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Trigo, aveia, triticale, centeio, cevada, azevém, trevo. Estas são as pastagens de inverno mais utilizadas pelo produtor na agropecuária da Região Sul. A avaliação das diversas opções de forragem reuniu mais de 800 pessoas no dia 7 de agosto, no Dia de Campo Integração Lavoura-Pecuária, que aconteceu em Boa Vista das Missões, no Rio Grande do Sul.
A aveia preta é uma das principais culturas de inverno no Rio Grande Sul, onde ocupa anualmente mais de 2 milhões de hectares para cobertura do solo ou na integração-lavoura-pecuária. Contudo, há muitos anos a aveia preta vem sustentando a produção de pastagens e o uso continuado deste cereal tem resultado num aumento na incidência de doenças, como a ferrugem, por exemplo. De acordo com a Embrapa Trigo, o uso de outros cereais de inverno conta com apoio tecnológico da pesquisa, seja em propriedades voltadas para a produção de grãos, em que é parte relevante do sistema plantio direto, seja em propriedades com pecuária leiteira ou de corte, possibilitando a oferta de pasto de qualidade durante o inverno. O uso do trigo como cereal de duplo propósito foi apresentado pela Embrapa no dia de campo, como uma alternativa na integração lavoura-pecuária, servindo tanto ao pastejo, quanto substituindo de 10 a 20% do milho na composição de rações. A aveia branca como opção foi apresentada pela Agrobom como um investimento de maior custo, mas de retorno garantido na rápida formação da pastagem e valor nutricional superior.
Para os profissionais da Embrapa Trigo, Evandro Lampert, Giovani Faé e Henrique Pereira dos Santos, o diferencial no planejamento forrageiro não está na escolha do material, mas no manejo das pastagens. “Para garantir um pasto de qualidade é preciso avaliar a altura das plantas, com folhas novas e abundantes. O momento de retirar o gado do piquete também vai interferir no planejamento, enquanto que um pasto rapado não vai rebrotar a tempo de permitir um segundo ou terceiro pastejo. Da mesma forma a entrada do rebanho após vários dias de chuva vai comprometer o piquete, reduzindo o pasto e compactando o solo”, explica Lampert.
Os especialistas ensinam uma dica simples para avaliar a qualidade da alimentação no pasto: “Para ver se o animal está bem alimentado, observe o piquete lá pelas 16 horas e veja como o boi está se comportando: se ele estiver deitado, é porque está satisfeito, digerindo o alimento; mas se o animal estiver agitado, caminhando pelo piquete, é porque faltou comida”, orienta o representante da Sementes Van Ass, Mário Galas.
De acordo com os pesquisadores João Carlos Oliveira e Sérgio Juchem, da Embrapa Pecuária Sul, entre 40 e 60% do custo do leite está na alimentação das vacas. O feno e a silagem chegam a custar o dobro da alimentação com pastagens, enquanto que a alimentação a base de grãos torna o custo de produção quatro vezes maior. “O retorno na produção animal vem da pastagem bem manejada. O produtor precisa saber explorar o potencial produtivo de cada forragem para fazer a melhor escolha”, afirma Juchem.
O produtor Ivonei Librelotto, anfitrião do evento, preferiu mostrar os resultados no manejo do pasto ao invés de falar sobre o assunto. No campo foi apresentado um ensaio de ganho de peso com a utilização do trigo BRS Tarumã, onde animais destinados ao corte resultaram num ganho de 1,47 kg por animal/dia. A expectativa ainda é colher 40 sacos de grãos após dois pastejos. Num cálculo simples, considerando o preço do boi vivo a R$ 3,50 o produtor já registra um ganho com pastejo semelhante a 80 sacos de trigo. “É uma colheita antecipada que garante a rentabilidade do produtor através do ganho na carne, não dependendo das oscilações do clima e do mercado até a colheita dos grãos”, esclarece o analista da Embrapa Trigo, Giovani Faé.
Além dos cuidados com a alimentação, o produtor precisa ficar atento aos fatores que interferem no bem-estar dos animais e no consumo de alimentos e água como umidade, instalações, manejo e intempéries. Os agrônomos da Emater/RS – Ascar, Vilson Nadin e Ana Clara Viana, explicam que a temperatura ideal para o gado leiteiro, a chamada zona de conforto, é entre 0,5ºC e 25ºC, acima disso os animais começam a sofre estresse calórico. "Entre 26ºC e 32ºC a respiração dos animais passa a ser rápida, com sudorese abundante e redução em 10% do consumo de alimentos. Se a temperatura passar dos 32ºC os animais enfrentam uma elevação da temperatura corporal e o consumo de alimentos tem uma redução de 25%, o que afeta diretamente na produção leiteira", explicou o agrônomo Vilson Nadin.
Outra observação dos agrônomos foi com a relação à temperatura do rumem (sistema digestivo do gado) em relação à temperatura da água ingerida. Eles ressaltaram que o rumem está a uma temperatura entre 38ºC e 42ºC e o recomendado é que o animal consuma água a uma temperatura de 25ºC a 30ºC, visando não atrapalhar o processo de ruminação. "O gado leiteiro gosta de sombra e água morda", brincou Nadin.
Entre as medidas que podem contribuir com o bem-estar dos animais está a presença de sombra, por meio da formação de bosques ou implantação do sistema agrosilvopastoril; a disponibilidade de água em quantidade e qualidade; ambientes ventilados, em especial na sala de ordenha e manejo de pastagens, com a possibilidade de oferecer aos animais pastejos noturnos.
Atento a todo o conhecimento disponível, o produtor Ari Busanello é modelo na adoção de tecnologias para crescer na produção de leite que mantém a família com boa qualidade de vida há mais de 30 anos. A experiência foi apresentada no Dia de Campo, onde o rebanho de vacas holandesas em lactação atraia o público até a estação. A média de produção de leite no Brasil é de 7 litros/vaca/dia. Com o uso de cereais e bom manejo das pastagens, os pesquisadores avaliam um potencial de 20 litros/vaca/dia. Mas na propriedade do Ari Busanello a média chega a 34 litros/vaca/dia. O segredo do produtor é o equilíbrio na dieta nutricional, aliado ao melhoramento constante do rebanho e o conforto dos animais. Na alimentação, as vacas recebem 56% de volumoso (pastejo de trigo), além do tratamento no cocho com 40 kg de trigo, 20 kg de milho, 9 kg de resíduo de cevada e 8 kg de ração concentrada (milho, triticale e farelo de soja). Com um intervalo de parto de 14 meses, o produtor depende da manutenção eficiente das instalações, reduzindo custos com a coleta da água da chuva - sempre disponível ao rebanho - e um secador solar que permite o acompanhamento do valor nutricional do alimento que vai para o cocho. Ao final dos dois pastejos no trigo BRS Tarumã, Ari Busanello ainda espera colher mais de 60 sacos de grãos, a exemplo do resultado alcançado em 2010.
Para a estudante da Escola Agrícola de Palmeira das Missões, Carine Meler, de 18 anos, o Dia de Campo foi um complemento para o que foi visto e estudado em sala de aula. "Abordou exatamente o que temos aprendemos na teoria, é uma base técnica importante. O que mais me chamou a atenção foi o consorciamento entre gramíneas e leguminosas, visando à fixação de nitrogênio no solo", frisou.
- Embrapa Trigo
- Assessoria de Comunicação da Emater/RS-Ascar – Regional de Passo Fundo
- Embrapa Pecuária Sul
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