Canchim divulga os vencedores da Prova 1 da PCAD

18.10.2011 | 21:59 (UTC -3)

A prova 1 da Prova Canchim de Avaliação de Desempenho (PCAD 2011), constituída pelas categorias Canchim PO e Canchim MA, já tem os vencedores. Na categoria PO, ficou em primeiro lugar o bezerro Marino MN da Itamarati, que obteve 2,49 pontos num índice que articula resultados de ganho de peso, peso final, circunferência escrotal, conformação frigorífica, umbigo, pelagem, mucosa e aprumos, tipo racial, área de olho de lombo e espessura de gordura. Em seguida, Ole MN da Santa Carolina, com 2,36; Obio da Ipês, com 2,10; Obtuso MN da Santa Carolina, com 1,83; e Esalq 1119, com 1,63. Os vencedores da categoria MA são O-MA-6116 da Ipês, O-MA 6108 da Ipês e O-MA 6139 da Ipês; seguidos por Faceiro da Vitória do Cervo e 1486 MA da Itamarati.

Proprietário de Marino MN da Itamarati, Luiz Carlos Dias Fernandes, da Fazenda Santa Maria, em Três Lagoas, MS, afirma que, embora todos os criadores selecionem de maneira criteriosa os animais enviados ao local de testes, surpreendeu-se com o resultado. “A PCAD é a maior prova de performance de animais de origem Taurina já realizada no Brasil e por isso seria muito difícil ganhá-la”, explica, destacando o fato de a PCAD colocar 300 animais juntos numa prova, demonstrando a grandeza da raça. “Estou muito feliz, principalmente por Marino ser produto de um touro de nossa produção, o Kanú, que agora nesta geração começa a comprovar sua qualidade como reprodutor”. Nas pistas, Kanu fez uma campanha memorável. Ganhou todos os campeonatos frigorifico dos quais participou e tornou-se o macho e animal mais premiado da raça em 2009.

Coordenador técnico da PCAD, o médico veterinário Maury Dorta de Souza Junior afirma que os resultados da prova 1 não chegam a surpreender. A qualidade fenotípica e genética desses bezerros já eram conhecidos. “Os três primeiros colocados das categorias Canchim e MA são animais completos, com desempenho, carcaça e caracterização racial excepcionais, que certamente contribuirão muito para a raça Canchim”, explica.

Segundo ele, os ganhos médios ficaram dentro do planejado, que era preservar a saúde reprodutiva dos touros jovens ao final da prova e proporcionar condições para que os animais de maior qualidade genética expressassem seu potencial e se destacassem no fim da avaliação, como de fato ocorreu. “Se formos observar, o ganho médio do lote foi de 1,100 kg/dia, enquanto o campeão ganhou 1,464kg/dia. Nessas provas, o que importa é a diferença entre o desempenho do animal e a média, e não o ganho absoluto”.

“Os três primeiros colocados na categoria MA são filhos de EC NO Doubt 2022 Pld, um touro TOP de DEPs nos Estados Unidos. A Fazenda Ipês foi uma das primeiras a utilizar depois que o proprietário viu os filhos deste touro nos Estados Unidos, na visita que o grupo GEDECAN fez em 2009”, destaca Maury. “Na ocasião, após se impressionar com a qualidade dos produtos em vacas puras Charolês e por acreditar que o touro daria certo para formar animais Canchim, o criador Raphael de Freitas logo autorizou a compra de doses de sêmen que fizeram estes três elites na PCAD”.

O veterinário explica que os animais MA avaliados são filhos dos melhores touros Charolês com sêmen disponível no mundo. “O objetivo é introduzir na raça Canchim a melhor genética à disposição e que esta possa somar qualidades à raça, como maior ganho de peso, fertilidade e funcionalidade”. Por isso, conforme explica, é tão importante avaliá-los e, a partir do resultado, escolher os que serão utilizados como formadores de animais Canchim, cobrindo matrizes MA ou mesmo matrizes Canchim, no caso dos MA plus, animais até TOP 10% no Índice de Qualidade Geneplus.

Ele assegura que os três primeiros colocados na categoria Canchim MA e na Canchim PO têm seus pontos fortes e características. Especialmente sobre os puros de origem, garante que gostaria de usá-los nos acasalamentos de 2012 em todos os rebanhos que atende como técnico da Associação Brasileira de Criadores de Canchim. “De forma geral, o lote de animais elite surpreende pelo volume de carcaça. Mesmo entre aqueles fora das três primeiras colocações a qualidade é bastante próxima. Certamente serão bem aproveitados pelos seus criadores, provavelmente com alguns tendo sêmen coletado”.

Para o coordenador, os animais distribuídos nos grupos Elite (os 16% melhores) e Superior Plus (aqueles entre 17% e 35% melhores) são completos quanto ao desempenho e caracterização racial – o que acirrou a disputa, e os colocam entre os 35% melhores. “Estamos muito satisfeitos com os resultados, principalmente por termos realizado uma prova tão grande, com esse número expressivo de criadores participantes, o que mostra o comprometimento desses criadores da raça Canchim com sua evolução e aprimoramento”, destaca Maury.

