Manejo integrado contra doenças da parte aérea do algodoeiro
Principais doenças da parte aérea do algodoeiro, a mancha-de-ramulária e a mancha-alvo norteiam a tomada de decisão de parte importante do manejo das lavouras
Atualmente, a agricultura brasileira alimenta mais de um bilhão de pessoas no mundo, produzindo aproximadamente 237 milhões de toneladas de grãos. Metade desse total é representada pela cultura da soja, liderando o mercado nacional e gerando faturamento de R$ 140 bilhões com sua produção. Devido à sua importância nesses setores, a soja movimenta consecutivas pesquisas agronômicas para o aumento da sua eficiência produtiva, destacando-se os estudos voltados à área de fixação biológica de nitrogênio.
O adequado suprimento nutricional da planta é fundamental para garantir o sucesso da lavoura. O nitrogênio, que é requerido em maior quantidade, é aplicado tradicionalmente por meio de fertilizantes granulados na forma inorgânica que geram custos elevados desde o transporte até a sua aplicação.
Desse modo, para minimizar esses custos da adubação, surgiu a alternativa do uso de bactérias fixadoras de nitrogênio. Estas, apesar de já presentes na microbiota do solo, são adicionadas por meio de inoculantes concentrados com o objetivo de suprir as necessidades da planta.
Portanto, na inoculação destacam-se os gêneros Bradyrhizobium sp. e Azospirillum sp. que são as bactérias mais difundidas e pesquisadas pela comunidade científica. Essa prática é inicialmente realizada no tratamento de sementes, na forma líquida ou turfosa. Porém, há ainda a opção de aplicar o produto comercial na forma líquida no sulco de semeadura, o que aumenta a eficiência da operação de semeadura e a viabilidade dos micro-organismos.
No método tradicional, um dos maiores obstáculos era a inexistência de máquinas adequadas, fazendo com que surgissem, então, os misturadores de sementes dimensionados para operar na propriedade ou na unidade de beneficiamento, que possibilitou homogeneizar os químicos e os micro-organismos no tratamento de sementes. Contudo, sua eficiência é discutível, uma vez que demanda maior tempo na operação de pré-semeadura.
O uso do tratamento de semente tradicional, com a inoculação realizada antes da semeadura, geralmente traz danos à população bacteriana (por ser efetuada junto com inseticidas, fungicidas e micronutrientes) causados principalmente pelo aumento da toxidez e das alterações do pH do meio que são prejudiciais ao número de células efetivas por semente.
Pode-se destacar também uma redução natural na viabilidade dos micro-organismos no período entre a inoculação até a semente entrar em contato com o solo, seja por questões climáticas ou operacionais da propriedade. Essa redução pode ser corrigida com a utilização da inoculação ou reinoculação via pulverização no momento da semeadura.
Julgando apenas a viabilidade do Bradyrhizobium sp., a inoculação no sulco de semeadura possui comportamento mais eficiente em áreas de cultivos consecutivos. Entretanto, para talhões que não foram cultivados anteriormente, o uso das bactérias no tratamento de sementes na forma turfosa ainda é a mais recomendado.
Neste tipo de inoculação via sulco de semeadura, pesquisas apontam variações da taxa de aplicação e suas consequências operacionais, ressaltando que a produtividade de grãos é maior quando se utiliza maior dose de inoculante (6x106 UFC /semente) e maior taxa de aplicação (50L/ha). Os menores custos e a maior capacidade de campo operacional são obtidos pela menor taxa de aplicação (10L/ ha), entretanto, a relação custo/benefício é obtida com taxa de aplicação de 20L/ ha e maior dose de inoculante. Visto que o Bradyrhizobium sp. comercial tem baixo custo percentual no ciclo da cultura e os maiores volumes resultam na maior necessidade de reabastecimentos do tanque do inoculante, elevando, por consequência, o valor da operação de semeadura.
O equipamento de inoculação no sulco de semeadura apresenta características dimensionais para atender a operação, sendo constituído por um tanque de armazenamento de calda, bomba elétrica/mancal para sucção e pressurização das mangueiras, comando regulador de pressão com manômetro, filtro de linha, linhas de distribuição com mangueiras e pontas de pulverização. Tal equipamento é fixado no chassi da semeadora, com cada unidade de semeadura recebendo uma ponta de pulverização posicionada entre as rodas limitadoras de profundidade do implemento.
A inoculação também pode ser realizada por equipamentos de tratamentos de semente, como misturadores, betoneiras e tambores semimecanizados, responsáveis pela mistura do inoculante às sementes. Os equipamentos mais recentes contam com acionamento elétrico ou pela tomada de potência do trator, capacidade de armazenamento entre 90kg e 4.000kg e permitindo inocular as sementes a campo ou em galpão.
Do mesmo modo se tratando de inoculação mecanizada, via sulco ou com máquina de tratamento de sementes, o estudo dos tempos é fundamental para determinação do desempenho operacional, auxiliando também nos sistemas administrativos de planejamento e organização do trabalho.
Na inoculação convencional para uma boa eficiência é recomendado, após a homogeneização das sementes com o inoculante, deixá-las à sombra para fixação do produto, por volta de 20 minutos além do tempo de preparo da mistura, para só depois levá-las à semeadora e iniciar a operação. No somatório dos tempos, se mostra menos eficiente quando comparado ao em sulco, com um rendimento operacional inferior.
Somado a isto, a inoculação em sulco de semeadura apresenta custos operacionais inferiores, desde que seja realizada com menores taxas de aplicação, visto que o aumento no volume de calda eleva linearmente os valores da operação de semeadura.
Além do Bradyrhizobium sp., a coinoculação com o Azospirillum sp. possibilita obter resultados superiores na lavoura. A aplicação das duas espécies juntas no sulco gera acréscimos médios a campo de 16% quando comparado à inoculação apenas com o Bradyrhizobium sp. Esse incremento da produção tem relação com as funções do Azospirillum sp., que além da fixação biológica do nitrogênio, auxilia no crescimento das raízes e na solubilização do fósforo presente no solo.
Os benefícios da inoculação ultrapassam os limites da lavoura, trazendo ganhos ambientais à fauna e à flora, reduz a emissão de gases relacionados à fabricação e uso de fertilizantes nitrogenados e facilita o sequestro de carbono, sendo, dessa maneira, inclusa no Programa de Agricultura de Baixo Carbono do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Considerando as vantagens dessa tecnologia, busca-se orientar os produtores de grandes culturas para o uso racional: por se tratar de um produto biológico. Quanto mais insumos adicionados à semente, menos viáveis as bactérias serão. Dessa forma, a união dos órgãos reguladores ligados ao Mapa com as empresas fabricantes de defensivos agrícolas é necessária para proporcionar ao agricultor as instruções corretas de uso combinado dos produtos e o aumento da rentabilidade.
Gabriel Ganancini Zimmermann, IFC/Rio do Sul-SC; Lucca Branco Giacomet e Samir Paulo Jasper, UFPR/Curitiba-PR
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