CNA sugere medidas para reduzir preço de fertilizantes

16.04.2009 | 20:59 (UTC -3)

Aumento da capacidade de produção de matérias-primas, criação de um órgão de regulação agrícola global, elaboração de ações com outros países para reduzir os preços de insumos da atividade rural e investimentos em infraestruturua e logística. Estas propostas fazem parte de um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentado terça-feira (14/4) pela economista Rosemeire Santos, assessora técnica da entidade.

A apresentação ocorreu durante audiência pública realizada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado.

A audiência para debater alternativas de redução do preço dos fertilizantes foi proposta pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS). Segundo a técnica da CNA, estas medidas poderiam ajudar a reduzir a dependência externa brasileira dos fertilizantes vindos de outros países, o que reduziria o preço deste insumo para o produtor rural e o impacto no custo de produção da agropecuária.

“O debate sobre este tema ganhou força no ano passado, quando o produtor olhou sua planilha de custos e se assustou com o impacto dos fertilizantes nos gastos”, explicou a economista. Apesar da queda dos preços dos fertilizantes verificada nos últimos meses, ela argumentou que as commodities agrícolas tiveram retração superior à dos fertilizantes, o que pode gerar mais dificuldade para o agricultor cobrir seu custo de produção na próxima safra (2009/2010). “As commodities foram mais sensíveis às incertezas do mercado”, justificou.

Comercialização

Em sua apresentação, ela mostrou que os fertilizantes já impactaram significativamente na agricultura na atual safra (2008/2009), que está sendo colhida e comercializada. Em Sorriso, Mato Grosso, onde o preço do fertilizante subiu 32,50% na atual safra, o impacto deste insumo no custo operacional foi de 16,04%. Já em Rio Verde, Goiás, a elevação foi de 46,07%, enquanto o impacto no custo foi de 15,90%.

Atualmente, mais de 70% das principais matérias-primas utilizadas na fabricação de fertilizantes são importadas. A maior dependência é relativa ao potássio, cuja percentual adquirido de outros países supera os 90%. Outras substâncias com alto grau de dependência são os nitrogenados, que chega a 74%, e o fosfato, em escala menor, de 46%. Segundo Rosemeire, o alto índice de importação destes produtos justifica o incentivo à produção interna. No entanto, a maturação desta medida aconteceria, no mínimo, em médio prazo.

“Para surtir efeito, este estímulo teria de ser feito fora das esferas das grandes empresas que hoje dominam o mercado”, ressaltou. Ela defendeu a disponibilização de crédito às misturadoras de adubos e às pequenas empresas que produzem fertilizantes para ajudar a consolidar esta medida. Também com base no estudo, a assessora técnica da CNA também enfatizou a maior participação da Petrobrás na produção de adubos nitrogenados.

Regulação

Em relação à regulação do setor de fertilizantes, Rosemeire falou sobre a necessidade de criação de um “Cade Agrícola Global”, uma alusão ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão do Ministério da Justiça que regula a livre concorrência no Brasil. Outra medida citada pela assessora técnica foi a elaboração de ações articuladas com o setor produtivo de outros países para aliviar os custos com os fertilizantes.

“O comportamento dos preços dos fertilizantes verificado nos últimos meses não ocorreu apenas no Brasil”, argumentou. Quanto aos investimentos em infraestrutura e logística, ela citou como uma das medidas que aliviaria os custos com transporte da produção o fim da cobrança do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), cuja taxa incide em 25% sobre o frete dos fertilizantes importados. “Isso reflete até na formação do preço interno da produção”, disse.

Fonte: Agência CNA -

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