CBSOJA e Mercosoja: seminário debate importância de agregar valor
Cerca de 2.500 pessoas participaram do 4º Circuito Aprosoja, que percorreu 17 municípios de Mato Grosso. A edição de 2009 superou em duas vezes e meia a de 2008, que contou com 1.000 participantes.
O evento foi lançado em Cuiabá no dia 16 de abril e de 22 de abril a 07 de maio foi realizado nas regiões Sul, Oeste, Médio-Norte, Norte, e Leste do estado.
O objetivo do evento em 2009 foi o de levar a mensagem para que os produtores planejem, tenham cautela e busquem se capitalizar para realizar a safra 2009/2010, que chega carregada de um cenário de incertezas sobre o comportamento dos preços e de outros fatores importantes que impactam na atividade e na renda do agricultor mato-grossense.
“O número de participantes superou as nossas expectativas e mostra o interesse do produtor em buscar informações diante de um contexto formado por fatores externos que independem do agricultor, mas que influenciam fortemente nos resultados da safra. E o nosso recado foi alertar o produtor sobre a necessidade de ser extremamente cauteloso e gerenciar com empenho o custo de produção”, afirma o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.
No entanto, para o setor se capitalizar é preciso que o governo ofereça mecanismos que gerem receita. “A mensagem é de frear os investimentos para a aquisição de máquinas e ampliação das áreas de cultivo, principalmente neste cenário em que reinará é a escassez de crédito. Investir em infraestrutura é uma das grandes emergências e não deve só estar na pauta do governo, mas sair de fato do papel”.
Para o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa da Soja, da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol, Mato Grosso tem condições de continuar sendo um dos maiores fornecedores de soja do mundo. “Desde que se elimine as más condições de logística existentes para escoar a produção, pois o produtor mato-grossense paga em média US$ 6 a mais por saca transportada em relação aos outros grandes estados produtores do grão”.
Outra necessidade emergencial confirmada nas rodadas do Circuito Aprosoja no interior do estado é a viabilização pelo governo federal do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e de subsídio para escoar a produção do milho safrinha.
Além de solução para questões iminentes, o setor espera que a política agrícola brasileira seja elaborada com focos regionalizados para que a produção de soja e milho de Mato Grosso mantenha o nível de desenvolvimento que vem apresentando nos últimos anos e para que o produtor seja competitivo.
O lançamento do Circuito Aprosoja contou com as palestras dos economistas Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, e Guilherme Dias, professor da USP e consultor da CNA. No painel de discussão participaram o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, o senador Gilberto Goellner, o deputado Homero Pereira e lideranças do setor.
No interior, as palestras foram realizadas pelo presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, pelo economista Mauro de Rezende Lopes, do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas, dos pesquisadores da Embrapa Soja, Joelsio Lazzaroto e Amélio Dall’Agnol, do pesquisador da Esalq/Cepea/USP, Mauro Osaki, do técnico da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Luciano de Carvalho.
O Circuito Aprosoja percorreu os municípios de Alto Taquari, Rondonópolis, Primavera do Leste, Campo Verde, Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Campos de Júlio, Diamantino, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sinop, Sorriso, Tapurah, Nova Xavantina, Canarana e Querência.
Os produtores rurais de Canarana e região pontuaram a urgência de investimentos em alternativas de modais de transporte como o ferroviário e hidroviário para que os sojicultores do estado se tornem mais competitivos. O assunto foi debatido durante o 4º Circuito Aprosoja, etapa Leste, que ocorreu quarta-feira (06.05).
De acordo com o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, em média 35% da renda dos produtores rurais fica comprometida por causa do custo de escoamento da produção, que inclui os gastos com frete. Glauber lembrou que os preços do frete praticados em modais diferentes já chegaram a ser praticamente os mesmos na região. “Segundo relatos de produtores de Alto Taquari em janeiro deste ano o frete ferroviário chegou à casa dos R$ 190 enquanto o rodoviário estava em R$ 130.”
“O momento de crise também serve para apresentar ao governo propostas de modais alternativos. Por isso criamos a Cooperativa Mista de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Cooprosoja), uma cooperativa de negócios, e o objetivo principal é que o produtores tenham condições de disputar a concessão de subtrechos de ferrovias que estão incluídas no Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), das que não estão no plano, e também participar da construção de novos portos. Enfim, temos que participar dos processos”.
O desenho atual da ferrovia Leste/Oeste prevê terminais em Lucas do Rio Verde, Campos de Júlio e Água Boa, em Mato Grosso, e Cocalinho, com ligação com a estrada de ferro entre Uruaçu (Goiás) e a região produtora de Vilhena, no Sul de Rondônia.
