Curitiba (PR) vai sediar próxima edição do evento nacional HortPANC

​A cidade de Curitiba (PR) foi escolhida como sede da 3ª edição do Encontro Nacional de Hortaliças Não Convencionais (HortPANC), que tem realização prevista para outubro do próximo ano

08.10.2018 | 20:59 (UTC -3)
Paula Rodrigues

A cidade de Curitiba foi escolhida como sede da 3ª edição do Encontro Nacional de Hortaliças Não Convencionais (HortPANC), que tem realização prevista para outubro do próximo ano. A escolha da capital paranaense leva em consideração o momento atual da cidade que, no último mês de setembro, aprovou uma lei favorável à agricultura urbana, que regulamenta e incentiva a produção de alimentos na cidade, em espaços como praças e canteiros em calçadas.

“As hortaliças que fazem parte das plantas alimentícias não convencionais, chamadas de PANC, dialogam muito bem com questões importantes como segurança alimentar, biodiversidade e produção local de alimentos, que estão sendo tratadas pelo poder público e pela população curitibana”, comenta o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças, ao pontuar que a pesquisa agrícola tem trabalhado para definir os melhores sistemas de cultivo dessas espécies.

Para Cláudio Oliver, coordenador-geral da Associação Casa da Videira, uma OSCIP de Curitiba/SP, a lei de agricultura urbana foi um passo importante para ampliar as fontes de abastecimento de alimentos para a cidade. Segundo ele, outra lei aprovada em maio de 2018, que instituiu o plano municipal de segurança alimentar, também contribuiu para a ampliação do conceito de fontes de alimentos, resgatando e incluindo nas possibilidades o universo das PANC.

“Nesse momento, em Curitiba, existe todo um movimento de hortas comunitárias, de diálogo entre atores de campos distintos da Agricultura Urbana, de cozinheiros interessados em ampliar seus cardápios, de revendedores de hortifrúti interessados em ampliar sua oferta de alimentos e de escolas interessadas em novas possibilidades para suas hortas”, pondera Oliver.

As hortaliças PANC encaixam-se bem dentro desse movimento, já que além de saborosas e nutritivas, elas são espécies rústicas e bem adaptadas, que exigem poucos insumos e, por isso, podem ser boas opções de cultivo especialmente para agricultores familiares e agricultores urbanos. “Elas apresentam um grande potencial, tanto do ponto de vista agronômico quanto culinário, apesar de pouco exploradas comercialmente. São espécies que se alinham com a proposta de quintais produtivos”, avalia o pesquisador Nuno Madeira.

No Paraná, entre as espécies de hortaliças PANC mais plantadas ou consumidas estão o ora-pro-nóbis, o caruru, a capuchinha e especiarias japonesas como nirá, shissô e mitsubá. “Mas, por aqui, o peixinho tem sido o campeão disparado do interesse regional”, ressalta Oliver, ao mencionar que, entre essas espécies que caíram no esquecimento, apesar de fazerem parte de um passado não muito distante e da tradição alimentar da cidade, há frutas PANC como butiá, jerivá e araçá.

Programação para 2019 

A realização do evento em outubro do próximo ano deve estar vinculada às comemorações municipais do Dia Mundial da Alimentação, instituído pela FAO e celebrado dia 16 desse mês. “Pretendemos reunir pessoas de diversas partes do país para conhecerem o que temos feito e pretendemos fazer na cidade unindo poder público, ativismo, produtores tradicionais e academia”, destaca Oliver.

A terceira edição do HortPANC trará consigo, pela primeira vez, um espaço para a exposição de pôsteres sobre ações e pesquisas com as hortaliças não convencionais. Além disso, a comissão organizadora prevê o desdobramento do evento em quatro eixos: (1) os aspectos agronômicos das PANC; (2) a culinária tradicional aliada à expertise de cozinheiros tradicionais; (3) as pesquisas na área de Nutrição Funcional; e (4) os aspectos econômicos da inclusão das PANC.

“No entanto, o mais importante no evento será a centralidade dos agricultores no processo. Estamos preparando algumas inovações com a esperança de que eles sejam os personagens centrais do evento do ano que vem”, adianta Oliver ao concluir que a expectativa é utilizar a tradição de Curitiba em inovar para se criar uma plataforma de divulgação e resgate das PANC em nossas mesas.

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