Cafés especiais são destaque em seminário do agronegócio em Londrina

08.03.2010 | 20:59 (UTC -3)

AgroEx reuniu mais de 1,5 mil pessoas; dos quatro casos de sucesso mostrados no evento, dois são projetos apoiados pelo Sebrae/PR: o Projeto do Mel de Ortigueira e o Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná.

Com o intuito de levar conhecimento sobre exportações, aos agentes do agronegócio brasileiro, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) promoveu em Londrina, norte do Paraná, na última sexta-feira (05/03), o 31º Seminário do Agronegócio para Exportação (AgroEx).

A programação do Seminário dividiu-se em dois momentos. No período da manhã, representantes do MAPA apresentaram paineis sobre as estratégias do agronegócio para exportação e, à tarde, foram debatidas ferramentas para exportar produtos agropecuários. Dos quatro casos de sucesso mostrados no 31º AgroEx, dois são projetos apoiados pelo Sebrae/PR: o Projeto do Mel de Ortigueira e o Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná.

O presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), Luiz Fernando de Andrade Leite, contou aos participantes os avanços obtidos pelos produtores de café da Região desde a criação da Associação em 2008. Ele recordou que em agosto de 2006, teve início o Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná. Uma articulação do Sebrae/PR e outros parceiros que objetiva produzir cafés com atributos únicos, divulgar o nome da região como área tradicional na produção de cafés de excelente qualidade e organizar os cafeicultores de forma a proporcionar melhores condições de produção e comercialização dos grãos, por meio de associativismo, técnicas de gestão de propriedades, certificação, inovação tecnológica e marca territorial.

Um diagnóstico realizado, relembrou Luiz Fernando de Andrade Leite, foi fundamental para que o grupo definisse as metas e traçasse um plano de ações. “Identificamos que precisávamos recuperar o nome do Norte Pioneiro como região produtora de cafés especiais, melhorar o preço obtido pelo produto e criar uma organização para facilitar a comercialização dos cafés”, afirmou.

Com quase três anos de fundação, a ACENPP contabiliza resultados como a promoção de duas edições da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (FICAFE), a obtenção de certificação 4C, o pedido de registro de Indicação Geográfica, e a conquista de uma Unidade de Padronização e Armazenamento de Cafés Especiais para alavancar a produção nos próximos anos.

Para o consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do projeto cafés especiais, Odemir Capello, a conquista da Indicação Geográfica, vai trazer inúmeros benefícios para os produtores da região. “A presença da ACENPP no AgroEx demonstra que já temos subsídios para falarmos do nosso caso. Todos os resultados resultam de planejamento, organização e vontade dos cafeicultores em mudar sua realidade. O café do norte pioneiro vai ser o primeiro produto do Estado a conquistar a Indicação Geográfica. Isso vai reforçar a marca e contribuir para o marketing do produto, melhorando assim a comercialização, o que já vem ocorrendo”, analisa Odemir Capello.

O consultor do Sebrae/PR avalia ainda que o sucesso do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná se deve ao fato dos envolvidos aproveitarem bem as oportunidades de desenvolvimento que se apresentaram. “O café do norte pioneiro do Paraná está se tornando referência nacional e internacional. À medida que aumenta a comercialização do produto, os produtores elevam os investimentos em qualidade. Nossa proposta para este ano é trabalhar a rastreabilidade do café e a obtenção de certificações”, antecipa Odemir Capello.

Café paranaense e especial

O Paraná se destacou como um dos principais produtores de café do País em 2009, com mais de 158 mil toneladas de grãos, com destaque para o Norte Pioneiro, responsável pela colheita de aproximadamente 50% do total. Atualmente, a região paranaense conta com 7,5 mil produtores de pequenas propriedades, distribuídos em 45 municípios. No ano passado, os 109 associados da ACENPP produziram 58 mil sacas de café e exportaram 6 mil delas.

De acordo com análise do Iapar, o café do Norte Pioneiro é classificado como leve, encorpado, com intenso aroma e sabor, doce, caramelado, com acidez moderada e levemente amargo. A região se destaca por sua altitude (acima de 500 metros), latitude (23o Sul) e temperatura entre 20 e 22 graus.

Agronegócio brasileiro

Mais de 1,5 mil pessoas acompanharam o evento aberto pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que destacou em seu discurso a importância do agronegócio para o País. “O Brasil é um dos mais eficientes produtores de alimentos de mundo. Um terço da economia brasileira gira em torno da agricultura e mais de quatro mil municípios nacionais dependem dessa atividade. Exportamos alimentos para mais de 183 países e somos os maiores produtores mundiais de café (40% do mercado global); cana-de-acúçar (40% do mercado global); suco de laranja (80% do mercado global); carne de frango (40% do mercado global); carne bovina (20% do mercado global) e o segundo maior produtor mundial de soja”, frisou o ministro.

Durante o AgroEx, Stephanes abordou a problemática do domínio do mercado mundial de alguns produtos agrícolas, como o café, por exemplo, por poucos compradores. Analisando dados sobre o crescimento populacional, envelhecimento e áreas agricultáveis, o ministro, amparado por critérios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mostrou-se otimista em relação ao futuro do agronegócio brasileiro.

“De acordo com a FAO, capacidade de produção, organização, agricultura aparelhada, tecnologia e disponibilidade de água são requisitos para que um País seja competitivo no agronegócio e o Brasil é um dos únicos do mundo que passa facilmente por esses critérios”, avaliou. Na opinião do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, o aumento das exportações brasileiras depende da expansão das áreas agricultáveis na região do cerrado e em estados como Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins, investimentos em irrigação, em pesquisa científica, em defesa sanitária animal e vegetal, em comércio exterior, e, em infraestrutura logística, além da diminuição da dependência externa de fertilizantes e o respeito às questões ambientais.

Já para o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do MAPA, Célio Porto, o câmbio desfavorável, juros altos, falta de escala e regularidade de produção, baixa da tradição exportadora e os baixos investimentos em marketing para desenvolver e consolidar uma marca internacional para os alimentos brasileiros são outros entraves ao aumento das exportações nacionais. “Um caminho para a solução desses problemas é a organização política, organização da produção e a melhoria das formas de comercialização. O crescimento populacional mundial, o aumento da renda e as mudanças de hábitos alimentares são grandes oportunidades para o agronegócio”, explicou Célio Porto.

Londrina foi a primeira cidade a sediar o Seminário do Agronegócio para Exportação (AgroEx) em 2010. Desde 2006, foram promovidas 30 edições do AgroEx reunindo mais de 10 mil participantes.

Cleide de Paula

Assessora de Imprensa Sebrae/PR - Regional Norte

(43) 3344-5567

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