O Diretor de Exposições e Eventos da ABCCAN , Raphael Antonio Nogueira de Freitas, avalia o teste de maneira positiva. “Em primeiro lugar, a adesão dos associados, por se tratar de uma primeira edição, foi muito animadora”, diz. “Em segundo, dos 130 animais inscritos, houve problemas com apenas três, sendo dois acidentados e um retirado da prova por doença. Isso mostra que apesar do ineditismo da PCAD, realizada em instalações de confinamento normal de gado para abate, as condições sanitárias do gado se mantiveram em nível totalmente satisfatório, animando a todos os associados a participarem ainda mais intensamente das próximas edições”.

Por fim, ele ressalta que os três técnicos que trabalharam com jurados, assim com os técnicos da Embrapa, garantem que o nível de qualidade foi ótimo. O resultado traz 19 tourinhos na categoria Canchim Elite, dos quais 14 PO e cinco MA, isso sem falar do grande número de animais na categoria Superior Plus, de muita qualidade. “Isso tudo nos dá a certeza de que, em breve, a raça contará com grande número de opções para a evolução genética ,de acordo com as condições peculiares de cada criador”, diz Raphael de Freitas.

A prova 2, que termina em dezembro e avalia 153 tourinhos nascidos em outubro, novembro e dezembro, decorre de maneira satisfatória. Pequenos problemas ocorridos com o primeiro grupo estão sendo evitados uma vez que todas as pessoas envolvidas já adquiriram maior experiência. “Esperamos que ao entregar os prêmios aos vencedores, em dezembro, tenhamos atingido o mesmo nível de qualidade da prova 1”.

O criador Júlio Silvestre de Lima, da Fazenda São Joaquim, localizada em Carvalhos, MG, mandou para a prova 1 três bezerros. Um deles ficou em quarto lugar no grupo Elite. “Fiquei contente. Mostra que criamos bem”, afirma Júlio, para quem a tradição, ou a sorte, ou talvez o clima e relevo da serra da Mantiqueira, onde a fazenda está localizada, favoreçam os animais do plantel. “Apesar do nosso pequeno rebanho, quando comparado ao de fazendas extensivas do Brasil Central, já fomos bronze na prova de performance da CRV Lagoa e duas vezes bronze na prova da Esalq”, explica.

Para Júlio Silvestre, são bons os resultados da primeira prova de desempenho e avaliação realizada pela ABCCAN. Segundo ele, a atual diretoria da entidade acredita nas ferramentas genéticas modernas e quer ver a raça seguindo essas tendências praticadas nos centros mais desenvolvidos da pecuária de todo o planeta, entre os quais o Brasil se destaca. É o caso da Embrapa-Geneplus, Esalq/USP e outros organismos técnicos que lideram esses estudos, aplicações e desenvolvimento, com os quais a entidade firmou parceria.

João Paulo Porto, da Ipameri Empreendimentos, com fazenda em Jussara-GO, aponta que 50% dos animais elite da prova 1 pertencem aos cinco criadores que compõem o GEDECAN (Grupo de Desenvolvimento do Canchim) e são frutos dos acasalamentos orientados por DEPs com a utilização das ferramentas do sumário Geneplus. Do total dos classificados como elite, 28,57% são filhos do grupo de touros jovens selecionados para o programa Gedecan. “Se forem acrescentados os animais da Santa Carolina, cujos acasalamentos também foram feitos utilizando a mesma ferramenta, o numero de animais acasalados pelo novo sistema sobe para 78,57% e, considerando a adesão da Esalq ao GEDECAN, o numero de criadores que tiveram os animais classificados como elite e que já estão usando o novo sistema passa para 92,8%", contabiliza. Esses dados, conforme explica, evidenciam o resultado no melhoramento genético decorrente da adoção da tecnologia de acasalamento Geneplus, ferramenta que está ao alcance de todos os criadores.

Para Júlio Silvestre, a parceria da Embrapa Geneplus com a ABCCAN na PCAD e no Sumário de Touros, e com o Gedecan no acasalamento por DEPs e na escolha anual e renovada de touros jovens pode e deve ser ampliada para o conjunto de criadores da raça. “Seguindo essa linha, nossos técnicos Délcio de Freitas, à frente da seleção da Fazenda Santa Carolina, e Maury Dorta, que assiste todos os membros do GEDECAN, por certo ajudarão a divulgar e a expandir a implantação da metodologia, aglutinando criadores de todo o país em grupos para otimizar os resultados do melhoramento dos seus produtos”.

Para 2012, os organizadores da PCAD trabalham para ampliar ainda mais a participação dos associados, para reduzir os custos e tornar as provas mais acessíveis a todos, aprimorar a operação e controles durante a execução dos testes, sem contar investimentos em divulgação e na captação de patrocínios. “Quanto à qualidade dos animais, só tende a melhorar, todos já estamos convencidos”, afirma Raphael de Freitas.

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