Auditores agropecuários aceitam proposta de reestruturação e encerram mobilização
Denominada "Operação Reestruturação", o movimento dos auditores agropecuários teve inicio em janeiro deste ano e pedia melhores condições de trabalho
O cultivo de uvas para produção de vinhos finos está em expansão no estado. De acordo com levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), desde a safra de 2022, a colheita ultrapassa o volume de 2 mil toneladas da fruta por ano.
Para 2024, a produção deverá ser de aproximadamente 2,5 mil toneladas, a maior já registrada nos últimos dez anos. A área plantada em Minas é de 403 hectares, sendo que 66,5% deste total já estão produzindo. Os municípios com maior produção de uva destinada aos vinhos finos são: São Gonçalo do Sapucaí, Caldas e Andradas, todos na região Sul.
A produção de vinhos finos em Minas é feita basicamente com o uso de variedades de uvas importadas, como Syrah, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot. Embora a atividade seja considerada novidade para muita gente, Minas Gerais já conta com pelo menos 58 vinícolas.
Alguns desses empreendimentos vêm conquistando prêmios nacionais e internacionais, um reconhecimento da qualidade da bebida. É o caso da Vinícola Maria Maria, em Boa Esperança, no Sul do estado. Entre várias premiações, ela recebeu uma medalha de prata e outra de bronze, este ano, no concurso britânico International Wine Challenge, um dos mais renomados do mundo.
A vinícola Estrada Real, em Caldas, também no Sul de Minas, é outra que acumula prêmios. Entre eles, o de melhor vinho Syrah brasileiro na Wines of Brazil Awards de 2020.
De acordo com o coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, a produção de vinhos finos em Minas Gerais se diferencia do Sul do país porque é possível colher a uva durante o inverno em condições ideais para fabricar a bebida.
“Temos um inverno seco, com amplitude térmica acentuada entre o dia e a noite. Um clima que se assemelha ao do período da colheita da uva na França, grande produtora de vinho. Essas características permitem obter um brix adequado, que é o teor de açúcar da uva. No Sul do país, produzir vinho no inverno não é comum, porque a estação por lá tem temperaturas muito baixas e é úmida”, explica Deny Sanábio.
Outro fator fundamental para a produção do vinho de inverno em Minas é a técnica da dupla poda. Neste sistema, as plantas são podadas em julho e agosto, quando os cachos são retirados logo que começam a se desenvolver. Em janeiro, é feita uma nova poda. Desta vez, os cachos são mantidos até atingirem o ponto ideal de maturação. As duas podas anuais permitem a inversão do ciclo da videira, com o período de colheita da uva acontecendo no inverno.
O método, trazido da Europa, foi adaptado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). A prática começou a ser testada no início da década de 2000, quando o então pesquisador da empresa, Murillo de Albuquerque Regina, retornou de doutorado na França, onde avaliou que as condições necessárias para se produzir uvas sadias e aptas para a obtenção de vinhos finos eram bastante semelhantes às características do inverno na região do Sul de Minas.
Segundo Deny Sanábio, o estado já vem provando que produz vinhos de qualidade, mas ainda esbarra no pouco conhecimento da bebida pelos consumidores. “Ainda existe uma dificuldade de inserir os vinhos mineiros em pontos de venda e em cartas de restaurantes do país. Ou seja, a promoção desses vinhos ainda é um grande desafio e o trabalho de divulgação e marketing é essencial. Temos condições de clima e solo, uma técnica de produção bem adaptada e potencial para competir em qualidade com vinhos produzidos no Sul do país, no Chile e Argentina”, afirma.
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