Diagnose assertiva de nematoide no algodão evita prejuízos

Pesquisadora da Fundação MT orientará produtores durante dia de campo que a instituição realizará nos dias 1 e 2 de junho, em Sapezal

30.05.2023 | 08:04 (UTC -3)
Kassiana Bonissoni
Sintoma de "Meloidogyne incognita" na folha do algodão
Sintoma de "Meloidogyne incognita" na folha do algodão

Assim como acontece em outras culturas, os nematoides geram muita dor de cabeça também para os cotonicultores. É possível amargar muitos prejuízos por conta desses vermes tão pequenos, mas que podem reduzir drasticamente a produtividade da lavoura. Para falar sobre esse e outros assuntos, a Fundação MT realiza nos dias 1 e 2 de junho, em Sapezal a segunda etapa do Fundação MT em Campo 2ª Safra.

A nematologista e pesquisadora da instituição, Juliana Oliveira, esclarece que estes vermes além de causarem uma ação espoliativa, que ocorre quando um parasita se alimenta dos nutrientes metabolizados pela planta, ainda promove oportunidades a outros patógenos de também interferir no desenvolvimento. “As injúrias provocadas por eles podem servir como porta de entrada para patógenos oportunistas presentes no solo, que debilitam ainda mais a cultura”, alerta.

As principais espécies que acometem o algodão são Pratylenchus brachyurus, Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Aphelenchoides besseyi. E essa variedade de nematoides é um dos pontos que mais atrapalham na hora de controlá-los. “O primeiro passo para um bom manejo de nematoide é saber qual ou quais espécies o produtor tem em sua propriedade, sem essa informação não é possível adequar as medidas necessárias a serem tomadas, a fim de minimizar os danos causados por estes agentes”, comenta a pesquisadora.

É neste momento que entra a diagnose assertiva do problema, com a análise nematológica que é importante por dois motivos. O primeiro deles, de acordo com a especialista, é o de monitorar a área em que há indícios de infestação e, o segundo, o de conhecer as suas áreas em relação à presença de fitonematoides.

“Aliado a isso, antes de realizar a amostragem precisamos levar em consideração o histórico de cultivo e de cultivares, o tipo de solo e a umidade em que este se encontra. Também orientamos que as amostras devem ser coletadas de preferência no ciclo anterior a um novo plantio, no período de florescimento da cultura ou o mais próximo dele”, aponta a pesquisadora.

Outra dica de Juliana é se atentar para que na ocasião da coleta o solo esteja com teor de umidade natural, evitando condições de encharcamento ou de ressecamento excessivo, e, “nunca se deve adicionar água ao volume de solo coletado”.

Amostragem certeira

Para que a análise seja assertiva é necessário também, segundo a pesquisadora da Fundação MT, que haja cautela com alguns detalhes. Por exemplo, para a maioria dos nematoides, deve-se coletar solo e raízes, no entanto, para o nematoide Aphelenchoides besseyi o material a ser enviado ao laboratório são os e órgãos aéreos da planta.

“A profundidade para coleta deve ser de zero a 20 centímetros. Lembrando para que não se arranque as plantas a fim de não arrebentar as radicelas. Além disso, recomendamos que sejam feitas 15 subamostras a cada 30 hectares, para assim formar uma amostra composta”, pontua. Outras orientações são: coletar 30 gramas de raízes finas e ainda se certificar de que as raízes amostradas sejam mesmo do algodão.

Armazenagem das amostras merece atenção

Depois de coletadas, é preciso atenção com a armazenagem e transporte. As subamostras devem ser depositadas em um balde grande e bem misturadas, de modo a formar uma amostra composta, realmente representativa da área. “As amostras de solo e de raízes devem ser acondicionadas juntas, na mesma embalagem. Para guardar utilize sacos plásticos e lembrar sempre de mantê-las em ambiente refrigerado, nunca em congelador ou freezer”, cita a nematologista.

É fundamental também não esquecer de enviar os materiais ao laboratório o mais rápido possível, etiquetado e com o maior número de informações. “Evite o aquecimento das amostras e exposição direta ao sol. O ideal é utilizar caixas térmicas de isopor”, finaliza.

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