Produtores discutem medidas preventivas na região de fronteira
Cidade com tradição agrícola no fumo e na pimenta, a gaúcha Turuçu está apostando no plantio de citros para garantir renda a seus agricultores e diversificar sua matriz agrícola, atualmente 70% concentrada na fumicultura. O município lançou neste mês o programa “Procitros de Mesa”, pelo qual a Prefeitura local vai financiar e dar subsídios a fundo perdido para agricultores cultivarem variedades de laranja e bergamota.
“Turuçu vai ser pioneira na região ao criar um programa específico e adentrar no cultivo de citros de mesa”, expõe o prefeito Ivan Scherdien. O apoio público vai da aquisição de mudas ao financiamento de insumos. “Também pretendemos ajudar os agricultores na comercialização, como na questão da merenda escolar. Não adianta só plantar, se não tiver como vender. Produtos como a laranja e a bergamota fazem parte do consumo das famílias brasileiras e vamos entrar fundo nesta questão”, complementa.
Para o pesquisador Roberto Pedroso, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) – instituição que está dando suporte técnico ao programa junto com a Emater/RS –, “as dúvidas sobre renda não existem com o citros. O mercado é garantido, pois o consumo é alto”.
Cerca da metade do citros consumido na Metade Sul gaúcha – região onde está localizada Turuçu – vem de fora. “O ideal é fugir dos picos de produção, quando sempre se consegue uma valor maior pelas frutas. Para isso, é importante plantar mais de um tipo de variedade, o que vai permitir a colheita em épocas diferentes do ano”, relata Marcos Cavallin, membro de uma família que há 40 anos cultiva citros e dono da propriedade que serviu de sede para o lançamento do “Procitros de Mesa”.
Pesquisa da Embrapa mostra que a região de Pelotas, onde está inserida Turuçu, não apresenta nenhuma condição que inviabilize a produção de espécies como a laranja, a tangerina e o limão e, além disto, o clima temperado é favorável ao surgimento de frutos de melhor qualidade.
A Embrapa recomenda cerca de 20 tipos de cultivares para a região. De acordo com o pesquisador Roberto Pedroso, os materiais estão revolucionando o cultivo no Rio Grande do Sul e fazendo o estado entrar forte na produção para mesa – antes, o estado só tinha tradição na produção para suco.
A propriedade dos Cavallin é um exemplo de sucesso. São plantadas dez diferentes tipos de cultivares em uma área de oito hectares. A produção é de 15 t/ha ao ano – a expectativa é chegar a 40 t/ha quando as árvores atingirem a maturidade. São 60 kg de citros por pé. A colheita é feita até duas vezes por semana, durante sete meses do ano, de abril a dezembro.
“O citros tem suscetibilidade a doenças como toda a cultura. Na região, o grande problema é o cangro do citros. O uso de tecnologia e conhecimentos de cultivo apropriados é fundamental para o agricultor não sofrer com o problema”, sugere Pedroso. “O citros não exige grandes investimentos e é totalmente viável ao pequeno agricultor”, complementa.
“Com o citros, queremos criar um meio para o produtor ter uma qualidade de vida melhor e para a economia da cidade crescer”, destaca o prefeito Scherdien. “É um ótimo negócio, posso garantir”, diz o agricultor Márcos Cavallin.
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