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A interferência das plantas invasoras pode resultar em perda de produtividade, menor qualidade do produto colhido ou aumento do custo de produção da cultura. Entre as muitas justificativas para o controle das plantas invasoras na cultura do maracujazeiro está o fato de que 80% do volume das raízes situa-se nas camadas mais superficiais do solo (Silva e Oliveira, 2000), o que torna a competição por água e nutrientes um problema sério. Embora existam várias razões para sugerir o controle de invasoras da lavoura, estas plantas podem auxiliar na sustentabilidade do cultivo, desde que bem manejadas: aumentando o conteúdo de matéria orgânica no solo; protegendo a superfície do solo contra a incidência direta dos raios solares e erosão hídrica; atraindo e abrigando insetos benéficos e inimigos naturais de pragas do maracujazeiro (Lima et al., 2004), além de auxiliar na ciclagem de nutrientes.
Considerando que o maracujazeiro é cultivado no Brasil de Norte a Sul, a quantidade de espécies de plantas invasoras é extensa, sendo mais comuns os indivíduos pertencentes às famílias: Leguminosae; Poaceae; Asteraceae; Amaranthaceae; Euphorbiaceae; Malvaceae; Commelinaceae; Convolvulaceae; Solanaceae e Rubiaceae (Tabela 3).
Apesar do controle dessas plantas não representar custo operacional oneroso em um pomar de maracujazeiro azedo (Passiflora edulis), seja amarelo ou roxo, ainda existem vários entraves para o manejo correto das plantas invasoras, o que remete ao seguinte questionamento: qual o melhor método de controle?
A composição da vegetação varia de acordo com a região onde está situado o cultivo e pela pressão de seleção exercida pelos métodos de controle utilizados. Apesar da cultura do maracujazeiro tolerar certo grau de interferência sem implicar perdas na produção, as plantas invasoras devem ser corretamente identificadas para melhorar a eficiência do método de controle. A permanência de plantas invasoras na área pode implicar a competição, sendo os recursos disputados: água, luz, nutrientes e dióxido de carbono. Além dos prejuízos causados em razão da competição, estas plantas podem ser hospedeiras de insetos-praga, nematoides e agentes fitopatogênicos.
Existem várias possibilidades para controlar as plantas invasoras, em ação isolada ou conjunta. As mais comuns são capina manual, uso de enxadas, roçadeiras manual ou tratorizada, enxadas rotativas, herbicidas, aplicação de mulching (filmes de plástico), cobertura morta, redução de espaçamento e uso de latadas. Apesar da combinação de mais de uma técnica de controle ser mais eficiente na supressão das plantas invasoras, é comum encontrar a seguinte orientação técnica: “capina manual na linha (coroamento), capina química na linha (entre plantas) e capina mecânica na entre linha” (Figura 1).
A forma de controle mais comum das plantas invasoras em pequenas áreas é a capina manual. Quando efetuada em dias mais quentes, com baixa umidade do ar e solo seco, torna-se mais efetiva. Apesar da aparente facilidade na execução desta prática e da oferta de mão de obra entre os pequenos agricultores familiares, é necessária uma atenção especial no momento do corte das plantas invasoras, não sendo superior a 2cm para evitar danos nas raízes do maracujazeiro. Em geral, a capina manual é sugerida para o coroamento das plantas de maracujazeiro.
Normalmente as roçadas entre as plantas e nas entre linhas são efetuadas com roçadeira costal e roçadeira tracionada por trator, respectivamente. Atualmente muitos produtores têm optado pela redução do espaçamento entre linhas de plantio. Esta decisão pode dificultar o tráfego de máquinas, mas, por outro lado, o sombreamento gerado pelas cortinas auxilia na supressão das plantas invasoras. Em relação à capina mecanizada, o rendimento operacional é muito maior que a capina manual, embora seja dependente da topografia do terreno, não sendo indicada para áreas muito declivosas.
