Canchim tem fazenda modelo na serra fluminense

13.12.2010 | 21:59 (UTC -3)

É nas montanhas de Paty do Alferes, entre Petrópolis e Vassouras, no centro-sul fluminense, que está situada a Fazenda Santa Edwiges da Vitória. Ali, o advogado e cientista político carioca Nelson Paes Leme está construindo as bases de um de seus grandes projetos. “Em médio prazo, teremos aqui uma fazenda modelo para a seleção genética do melhor gado Canchim que irá abastecer toda a região. Quero apurar a raça e produzir linhagens de alta qualidade, com touros diferenciados”, anuncia, sem esconder o grande entusiasmo. Além das instalações necessárias, está sendo projetado um espaço para exposição permanente dos animais da raça.

 

Localizada em meio à Mata Atlântica, com muitas nascentes e aguadas, a propriedade conserva um pasto ralo, com sinais de vitalidade, mesmo na época mais seca, que vai de julho ao começo de setembro, quando as queimadas são comuns. É este pasto que garante as boas condições corporais de suas dez novilhas e um tourinho Canchim puro sangue, todos registrados, com o quais Paes Leme está começando sua produção.

 

“Esta fazenda é muito boa para o Canchim. Os animais apresentam ótimas condições até mesmo nessa época”, atesta o veterinário Marcelo Franceschi, também selecionador da raça em Lorena, SP. “Mesmo no período seco, após queimadas, o gado apresenta belo aprumo, casco e inserção da cauda que dão gosto ver”, acrescenta a veterinária Alba Nunes, que juntamente com Franceschi presta assessoria técnica ao rebanho de Paes Leme.

 

A veterinária destaca que o gado Canchim comprova sua adaptabilidade a novas condições nem sempre favoráveis. Em agosto e setembro deste ano, em que a seca foi acentuada na região, o gado não pareceu castigado. “Vi que o pelo dos animais, em geral, permaneceram bonitos, curtos, brilhantes, densos e sedosos. Numa escala que vai de 1 a 6, eu daria nota 6”, diz.

 

É claro que o manejo adequado também é muito importante na obtenção de resultados tão bons. Além do capim ralo, e da água fresca que desce da montanha para abastecer os bebedouros, os animais recebem sais minerais. E nada de ração. “Com essa dieta, eles engordam dois quilos por dia”, diz o tratador Roberto Luiz Camargo.

 

Técnicos credenciados pela Associação Brasileira de Criadores de Canchim, Marcelo e Alba são responsáveis pelo projeto em desenvolvimento. São eles também que orientam Paes Leme quanto à melhor ocasião para o aumento do plantel e para a escolha do sistema de produção mais adequado ao tamanho da área destinada à pecuária naquela propriedade. Com 600 hectares, a Santa Edwiges da Vitória tem parte de sua área destinada à exploração do granito olho de pombo, o mais valorizado do mercado, descoberto em suas terras.

 

“É preciso pés no chão”, adverte Marcelo. “Cerca de 90% dos empresários bem sucedidos em seus negócios quando pensam em descansar vão pro campo, fazem curral, casa, instalações e levam um choque com o tamanho do investimento e a demora do retorno”, diz. É por isso que ele e Alba, na propriedade de Lorena, adotam um sistema enxuto, com apenas um funcionário.

 

O manejo nutricional que os técnicos recomendam para Nelson Paes Leme consiste no semiconfinamento. “Temos um bom resultado com fubá e um pouco de ureia no inverno, o que dispensa volumoso no cocho”, ensina Alba, com base em estudos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Segundo ela, com isso se obtém 19arroba, em média, aos dois anos.

 

Paes Leme pretende reflorestar as áreas degradas para aumentar a população de animais que habitam a região, como o lobo guará, veadinho, macaco, siriema, tamanduá, quati, tatu, capivara. Para começar, vai recompor as matas ciliares com jequitibás, sapucaias, guapuruvus, jatobás e quaresmeiras, espécies nativas da Mata do Tinguá, uma reserva biológica localizada entre as regiões metropolitana e serrana do Rio de Janeiro. Pela área de sua propriedade, a legislação determina reserva de quatro alqueires de mata, onde ele poderá plantar, colher, envasar e comercializar palmito extraído da pupunheira.

 

Em dois anos, para marcar a conclusão do projeto e o pleno desenvolvimento do plantel, será realizado o primeiro dos muitos dias de campo que serão acontecerão na fazenda Santa Edwiges da Vitória.

 

Cida de Oliveira

Assessoria de Imprensa

cidadeoliveira@terra.com.br

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025