Cooperação Internacional Brasil-FAO destaca inovação e uso de máquinas para desenvolvimento da agricultura familiar algodoeira

FAO, ABC e Embrapa participaram, no âmbito do projeto +Algodão, de painel temático no 13º CBA, onde foram apresentadas experiências no uso de tecnologias

26.08.2022 | 14:30 (UTC -3)
Comunicação da FAO no Brasil

Durante a 13ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), realizada de 16 a 18 de agosto na cidade de Salvador, na Bahia, o projeto +Algodão participou de uma das salas temáticas do congresso, no dia 17, intitulada “A cultura do algodão é econômica e socialmente viável para a agricultura familiar?” O CBA é o maior evento do Brasil sobre o setor algodoeiro e, na edição de 2022, teve como tema central “Algodão brasileiro: desafios e perspectivas no novo cenário mundial”.

O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul trilateral executada de maneira conjunta pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e os governos dos países parceiros, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.

A coordenadora regional do projeto pela FAO, Adriana Gregolin, apresentou um panorama das experiências de produção de algodão em pequena escala nos países da América Latina, a partir das ações desenvolvidas no âmbito da cooperação Sul-Sul trilateral. Segundo Gregolin, o projeto trabalha a partir de um modelo de cadeia de valor com uma visão de sistema algodão-têxtil-confecções. Entre os resultados ao longo de nove anos de execução, a coordenadora destacou as 14 mil pessoas alcançadas pelas ações do projeto, especialmente, agricultores e agricultoras familiares, artesãs, técnicos de assistência técnica e extensão rural, pesquisadores, representantes de governos, entre outros. “Trabalhamos com o empoderamento por meio da capacitação”, disse.

Entre os principais resultados do projeto +Algodão, apontou: o resgate de 12 variedades de algodão, o incremento da oferta de máquinas e o aumento da produtividade nas unidades demonstrativas implementadas nos países, como é o caso do Peru que alcançou 71% de incremento de produtividade. “Isso só foi possível por meio do trabalho com boas práticas e com o somatório de esforços”.

Cecília Malaguti, responsável na ABC/MRE pela cooperação Sul-Sul com organismos internacionais, afirmou que este projeto foi pensado para abordar a cadeia do algodão de forma integral e abrangente, visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares. Sobre o uso de inovações e tecnologias Malaguti avaliou: “Acreditamos que isso possa assegurar a qualidade e a rentabilidade na agricultura familiar algodoeira. Para isso, é importante que sigamos trabalhando de maneira conjunta e participativa”.

Os pesquisadores da Embrapa Algodão, Odilon da Silva e Valdinei Sofiatti, apresentaram a experiência da mecanização para a agricultura familiar. Silva comentou sobre as inovações tecnológicas para a agricultura familiar algodoeira, desenvolvidas pela empresa, como a descaroçadora de algodão, que inclusive foi levada para o Equador, no âmbito do projeto +Algodão Equador. Já o pesquisador Sofiatti, apresentou a colheitadeira de algodão de uma linha, de baixo custo que desenvolveram para uso em pequenas áreas produtoras de algodão. Ambos ressaltaram que a disponibilidade de máquinas e equipamentos para a agricultura familiar é central para garantir mais sustentabilidade econômica e social no rural. Também afirmaram que é relevante o uso de tecnologias para melhorar a produtividade e qualidade de vida às famílias e contribuir para sua permanência no campo.

Encerrando as apresentações do painel, José Tibúrcio, representando da Cooperativa de Produtores Rurais de Catuti (Coopercat), compartilhou a experiência da cooperativa na organização dos agricultores como fator de sucesso na produção do algodão. Ao longo dos últimos anos, por meio da Coopercat, vem sendo retomada a produção algodoeira em Catuti, norte de Minas Gerais, abandonada em meados dos anos 90 depois da proliferação do bicudo, uma praga que exterminou a produção algodoeira na região. Ele destacou a importância de levar informação e tecnologias para os agricultores familiares, como por exemplo, para o controle do bicudo.

Stand

Durante os três dias de congresso, os visitantes puderam conhecer mais sobre as iniciativas de Cooperação Sul-Sul desenvolvidas na América Latina e na África para fortalecer o setor algodoeiro, entre elas, o projeto +Algodão, no stand da ABC/MRE. Um dos destaques foi o aplicativo LazosApp, uma inovação em comunicação digital desenvolvida pelo projeto +Algodão e que já está disponível na Play Store. O aplicativo foi concebido em forma de rede social para unir todo o setor algodoeiro da América Latina, oferecendo a oportunidade de criar redes temáticas sobre o tema do algodão sustentável.

Planejamento para os próximos dois anos

Representantes da ABC/MRE, da FAO, da Embrapa, da Empaer-PB, de governos, associações do setor algodoeiro e pesquisadores de países parceiros do projeto +Algodão que integraram a delegação de 45 pessoas da América Latina participaram, no dia 19 de agosto, em Salvador, de uma reunião regional onde foram discutidas e identificadas as ações estratégicas para execução no projeto nos próximos dois anos. Entre os temas identificados se destacam o desenvolvimento de banco de sementes, a continuidade do fortalecimento do uso da mecanização e inovações tecnológicas e o tema de acesso a mercado, incluindo certificação e assistência técnica e extensão rural (ATER).

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