Brasileiro que consolida sinais e tendências do setor, apontando os principais desafios em cada uma das oito megatendências identificadas ao final de um grande trabalho de inteligência estratégica. “Essa Visão é fruto do esforço de mais de 300 especialistas e lideranças do agro nacional, da análise de mais de 120 documentos e de discussões ocorridas em mais de 30 eventos nacionais e internacionais”, destacou o presidente da Embrapa que, na sequência, explicou melhor três das oito megatendências, explicitando a vinculação delas com a atuação da Empresa: biorevolução, agricultura digital e crescimento dos sistemas integrados.

Em função da crescente demanda por sustentabilidade em todas as áreas de atuação humana, a biorevolução refere-se ao fato de o mundo estar, cada vez mais, instado a promover uma economia de base biológica. A sustentabilidade tornou-se, na verdade, uma premissa. "Nessa linha, a Embrapa vem investindo fortemente no desenvolvimento de bioinsumos. Prova disso é o BiomaPhos, lançado em 2019”, lembrou Moretti. O produto à base de bactérias permite que plantas captem o fósforo acumulado no solo diminuindoo uso de fertilizantes principalmente nas culturas de milho e soja.

As soluções que a Embrapa desenvolve desde a década de 1990 ganham destaque especial neste momento em que Rússia e Ucrânia, maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil, estão envolvidas em um conflito que evidencia o risco da alta dependência do Brasil da importação desses insumos. Além disso, Moretti lembrou da Caravana FertBrasil, ação integrante do Plano Nacional de Fertilizantes, coordenada pela Embrapa. O foco da caravana é na disseminação do conhecimento de fertilizantes a fim de ampliar, entre 10 e 20%, a eficiência do uso desses insumos pelos produtores brasileiros. "Isso pode representar entre 1 e 2 bilhões de reais em economia para o Brasil só neste ano", segundo Celso Moretti.

A consolidação do AgNest mencionado no início da entrevista é o exemplo mais recente da atuação da Embrapa no enfrentamento dos desafios apontados pela megatendência Agricultura Digital. O uso de drones, inteligência artificial, IoT e outros recursos digitais foi ainda mais intensificado durante a pandemia, inclusive no setor agro. “O AgNest será um grande catalisador para o empreendedorismo do agro, fomentador de startups, enfim, um verdadeiro ninho de boas ideias como sugere o próprio nome”, reforçou o presidente da Embrapa. Ele lembrou, no entanto, que o Brasil precisa responder ao grande desafio de ampliar a conectividades no meio rural pois, hoje, 73% das propriedades são carentes de conectividade.

Por fim, ao abordar a megatendência de crescimento dos sistemas integrados, Moretti lembrou das contribuições dos sistemas ILPF para uma agricultura sustentável e descartonizante, capaz de produzir alimento, fibras e bioenergia. Movida a ciência, a agricultura brasileira seguirá contribuindo para garantir a segurança alimentar do Brasil e do mundo acredita Celso Moretti.

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