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O comportamento sexual dos insetos, embora aparentemente instintivo, depende de uma rede sofisticada de sinais bioquímicos. Um novo estudo publicado detalha como os neuropeptídeos — pequenas cadeias de aminoácidos secretadas pelo sistema nervoso — regulam com precisão cada fase do acasalamento, desde a atração até as ações pós-cópula.
O levantamento, que reuniu dados de múltiplas espécies economicamente relevantes, revela a atuação de 18 neuropeptídeos diferentes e destaca seu potencial como alvo para tecnologias de controle de pragas ecologicamente responsáveis.
O estudo reforça uma premissa inquietante: o acasalamento dos insetos é menos aleatório e mais regulado do que se pensava. Cada feromônio liberado, cada batida de asa, cada toque durante a corte pode ser iniciado, modulado ou interrompido por neuropeptídeos. A manipulação dessas moléculas pode, portanto, oferecer alternativa viável aos pesticidas convencionais.
Os neuropeptídeos não agem sozinhos. Funcionam como maestros bioquímicos, orquestrando reações em cascata ao se ligarem a receptores acoplados a proteínas G (GPCRs).
Essa ligação desencadeia vias de sinalização celular que modulam desde a sensibilidade a feromônios até a duração da cópula. Em alguns casos, um único neuropeptídeo pode influenciar múltiplas etapas do processo reprodutivo. É o caso da natalisina (NTL), que aumenta a receptividade sexual de fêmeas, intensifica o comportamento de corte dos machos e, posteriormente, estimula a postura de ovos.
Outros compostos, como o PBAN (neuropeptídeo ativador da biossíntese de feromônio), agem de forma mais específica. PBAN regula a produção de feromônios sexuais em mariposas, sendo essencial para a atração de parceiros. Quando silenciado por técnicas como RNAi ou CRISPR, a atração sexual desaparece — e a reprodução também.
Comportamentos aparentemente simples, como o canto de um grilo ou a dança aérea de uma libélula, são ativados por moléculas como proctolina e TRPs (taquicininas).
Estas não apenas controlam músculos, mas também o apetite sexual. A diminuição da expressão desses compostos em testes de laboratório reduziu ou eliminou completamente o comportamento de corte em diferentes espécies.
O estudo também descreve substâncias que atuam após a cópula. O sex peptide (SP), por exemplo, transferido pelo sêmen do macho de Drosophila melanogaster, altera o comportamento da fêmea: ela deixa de aceitar novos parceiros e inicia o processo de oviposição.
Outros peptídeos, como DH44 e as insulinas-like (ILPs), regulam a retenção de esperma e o uso de reservas energéticas após o acasalamento.
A descoberta de que esses neuropeptídeos são conservados entre diferentes ordens de insetos — incluindo dípteros, lepidópteros, coleópteros e hemípteros — sugere um valor estratégico.
Ao identificar e inibir neuropeptídeos específicos, seria possível suprimir a reprodução de pragas agrícolas sem impactar outras formas de vida.
Ferramentas baseadas em RNAi, engenharia genética ou disruptores de receptores GPCRs já estão em desenvolvimento e prometem substituir pesticidas sintéticos com impacto ambiental reduzido.
Além do controle direto, o conhecimento dos mecanismos neuropeptidérgicos pode ajudar na previsão de surtos populacionais. Sinais ambientais como temperatura, fotoperíodo e disponibilidade de alimento afetam a liberação dessas substâncias. Monitorar essas variáveis pode antecipar picos de reprodução e permitir intervenções mais precisas.
Apesar do avanço, lacunas persistem. Muitos insetos de importância econômica, como percevejos e moscas brancas, permanecem pouco estudados nesse aspecto.
Os cientistas ressaltam a necessidade de investir em genômica funcional e bioinformática para identificar neuropeptídeos e seus receptores em novas espécies. Há também o desafio técnico de desenvolver compostos seletivos que interfiram apenas nos alvos desejados, sem efeitos colaterais.
Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.3390/insects16050506
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