Cigarrinha, barriga-verde e lagarta-do-cartucho na mira dos produtores

​O tema “Acompanhamento do plantio do milho segunda safra: pragas, doenças e recomendações de manejo” foi o selecionado para ser abordado na última edição do Grão em Grão, jornal eletr&oc

06.03.2018 | 20:59 (UTC -3)
Guilherme Viana​

O tema “Acompanhamento do plantio do milho segunda safra: pragas, doenças e recomendações de manejo” foi o selecionado pelas pessoas cadastradas no canal de WhatsApp da Embrapa Milho e Sorgo para ser abordado na última edição do Grão em Grão, jornal eletrônico da Empresa. Em época de semeadura do milho segunda safra – que atingiu 46,4% da área estimada de 10,8 milhões de hectares na última semana de fevereiro, de acordo com a consultoria Safras & Mercado – um dos principais problemas enfrentados pelos produtores é o controle de insetos-praga nas lavouras, como o percevejo-barriga-verde, a cigarrinha Dalbulus maidis e a lagarta-do-cartucho.

“O aumento da área plantada do milho segunda safra é uma realidade no País, que ultrapassou a produção da safra de verão. Essa mudança no sistema de cultivo alterou também o grupo de insetos-praga com que o produtor precisa se preocupar. Como o milho é plantado logo na sequência da soja, o percevejo-barriga-verde, que era considerado praga secundária do milho primeira safra, passou a ter status de praga primária. Isso porque o percevejo se alimenta da soja, e depois que o produtor colhe a leguminosa para plantar o milho, o percevejo fica na área e passa a se alimentar do milho, causando prejuízos caso medidas de controle não sejam tomadas“, explica a pesquisadora Simone Martins Mendes, da área de Entomologia da Embrapa Milho e Sorgo.

Segundo ela, outro problema típico do milho segunda safra é a ocorrência da cigarrinha Dalbulus maidis. “Essa praga se alimenta somente do milho. O pico populacional dela ocorre em março, após o aumento da sua população na safra de milho do verão. O problema, nesse caso, é a transmissão dos enfezamentos para a planta (foto da capa deste jornal), acarretando sérios prejuízos para o agricultor”, enumera a pesquisadora. E, por fim, mas não menos grave, é a ocorrência da ainda considerada principal praga do milho, a lagarta-do-cartucho. “Independentemente da época, é ainda a maior dor de cabeça do produtor de milho, mesmo com o cultivo do milho transgênico”, afirma Simone.

Abaixo, conheça estratégias reunidas por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo para incrementar a produtividade de milho diante desse cenário. As orientações foram extraídas da publicação “Dez Dicas para Produção de Milho”, de autoria dos pesquisadores Emerson Borghi, Israel Alexandre Pereira Filho, Álvaro Vilela de Resende, Dagma Dionísia da Silva, Simone Martins Mendes e Alexandre Ferreira da Silva. Está disponível de forma gratuita em http://bit.ly/2F7siWC  .

Manejo de plantas daninhas, pragas e doenças

O chamado “Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI)” para o milho vai entre 15 e 45 dias após a emergência das plantas. Essa é a etapa em que a planta define seu potencial produtivo, e qualquer competição pode comprometer significativamente a produtividade de grãos. O manejo correto consiste na identificação das espécies de plantas daninhas para a correta aplicação dos herbicidas. Com o advento das tecnologias RR, tornou-se comum o semeio do milho tolerante ao glifosato em sucessão à soja RR. Esse fato fez com que os produtores passassem a utilizar ainda mais o glifosato em suas lavouras, podendo ocasionar o aumento na pressão de seleção de espécies tolerantes e biótipos resistentes a este herbicida em suas lavouras.

Além do aumento da pressão de seleção, o produtor passa a ter que se preocupar com o manejo das plantas voluntárias de soja e milho tolerantes ao glifosato em suas lavouras. Além da rotação de tecnologias na semente, o produtor deve estar atento para a rotação de tecnologias e/ou de ingredientes ativos, pois a resistência de plantas daninhas a alguns herbicidas vem se tornando cada vez mais frequente. Para reduzir esses problemas seria interessante o produtor optar em suas lavouras por um híbrido de milho que não apresente esta tecnologia, se ele semeou a soja RR no talhão. O importante é controlar a competição entre o milho e as plantas invasoras até a emissão da oitava folha, pois o cereal está definindo seu potencial de produtividade e qualquer competição pode comprometer seu rendimento.

PRAGAS – O produtor deve estar sempre atento às lagartas, principalmente as polífagas, como a Spodoptera frugiperda e a Helicoverpa armigera. A forma mais eficaz – e também a de melhor relação custo x benefício – é o monitoramento constante da lavoura. Deve-se fazer a aplicação de produtos para controle das pragas somente quando o nível de dano econômico for atingido.

O manejo integrado de pragas é a tecnologia mais barata e a de maior retorno para o produtor. Ao realizar o monitoramento para identificação do nível de dano econômico, o produtor ganha a opção pela escolha de tecnologias que lhe permitem reduzir o custo com aplicações “calendarizadas”.

É importante ressaltar que, no caso dos inseticidas, o controle químico deve ser iniciado a partir do nível de dano econômico, ou seja, o uso desses produtos será sempre em caráter curativo. O uso de produtos químicos para controle de pragas em baixo nível de infestação ou em caráter preventivo não é recomendado e gera custos sem necessidade.

Pragas como os pulgões, percevejos e mais recentemente a cigarrinha Dalbulus maidis, que até alguns anos atrás não eram motivos de preocupação para o produtor, têm causado problemas nas lavouras e requerem manejo específico para o seu controle, baseados sempre em tratamento de sementes e monitoramento das lavouras. Sabato et al. (2016) informam que atualmente não se dispõe de alternativa altamente eficiente para o controle dos enfezamentos. Assim, é essencial conhecer o ciclo dessas doenças para ajustar, em situações específicas de cultivo do milho, aplicação simultânea de práticas para escapar, controlar ou minimizar danos por enfezamentos. Mais informações sobre os enfezamentos podem ser obtidas na publicação disponível gratuitamente no link http://bit.ly/2GXtMiW.

Em relação aos percevejos, é preciso lembrar que o manejo deve começar na cultura antecessora – no caso, a soja – de modo a evitar que grandes infestações possam ocorrer na fase crítica de estabelecimento inicial do milho segunda safra.

DOENÇAS – Para os fungicidas, o princípio é o mesmo: monitoramento das glebas para identificação da necessidade de aplicação do produto. Importante ressaltar que a aplicação de fungicidas sempre deve ser realizada previamente ao aparecimento da doença ou no início do aparecimento dos primeiros sintomas, pois os produtos registrados são, prioritariamente, de caráter preventivo. Assim, conhecer os sintomas das principais doenças e a fase em que tendem a iniciar em relação ao estádio de desenvolvimento da planta é importante para se definir as estratégias de controle, e pode diminuir os custos com aplicações desnecessárias. A incidência e severidade de muitas doenças estão relacionadas ao híbrido semeado e às condições climáticas durante o desenvolvimento da cultura. Muitos híbridos são resistentes a determinadas doenças e tal característica pode ser um diferencial importante no momento da escolha da cultivar a ser semeada.


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