Café: Embrapa mostra pesquisas entre o Brasil e a França na Semana de C&T

16.10.2009 | 20:59 (UTC -3)

Mostrar ao público estudantil do Distrito Federal pesquisas de ponta na área de biotecnologia vegetal é um dos objetivos da Embrapa ao participar pela sexta vez da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Este evento é promovido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia desde 2004 com o objetivo de mobilizar a população, em especial crianças e jovens, em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia (C&T), valorizando a criatividade, a atitude científica e a inovação. Como este ano, o tema do evento é o ano da França no Brasil, a Embrapa escolheu o melhoramento genético de café, desenvolvido em parceria com o instituto francês CIRAD - Centro de cooperação internacional em pesquisa agronômica para o desenvolvimento – como um dos destaques da exposição, que acontece de 19 a 25 de outubro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, DF.

A parceria com o CIRAD envolve três unidades de pesquisa da Embrapa – Recursos Genéticos e Biotecnologia, Café e Cerrados – todas localizadas em Brasília e tem como objetivo principal desenvolver plantas de café melhoradas geneticamente com duas características principais: tolerância à seca e grãos com mais qualidade.

Brasil e França: unidos para melhorar a qualidade do café

A base para o desenvolvimento dessas pesquisas é o banco de dados resultante do sequenciamento do genoma do café, cuja primeira etapa foi concluída em 2004, em parceria entre a Embrapa Café, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Essa iniciativa pioneira em termos mundiais colocou o Brasil na posição de vanguarda das descobertas tecnológicas e deu origem ao maior banco de dados para café do mundo: 200 mil seqüências de DNA.

O banco de dados genéticos marcou o fim da primeira fase do sequencimento do genoma do café. Hoje, os cientistas brasileiros e franceses estão na fase denominada de pós-genômica, na qual mais de 30 mil genes já foram identificados e estão sendo utilizados em prol do melhoramento genético do café.

Neste ano, em que se comemora o ano da França no Brasil, esse é um motivo de orgulho para os dois países, porque as pesquisas já resultaram em plantas tolerantes à seca que estão crescendo no campo da Embrapa Cerrados, outra unidade de pesquisa da Embrapa em Panaltina, DF.

A seca é um problema que afeta severamente duas regiões importantes na cafeicultura nacional: o cerrado e o nordeste brasileiro, especialmente a Bahia.

Segundo o pesquisador do CIRAD, Pierre Marraccini, em breve, os genes serão transferidos para a variedade de café Arábica, que é a mais consumida em todo o mundo, com 70% da produção global.

A identificação e conhecimento desses genes vão acelerar o melhoramento genético do café, seja por métodos convencionais de cruzamento ou por engenharia genética.

Cientistas estudam todas as funções das plantas de café para chegar às variedades tolerantes à seca

Marraccini explica que para chegar às variedades mais produtivas de café com tolerância à seca, todas as partes e funções das plantas são estudadas. As pesquisas começam com as raízes, através de modernos equipamentos chamados scanners roteadores para compreender a fundo a arquitetura do desenvolvimento do seu sistema radicular, até à plasticidade, ou seja, a capacidade da planta de reagir a situações de estresse climático, passando por pesquisas da seiva, fotossíntese etc.

Segundo o cientista francês, as pesquisas envolvem pesquisadores com diferentes competências das áreas de biologia molecular, fisiologia, agronomia, anatomia etc. “Todos unidos em prol de um objetivo comum: solucionar de forma econômica e ambientalmente viável um dos piores problemas enfrentados pela cafeicultura em vários países: a seca”, finaliza Marraccini.

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia começa na segunda-feira (19/10), e se estende até o dia 25 de outubro no segundo quadrante do canteiro central da Esplanada dos Ministérios (localizado entre a Rodoviária, o Museu da República e o Teatro Nacional). O horário de funcionamento é das 8h30 às 19h, com exceção da quarta-feira, dia 22, que vai até às 20h30.

Fernanda Diniz

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

(61) 3448-4769 e 3340-3672 /

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