Com a administração de trechos pelos próprios produtores rurais será possível inclusive importar fertilizantes e em troca exportar a soja pelos trilhos da ferrovia. A Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq/Cepea/USP) já trabalha com um formato de escoamento da produção da Leste/Oeste. O formato está sendo chamado de espinha de peixe, é possível fazer a distribuição espacial dos armazéns em microrregiões pela qual a ferrovia irá cruzar.
O vice-presidente Leste da entidade, Marcos da Rosa lembrou que a Aprosoja desenvolve o projeto de pesquisa de fósforo para descobrir a viabilidade econômica do minério. Comprovada esta viabilidade, por meio da Cooprosoja os produtores terão a chance de controlar a exploração de minas existentes em Mato Grosso. “Não podemos mais perder as concessões de minas que existem no país para as empresas estrangeiras, só com o produtor à frente do negócio é que teremos rentabilidade”.
O presidente da Aprosoja frisou ainda que em curto prazo as entidades de classe reivindicam que o subsídio ao frete para escoamento da produção de soja e milho de Mato Grosso seja uma das prioridades do governo federal para a safra 2009/2010.
Produtividade da soja em Nova Xavantina poderá ser menor que a média do estado
Produtores de soja e milho relataram durante o Circuito Aprosoja etapa Leste que começou no município de Nova Xavantina na quarta-feira (06.05) que a produtividade da soja na safra 08/09 foi afetada principalmente por fatores climáticos.
De acordo com o produtor Geraldo Antônio que planta 380 hectares no município, no meio do período de colheita as lavouras de soja foram atingidas por chuvas torrenciais em um período que variou de 15 a 20 dias. “A soja de ciclo tardio perdeu peso e além disso apareceram muitos grãos ardidos. Na minha propriedade colhi 10,000 sacas e tive uma quebra de 800 sacas”.
O delegado da Aprosoja/MT e sojicultor Endrigo Dalcin que planta 1,370 hectares de soja em Nova Xavantina lembra que as chuvas além dos grãos ardidos também favoreceram o aparecimento de ervas daninhas. “A qualidade do grão não tem padrão de exportação e com isso as empresas comercializadoras têm dificultado o escoamento da safra na região”.
Em geral a produtividade do município deve ficar abaixo da expectativa se comparada com a média do estado que segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) está sendo projetada em 50,68 sacas por hectare. O vice-presidente Leste da entidade, Marcos da Rosa estima que devido aos problemas climáticos a produtividade no município fique entre 40 e 41 sc/ha. “No ano passado a média de Nova Xavantina foi de 49 sacas por hectare”.
O presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, frisou que é essencial que os produtores tentem reduzir os custos de produção, principalmente os custos com insumos para a próxima safra. “Diante do cenário, além da necessidade de priorizar a capitalização, ou seja, não ampliar áreas, nem fazer investimentos altos, é necessário a união dos produtores da região, pois com volume maior da produção o poder de barganha para negociar os preços aumenta, uma das saídas pode ser a compra conjunta de insumos e a venda também conjunta da produção”.
A regionalização da política agrícola brasileira será imprescindível para que a produção de soja e milho de Mato Grosso mantenha o nível de desenvolvimento que vem apresentando nos últimos anos. Esse foi um dos assuntos em pauta durante o 4º Circuito Aprosoja realizado na segunda-feira (04.05) em Sinop, na região Norte do estado.
“Insistimos que existem diferenças como, por exemplo, de logística, de distâncias entre o ponto de produção e os portos e de infraestrutura que precisam ser levadas em consideração no momento de se formatar tanto o Plano Agrícola e Pecuário quanto na elaboração de uma política agrícola para médio e longo prazos”, afirmou o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.
O subsídio ao frete para o escoamento da safra 09/10 e 2010/2011 de soja e o fundo de catástrofe continuam sendo algumas das reivindicações do setor, que espera também medidas estruturantes capazes de beneficiar o país com a oferta da produção e que, ao mesmo tempo, sejam capazes de dar renda ao produtor rural, conforme apresentou Glauber no evento.
“Estamos em um cenário carregado de incertezas, com retração da oferta de crédito por parte das tradings, que sempre foram as maiores financiadoras da safra mato-grossense, e, por isso, precisamos planejar muito bem a safra deste ano, ter cautela para operacionalizar o plantio e ainda teremos que nos capitalizar para concretizar a safra 09/10”.
O conselheiro fiscal da Aprosoja/MT e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, reforçou a necessidade de o produtor fazer as contas na ponta do lápis e adotar cautela. “As grandes revendas não estão abrindo negociações para compra de pacotes de insumos e os pequenos estabelecimentos estão tentando suprir essa lacuna, porém isso não significa que estaremos assegurados no momento de efetivar as transações”, alertou.
Fonte e informações adicionais: Ascom Aprosoja/MT -
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