Combate ao bicudo-do-algodoeiro é destaque no 14º Congresso Brasileiro do Algodão

O inbseto foi identificado há 40 anos, inicialmente nas regiões de Campinas, Paraíba e Pernambuco, espalhando-se pelo país através da movimentação de sementes e grãos

04.09.2024 | 17:09 (UTC -3)
Pesquisadores durante apresentação no Congresso Brasileiro do Algodão
Pesquisadores durante apresentação no Congresso Brasileiro do Algodão

O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) continua sendo um dos maiores desafios para os produtores de algodão no Brasil. Durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), um painel especial discutiu as principais estratégias de combate à praga. Seis especialistas apresentaram soluções para o controle do inseto, incluindo o uso de ferramentas de monitoramento, manejo integrado e resultados de redes de estudo. O evento foi coordenado por Lucia Vivan, da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso.

O consultor agroambiental Walter Jorge abriu o painel com um panorama histórico da praga no Brasil. O bicudo foi identificado há 40 anos, inicialmente nas regiões de Campinas, Paraíba e Pernambuco, espalhando-se pelo país através da movimentação de sementes e grãos. Segundo Jorge, o inseto veio dos Estados Unidos e chegou ao Brasil por meio do aeroporto de Viracopos. Ao longo dos anos, diversas medidas foram tomadas para conter a infestação, mas o bicudo continuou a se propagar, infectando todas as regiões produtoras na década de 1990. Hoje, a praga é considerada crônica.

Com a expansão da cotonicultura para o cerrado, a adoção de novos manejos, como rotação de culturas e o uso de inseticidas, tornou-se fundamental. O bicudo foi descrito como um "divisor de águas" para a produção de algodão, levando ao desenvolvimento de ferramentas como faixas iscas e armadilhas com feromônio. Jorge ressaltou a importância de uma conscientização maior sobre o manejo integrado, considerando as especificidades climáticas de cada região.

Marcio Souza, do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), destacou que o monitoramento contínuo é essencial para o controle eficaz da praga. Ele enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada, que inclua desde o controle de armadilhas e monitoramento pré-plantio até a fiscalização de caminhões que transportam algodão, evitando a dispersão da praga.

O consultor Paulo Degrande apresentou as principais estratégias do projeto Rede Bicudo Brasil, que envolvem um protocolo de 18 ações para o combate à praga. Essas medidas incluem o uso de inseticidas a partir do primeiro botão floral, monitoramento rigoroso, eliminação de plantas voluntárias e cumprimento do vazio sanitário. Degrande apontou que a redução da população de bicudo no final da safra e a colheita rápida são essenciais para o sucesso no controle.

Na segunda parte do painel, o pesquisador Julio Bogiani, da Embrapa Territorial, discutiu as ferramentas digitais usadas no projeto Monitora Oeste, no cerrado baiano. Ele destacou o papel da transformação digital na agricultura, com o uso de sensores interligados e a análise em tempo real dos dados do campo. O objetivo é otimizar o controle do bicudo e reduzir os custos de produção. Bogiani enfatizou o potencial de tecnologias emergentes, como drones, inteligência artificial e robótica, para melhorar a eficiência das lavouras.

O pesquisador Edson Andrade, do IMAmt, abordou o manejo das soqueiras e plantas voluntárias, que também são hospedeiras do bicudo. Ele apresentou avanços recentes em destruição mecânica e química dessas plantas, bem como o uso de biotecnologia para melhorar a eficiência dos produtos disponíveis no mercado.

Para fechar o painel, Licio Pena, diretor executivo da AMIPA, apresentou o Catolaccus Amipa, um agente biológico para o controle do bicudo. Desenvolvido pela biofábrica da instituição, o Catolaccus é o primeiro produto biológico registrado no Brasil para o combate à praga. O agente mostrou uma taxa de mortalidade de 94,5% dos bicudos, atacando de seis a oito larvas por dia e reduzindo a resistência aos químicos nas lavouras. Essa abordagem biológica está alinhada com o projeto Better Cotton, que busca práticas mais sustentáveis na produção de algodão.

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