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O Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC) considera insuficientes as medidas anunciadas recentemente pelo Governo Federal para enfrentar a crise que atinge o setor orizícola. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, no fim de outubro, a compra de 137 mil toneladas de arroz, com limite de 189 toneladas por produtor, com o objetivo de garantir renda e conter a queda dos preços.
Para o setor industrial catarinense, porém, a ação tem efeito limitado. “Somos responsáveis por 10% do abastecimento nacional e geramos 50 mil empregos, mas não temos expectativa de melhora da crise. As indústrias estão se preparando para conceder férias coletivas e realizar manutenções internas até o fim do ano, tentando reduzir os impactos econômicos”, afirmou o presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli (na foto).
Segundo o vice-presidente do SindArroz-SC, Diogénes Mendes, a compra governamental pode aliviar a pressão de preços no curto prazo, mas mantém o estoque interno elevado. “A medida é válida como ação emergencial, mas não resolve o problema estrutural. O Governo deveria priorizar mecanismos de incentivo ao comércio exterior, abrindo espaço no mercado interno e equilibrando a oferta do cereal”, avalia.
De acordo com o sindicato, os sinais da crise começaram ainda no fim de 2024, com desaceleração das vendas e leve recuo nas cotações. A partir de fevereiro de 2025, os preços do arroz caíram semana após semana, chegando próximos de R$ 70 por saca, valor inferior ao custo médio de produção, estimado em R$ 75. Atualmente, a saca de 50 kg é vendida a cerca de R$ 55 em Santa Catarina.
A redução das margens e da competitividade atinge tanto produtores quanto indústrias, que enfrentam dificuldades para manter a operação em meio ao aumento de custos e à retração do mercado. Situação semelhante se repete em outros estados produtores do país.
Para o SindArroz-SC, escoar o excedente de arroz ao mercado externo é a alternativa mais eficaz para aliviar os estoques e recuperar preços. Programas como o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), já existentes no âmbito federal, são apontados como instrumentos mais adequados do que as compras internas realizadas pela Conab.
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Vanir Zanatta, reforça que o volume adquirido pelo governo é pequeno diante da alta oferta no Mercosul. “Comprar 100 ou 200 mil toneladas de arroz não altera o estoque de passagem. Seria necessário escoar mais de 1 milhão de toneladas ao comércio exterior para que o mercado se ajuste e os preços se aproximem do custo de produção”, destaca.
Na avaliação de Rampinelli, as exportações também são fundamentais para preservar a base da cadeia produtiva. “O custo de produção de arroz no Brasil é um dos mais altos do mundo, e os produtores estão vendendo abaixo do custo. É preciso investir em mecanismos de escoamento, caso contrário a cadeia ficará descapitalizada”, conclui.
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