Cooperação para etanol será tema de visita presidencial à Índia

​Representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e de empresas do setor sucroenergético vão compor a missão brasileira à Índia

17.01.2020 | 20:59 (UTC -3)
Annamaria Bonanomi

Representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e de empresas do setor sucroenergético vão compor a missão brasileira à Índia entre os dias 23 e 27 de janeiro, em Nova Déli. O Presidente Jair Bolsonaro será o convidado de honra do primeiro-ministro Narendra Modi para as celebrações do Dia da República. Além disso, a visita oficial contará com uma agenda para a ampliação das relações entre os dois países. 

O intuito do setor sucroenergético é fortalecer a cooperação técnica e a troca de experiências sobre etanol. “Nossa motivação é criar condições para a formação de um mercado global de etanol, para que no futuro possamos ter um aumento da comercialização e a ‘comoditização’ do produto. Isso só será possível se houver clareza sobre os benefícios dos biocombustíveis e nisso o Brasil é exemplo”, explica o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, que integra a missão como parte do projeto setorial com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). 

O trabalho se dará em duas esferas: a institucional, com o compartilhamento da experiência de implantação de políticas públicas Brasil ao longo de mais de 40 anos de uso do etanol como combustível, em larga escala; e a técnica, por meio do estreitamento da cooperação com a cadeia produtiva do setor indiano, desde a indústria de bens de capital até a indústria automobilística. 
 
A Índia tem a meta de adotar a mistura de 10% de etanol na gasolina até 2022 e de 20% até 2030, o que trará reflexos positivos socioeconômicos para o meio ambiente, a saúde da população e na balança comercial – mais de 80% dos derivados de petróleo consumidos no país são importados. Em 2019, os produtores indianos disponibilizaram aproximadamente 2,4 bilhões de litros de etanol combustível no mercado interno, atingindo 5,8% de mistura na gasolina. Para efetivar os 10% de participação seriam necessários 5 bilhões de litros do biocombustível.

“A adoção do E10 na Índia será importante não só para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e melhorar a qualidade do ar nas grandes metrópoles indianas, como também para oferecer uma alternativa de diversificação de mercado aos quase 50 milhões de produtores de cana do país, que hoje dependem basicamente da produção de açúcar”, complementa Eduardo. 

Integram a comitiva o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, o presidente do Conselho Deliberativo da UNICA, Marcelo Ometto, o diretor para o Brasil da Tereos, Jacyr Costa, o CEO da Raízen, Luís Henrique Guimarães, o VP global de commodities da Cofco, Marcelo Andrade, e o gerente de comunicação e relações institucionais da Copersucar, Bruno Alves Pereira. 

Agenda de etanol

Os biocombustíveis, em especial o etanol, serão destaque na agenda. No dia 23/01, o evento “Índia-Brasil – Oportunidades em energia e mineração”, promovido pelo Ministério de Minas e Energia, terá as presenças do embaixador brasileiro na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, da Ministra da Agricultura, Tereza Cristina e do Ministro de Petróleo e Gás Natural indiano, Dharmendra Pradhan. O evento terá apresentação sobre etanol e rodadas de negócios com executivos de empresas como Sterlite Power, ONGC, Tata Power, Adani Transmission, Praj Industries e Indian Oil. 

No dia 25, será realizado um fórum de CEOs brasileiros e indianos para debater oportunidades de negócios em diferentes áreas. Na sequência, o Presidente e o Primeiro-ministro assinam um memorando de entendimento na área de bioenergia, com foco em biocombustíveis. 

No último dia, 27 de janeiro, haverá um seminário empresarial realizado pela Apex-Brasil. A parte da manhã será dedicada às falas de autoridades e na sequência haverá dois painéis, um deles sobre combustível renovável (“Brazilian Bioenergy Policy: How to build a clean energy matrix”). 

Promoção do etanol na Índia

Em 2019, a UNICA realizou duas missões técnicas ao país, com encontros com representantes do governo indiano, da indústria automobilística local, bem como com a indústria de petróleo local, em que foram discutidos os benefícios e os desafios da implantação de um programa mais ambicioso de etanol no país. 

Ente ano, além da missão presidencial, a UNICA terá um estande no salão do automóvel da Índia (Auto Expo) no início de fevereiro e, no final do mês, levará especialistas brasileiros para um seminário junto com a ISMA (India Sugar Millis Association). Ambas oportunidades servirão para ampliar o conhecimento a respeito dos benefícios do etanol e dos aspectos técnicos de sua adoção. 

Projeto

A Apex-Brasil e a UNICA tornaram pública em fevereiro de 2008 uma estratégia para promover a imagem dos produtos sucroenergéticos no exterior, em especial do etanol brasileiro como uma energia limpa e renovável. As duas entidades assinaram um convênio que prevê investimentos compartilhados. O projeto pretende influenciar o processo de construção de imagem do etanol e demais derivados da cana junto aos principais formadores de opinião mundial – governos e meios de comunicação, bem como empresas de trading, potenciais investidores e importadores, ONGs e consumidores.


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