Características e benefícios da colheita mecanizada de café
Apesar de exigir um investimento inicial alto, migração da colheita manual para mecanizada garante mais agilidade e rentabilidade na operação
A infestação de plantas daninhas na cultura do café normalmente resulta em efeitos negativos, causando interferência na produção e colheita da cultura. Esta interferência negativa ocorre quando as plantas daninhas convivem com a cultura principalmente durante o período de florescimento e frutificação, o que para a região Centro-Sul do Brasil coincide com o período chuvoso do ano (outubro a março).
O microclima proporcionado pelas lavouras de café, bem como o manejo reativo, somente com a aplicação de pós-emergentes, selecionou a flora daninha predominante de plantas resistentes ou tolerantes ao herbicida glifosato. Destacam-se como plantas daninhas importantes na cultura dicotiledôneas como a corda-de-viola (Ipomoea spp.), a trapoeraba (Commelina benghalensis) e a buva (Conyza canadenses), além de monocotiledôneas como o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica).
O glifosato é um herbicida pós-emergente não seletivo, sistêmico, utilizado no controle de plantas daninhas anuais e perenes na cultura do café (Coffea arábica L.), sua aplicação deve ser realizada em jato dirigido, de modo a não atingir a cultura do café, evitando períodos de estiagem e calor excessivo.
O glifosato apresenta algumas características que favorecem a sua utilização em grande escala, como baixa toxicidade ao homem e ao ambiente; baixo risco de lixiviação, pelo fato de ser fortemente adsorvido aos coloides do solo; custo relativamente barato quando comparado com outros herbicidas.
Devido aos muitos benefícios que a utilização do glifosato propicia, tanto economicamente como ecologicamente, o glifosato é o herbicida mais utilizado para o controle de plantas daninhas em café.
A utilização frequente do glifosato em áreas de café faz com que aumente significativamente o risco de seleção de plantas daninhas tolerantes e resistentes a este herbicida. No caso de plantas daninhas resistentes, é possível citar a buva, o capim-amargoso e o capim-pé-de-galinha, cada vez mais observados causando problemas em áreas de produção.
Plantas daninhas como Commelina benghalensis, Richardia brasiliensis e Ipomoea sp. são espécies que notadamente apresentam uma certa dificuldade de serem controladas eficientemente pelo glifosato, se aplicado em estádio avançado de desenvolvimento dessas espécies. Para isso, é necessária muitas vezes a utilização de outros herbicidas que auxiliem no controle.
Desta forma, nos últimos anos tem sido observada a perda de eficiência de controle do herbicida glifosato, o que justifica uma mudança drástica no manejo como é visto atualmente, ou seja, é preciso deixar de ser reativo e não apenas tomar atitude referente ao controle de plantas daninhas quando as áreas já estão com alta infestação. Passar a ser pró-ativos, tomando medidas de controle antes do problema instalado.
Sendo assim, a utilização de herbicidas pré-emergentes na cultura do café se torna extremamente importante no manejo pró-ativo das plantas daninhas. Uma vez que esses produtos vão agir de forma residual, o que pode durar de 30 dias a 120 dias, dependendo do herbicida, justamente no momento do ano em que o produtor está mais atarefado, que é a época chuvosa.
Atualmente, os herbicidas pré-emergentes registrados para a cultura do café são ametrina, clorimurom, diurom, flumioxazina, indaziflam, metibuzim, metsulfurom, oxyfluorfem, pendimentalina, pyroxasulfone e sulfentrazone. Sendo suas recomendações um pouco mais técnicas que as feitas para herbicidas pós-emergentes, para o estabelecimento de um bom programa de manejo em pré-emergência na cultura é importante que as espécies infestantes sejam devidamente identificadas e sua infestação quantificada, e quantificar também a matéria orgânica e a argila presentes no solo, para que medidas racionais de manejo sejam adotadas.
Outro fator importante que vale ressaltar diz respeito ao custo. Muitos produtores têm resistência em aceitar a tecnologia pré-emergente justificando o mesmo como um método de controle caro. A curto prazo, o argumento se justifica, mas se for dividido o valor do herbicida recomendado em pré-emergência pelo período residual de controle que o mesmo trará, o custo baixa significativamente, ficando assim mais barato que o tratamento pós-emergente, que não tem residual algum e tem de ser reaplicado várias vezes. Em resumo, em se tratando de manejo de plantas daninhas é importante diferenciar custo de investimento.
Em relação à maior efetividade no controle de plantas daninhas é importante ressaltar que o manejo químico muitas vezes não é o suficiente para a resolução do problema. Apesar das perdas ocasionadas pela matocompetição, quando bem manejadas as plantas daninhas podem se tornar uma aliada no manejo. Atualmente, com o advento da agricultura economicamente sustentável tem-se preconizado a utilização do manejo integrado das plantas daninhas, o qual é definido como a integração de diferentes medidas para minimizar a competição das plantas daninhas com a cultura de interesse. O método cultural é uma das formas de controle inseridas no manejo integrado, e seu emprego tem sido muito comum, principalmente na região do Cerrado mineiro, com a utilização de braquiária nas entre linhas do café.
Sistemas de manejo mais complexos tornam o controle simplificado e o inverso também é verdadeiro. Sendo assim, a utilização de herbicidas pré-emergentes tornou-se fundamental para que o manejo químico proporcione boa eficácia de controle na cultura do café, além de reduzir as perdas de produção decorrentes da matocompetição no início do ciclo da cultura.
Além disso, a associação de mais de um método de controle aumenta significativamente a eficácia de manejo e traz benefícios a médio e longo prazo. O manejo integrado, em que se faz a associação de diferentes práticas, tem por objetivo alta eficácia de controle de espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas, uma vez que proporciona melhor controle, além de dificultar o estabelecimento e, consequentemente, a reprodução das plantas daninhas na cultura e a médio e longo prazo oferecer maior sustentabilidade à atividade agrícola.
Acácio Gonçalves Netto, Agrocon Assessoria Agronomica
A cada nova edição, a Cultivar Grandes Culturas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de grandes culturas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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