Corte do Fed e Selic estável trazem desafios ao agro

Valorização do real reduz custo de insumos, mas crédito caro limita investimentos e pressiona margens

18.09.2025 | 14:39 (UTC -3)
Leonardo Lopes

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, reduziu nesta semana sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, passando para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano, aplicando o primeiro corte em nove meses. Já no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% ao ano, reforçando uma postura conservadora diante de uma inflação ainda acima da meta.

Conservador diante de uma inflação ainda acima da meta, o Copom decidiu manter a Selic em 15% ao ano, em contraste com o corte de juros promovido pelo Fed. As decisões distintas devem movimentar o agronegócio brasileiro. 

Isabella Pliego (na foto), Analista de Inteligência e Estratégia da Biond Agro, avalia que os impactos para os produtores serão mistos. “A Selic elevada ajuda a manter o real valorizado e reduz o custo de insumos importados, mas ao mesmo tempo encarece o crédito rural, limitando investimentos, expansão e modernização da produção”, afirma. 

Além disso, a especialista destaca que a valorização da moeda brasileira diminui a atratividade das exportações,  já que cada dólar convertido resulta em menos receita em reais, comprimindo margens e afetando a competitividade do setor no mercado internacional. Contudo, os produtores podem aproveitar uma excelente janela estratégica. 

“Se o real se mantiver valorizado frente ao dólar, teremos folga para negociar melhores condições na compra de insumos importados, reduzir despesas logísticas e repensar prazos de financiamento interno. Mas é essencial acompanhar a rentabilidade das exportações; não basta produzir bem, é preciso garantir que o câmbio não absorva os ganhos de produtividade.”

Por fim, no mercado interno, as operações voltadas ao mercado interno, os efeitos tendem a ser neutros ou levemente positivos, já que os custos podem cair sem grandes alterações nos preços de venda.

“Quem conseguir equilibrar custos, se proteger do câmbio e planejar a longo prazo sairá em vantagem”, finaliza Isabella.

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