Câmara da Citricultura do Rio Grande do Sul debate prejuízos no setor devido às fortes chuvas

Na região da Serra, cerca de 60 hectares de citros em Bento Gonçalves, de um total de 190, foram atingidos direta ou indiretamente

22.05.2024 | 17:03 (UTC -3)
Darlene Silveira
Foto: divulgação
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Para avaliar os impactos das chuvas e inundações que causaram prejuízos na cultura, representantes da Câmara Setorial da Citricultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) reuniram-se extraordinariamente hoje de forma on-line. O coordenador da Câmara e presidente da Associação Montenegrina de Fruticultores, Pedro Wollmann, conduziu os trabalhos, junto com o engenheiro agrônomo da Seapi Paulo Lipp. Estimativas da Emater/RS apontam perdas de mais de 50% na safra como um todo.

Wollmann disse que a região do Vale do Caí teve problemas de diferentes gravidades com as últimas chuvas que afetaram todo o Rio Grande do Sul. “Cerca de 80% dos citricultores foram atingidos diretamente e tiveram perda total ou parcial. Outro problema foram os citros precoces devido à alta umidade, o que acarretou uma perda de 70% nas variedades de bergamota Caí e Ponkan. Além dos tardios, que tiveram rachadura das frutas e doenças fúngicas devido também à umidade. Nunca se viu tamanho prejuízo na história da citricultura gaúcha”, definiu.

Na região da Serra, cerca de 60 hectares de citros em Bento Gonçalves, de um total de 190, foram atingidos direta ou indiretamente. Em Veranópolis, de 140 hectares, 33 foram afetados pelas chuvas.

O diretor técnico da Emater/RS, Luis Bohn, afirmou que a citricultura foi uma das culturas mais prejudicadas, com queda de frutas e desfolhamento, entre outros problemas. “A projeção de perda é de mais de 50% na safra”, acredita.

Um ponto quase unânime abordado foi a preocupação com a falta de mudas e o ingresso de mudas não autorizadas e sem controle de outros estados. “Essa é uma aflição dos produtores de Pareci Novo também, por causa do risco da entrada do greening no Rio Grande do Sul”, relatou o coordenador da Câmara de Citricultura do Vale do Caí, Ivan Streit. Wollmann, por sua vez, enfatizou que a fiscalização da Defesa Vegetal da Seapi deve ser intensificada. “Esse assunto será prioridade na Secretaria”, garantiu o diretor geral substituto, Clair Kuhn.

Preocupação destacada também pelo diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Seapi, Ricardo Felicetti. Ele afirmou que está para sair uma Instrução Normativa da Secretaria disciplinando a aquisição de mudas de citros de outros estados. “E gostaria de sugerir que qualquer aquisição seja endossada pela Seapi, para evitarmos o ingresso do greening e de outras doenças no Rio Grande do Sul”.

As instituições financeiras Sicredi, Banrisul e Banco do Brasil manifestaram amplo apoio aos produtores gaúchos, por meio da prorrogação de prazos e novos créditos rurais com juros subsidiados. Para alguns casos de perda quase total de safra, a Fetag está solicitando anistia do pagamento, principalmente para produtores do Vale do Caí que já tinham sofrido com as últimas duas enchentes de 2023 e estão, inclusive, renegociando financiamentos.

As instituições ficaram de encaminhar a regulamentação da Medida Provisória nº 1216, do Executivo Federal (Subvenção econômica para atendimento às áreas afetadas pelos eventos climáticos extremos localizados no Estado do Rio Grande do Sul), que prevê prorrogação de financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)  e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).

Outro pedido do setor é que o governo estadual apoie os produtores dos municípios mais atingidos com horas/máquina e doação de insumos. Foi solicitado ainda manter e ampliar o Programa de Recuperação de Solos que o governo já tinha oferecido devido às duas últimas enchentes.

As demandas serão encaminhadas ao secretário da Agricultura Giovani Feltes.

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