Cooperativa Capal inicia exportação de café para a comunidade europeia
Comercialização para outros países exigiu estudos e investimentos; meta para este ano é abranger a exportação para os Estados Unidos, Canadá e Ásia
20.03.2024 | 16:30 (UTC -3)
Capal Cooperativa Agroindustrial
A Capal Cooperativa Agroindustrial deu início à exportação do café para a comunidade europeia em janeiro deste ano. Dos 72 containers comercializados, até final de fevereiro, 20% foram destinados para os países da Alemanha, França e parte da Holanda. Cada container conta com 340 sacas cada um.
A exportação da matéria-prima, também conhecida como green coffee (café verde), termo em inglês utilizado pelos compradores internacionais, passa por um processo de segregação dos grãos e depois é destinado para as indústrias de fora. Em algumas semanas, a cooperativa estará preparada para atender o Canadá e os Estados Unidos.
O salto da comercialização para outros países se deu após uma longa caminhada de estudos e investimentos que começaram ainda em 2004, quando diversos motivos levaram à cooperativa a se preparar para entrar na comercialização do mercado interno, mais especificamente nos estados do Paraná e São Paulo.
Um desses motivos foram os movimentos dos próprios produtores associados que, com o passar do tempo, começaram a solicitar que a Capal participasse da comercialização assim como ela faz com os outros cereais (soja, milho, trigo e cevada).
Desafios
O coordenador da área de Negócios Café, Newton Openheimer Beraldo, lembra que a comercialização interna passou por várias tentativas devido à complexidade do café e por se tratar de uma realidade diferente dos outros cereais.
“O café é uma commodity cotada em bolsa onde temos muitas variações de qualidade e isso traz mais complexidade para a operação. No entanto, a solicitação dos cooperados entrou no Planejamento Estratégico da Capal de 2018 a 2022 e, através dessa solicitação dos cooperados, isso gerou uma demanda para a Diretoria Executiva de ter essa comercialização de café estruturada até o final de 2022”, lembrou.
A meta prevista no planejamento fez a cooperativa adquirir, no ano de 2019, uma unidade de café que já estava rodando, na cidade de Pinhalão (PR), onde uma empresa já realizava tal atividade, porém um pouco distinta do que a Capal pratica hoje.
Aumento da comercialização
Desde então, a comercialização interna passou das 70 mil sacas em 2020 para 120 mil sacas em 2021. O número de 2022 foi o mesmo em decorrência do comportamento de mercado e condições climáticas.
Já em 2023 houve um salto e a Capal fechou o ano com a comercialização de 580 mil sacas, abrangendo 80% das vendas em São Paulo e outros 20% foram destinados ao Paraná. Para 2024, a meta é aumentar a comercialização para 700 mil sacas.
Modelo Capal
Hoje, a Capal compra dos associados a bica corrida (frutos verdes do café, frutos cereja maduros e os frutos sobre maduros que já secaram na planta) que oferece padrões de cafés para o mercado e que atendem demandas tanto do mercado interno quanto externo.
“Através desse processo de aquisição de bicas, fazemos a segregação, padronizamos tudo isso e oferecemos para o mercado. Isso nos dá uma capacidade de aumento de volume, porque conseguimos através do nosso compromisso que é de manter a operação totalmente coberta sem nenhum tipo de posicionamento em relação ao mercado”, explica.
A venda desse padrão traz mais liquidez para a operação e fez com que a Capal começasse forte no mercado interno atendendo os exportadores com padrões já prontos. “Eles só pegavam o café adquirido de nós e levavam isso já pronto para o mercado externo. O aprendizado que tivemos com o mercado interno nos trouxe uma certa curiosidade do mercado externo, sabendo que nós estávamos sendo o ‘pulmão’ de muitos exportadores aqui, então resolvemos acessar o mercado externo com mais peso nesse ano com o direcionamento de padrões mais refinados”, disse.
Aumento da exportação
Em 2023, a cooperativa fez um protótipo para conhecer um pouco mais sobre os caminhos do mercado externo. “Já sabendo da nossa capacidade, nós avançamos”. Um dos objetivos da Capal para esse ano é retomar a exportação para o mercado asiático, um trabalho que começou no ano passado com o Taiwan.
“Acreditando no potencial do mercado de lá, estamos nos preparando para atender a Ásia como um todo, sabemos que existe uma série de licenças e documentações específicas. Isso leva um certo tempo. Já começamos nesse processo e acredito que, até o meio do ano, estaremos aptos a exportar para esses países”, garantiu.
Benefícios para o produtor
Para o coordenador, quanto melhor for a condição dos preços acessados, melhor será o repasse para o produtor. Pensando nisso, nos últimos cinco anos, a Capal vem realizando o mapeamento da qualidade de café produzido pelo cooperado que, segundo Newton, está aderindo cada vez mais.
“Realizamos um trabalho de desenvolvimento da qualidade e, nesse ano, pretendemos aumentar ainda mais através da capacitação do nosso time técnico para extrairmos a melhor qualidade possível e, dessa forma, o acesso ao mercado será cada vez mais interessante. Nosso papel no desenvolvimento da tecnologia, tanto de produtividade quanto qualidade produzida, vem cada vez mais forte porque existe uma ligação entre essas ações”.
Investimentos
Com o objetivo de ampliar a capacidade de recebimento da produção de café do estado de São Paulo, a Capal adquiriu três empresas de armazenamento no município de Piraju (SP). As três organizações, Piraju Armazéns Ltda, Pro Advanced Ltda e IBL Indústria Luso do Brasil Ltda, juntas detêm um armazém de 2,4 mil m², com capacidade para estocagem de 55 mil sacas de café, além de fábrica de ração e escritórios.
As negociações iniciaram no final de 2022 e, em novembro de 2023, a cooperativa assumiu definitivamente as instalações. A estrutura é quase quatro vezes maior se comparada à unidade de Pinhalão (PR) e que tem capacidade de armazenagem para 15 mil sacas de café. Com a nova aquisição, a Cooperativa conta agora com 21 unidades.
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