O método químico de controle das plantas invasoras caracteriza-se por permitir a intervenção em grandes áreas com pouca dependência de mão de obra e rapidez na aplicação (Silva et al., 2012). O uso intensivo de herbicidas, associado à ausência de outros métodos de controle, tem resultado em diversos problemas, como a seleção de biótipos de plantas invasoras resistentes a herbicidas. Diante disso, a adoção do controle químico no manejo de plantas invasoras possui tanto vantagens como desvantagens (Tabela 1); embora essencial nos sistemas de produção contemporâneos, deve ser sempre adotado em um esquema integrado com os outros métodos de controle (Silva et al., 2018).
Apesar de muitos produtores utilizarem herbicidas no controle de plantas invasoras em lavouras de maracujazeiro, ainda não existem produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para esta cultura. Em estudo conduzido por Paiva et al. (2015), foram testados 21 herbicidas de diferentes mecanismos de ação em mudas de maracujazeiro recentemente transplantadas (Tabela 2). Os herbicidas glifosato, imazapic, metsulfuron-methyl e amonioglufosinate causaram reduções no ganho em altura das plantas. Os herbicidas atrazine, linuron, metribuzin, diuron, tebuthiuron e bentazon reduziram a matéria seca da folha, caule e total das plantas. Dentre as opções de herbicidas, os produtos oxadiazon, fenoxaprop-ethyl, tembotrione, chlorimuron-ethyl e isoxaflutole não prejudicaram o crescimento e não intoxicaram as mudas, sendo os mais promissores para aplicação em área total.
A ação preventiva deve ser prioridade no manejo de plantas invasoras, como limpar cuidadosamente máquinas e implementos agrícolas; usar adubos orgânicos, como esterco de curral, somente depois que estiver totalmente fermentado; manter as bordas dos canais de irrigação sempre limpas; manter áreas contínuas às lavouras livres da presença de plantas invasoras, para que não produzam sementes e repovoem a área cultivada; e eliminar focos de infestação (Silva et al., 2018).
A cobertura morta é uma excelente opção para manejar as plantas invasoras nas entre linhas, segundo Silva et al. (2019), a utilização de cobertura morta em lavoura de maracujazeiro no semiárido melhorou as características hidrotérmicas do solo, reduziu a temperatura do solo e estimulou o crescimento do diâmetro caulinar. A utilização de cobertura morta antecipou a colheita dos frutos em comparação ao cultivo em solo descoberto (Uchôa et al., 2018). Outra opção que vem sendo testada é a utilização de cobertura plástica (mulching). Existe também a viabilidade técnica e econômica do cultivo de maracujá em ambientes protegidos como estufas, porém está relacionado à escolha de materiais altamente produtivos com genética superior. O ambiente favorece o desenvolvimento da cultura, pois diminui a interferência de pragas e doenças.
O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, e apesar da produtividade média não superar 15t/ha/ano, alguns polos produtores têm alcançado excelentes produtividades, como ocorre em Santa Catarina, com rendimento de 21,03t/ha, e no Distrito Federal, atingindo 34,60t/ha em 2017. Lima et al. (2009) analisaram a rentabilidade do maracujá em seis polos produtivos brasileiros (Benevides-PA, Araguari-MG, Itapuranga-GO, Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno-Ride, Bom Jesus da Lapa-BA e Vera Cruz-SP) e observaram que a cultura do maracujazeiro-amarelo é viável economicamente quando a produtividade é superior a 19t/ha/ano. Maiores produtividades retratam o resultado de um conjunto de ações que vão desde a escolha da variedade, preparo do solo, sistema de condução, adubação, controle de pragas, doenças e plantas invasoras, até a polinização e colheita.
Uirá do Amaral, Malaquias Pereira da Costa Junior, Luann de Barros Silva, Pedro Henrique Martins Almeida, Instituto Federal de Brasília
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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