Setor cerealista debate futuro em Congresso da Acebra
Evento nacional reúne lideranças do setor cerealista e projeta futuro da entidade
A China segue como principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, mas a concentração de vendas ao país asiático acende um alerta sobre a fragilidade comercial do setor. Segundo a BiondAgro, a China foi responsável por 73,4% das exportações brasileiras de soja em grãos em 2024, movimentando mais de US$ 31,5 bilhões. No total, o complexo soja gerou mais de US$ 60 bilhões em receita no ano, superando inclusive produtos como minério de ferro e petróleo.
De acordo com a consultoria, a China também lidera a compra de carne bovina, respondendo por 59% das exportações brasileiras do produto. No setor de algodão, o país asiático foi destino de um terço das vendas do Brasil em 2024, enquanto, na área de insumos, foi o segundo maior fornecedor de fertilizantes, com US$ 2,1 bilhões em exportações para o Brasil. A dependência é ainda mais crítica em defensivos agrícolas: 100% do glufosinato, picloram e clorotalonil usados no país vêm da China, além de 85% do glifosato e 78% do acefato.
“Essa concentração cria uma fragilidade estrutural. Precisamos equilibrar essa balança com novos mercados e políticas de autonomia em insumos”, alerta Felipe Jordy (na foto), gerente de inteligência e estratégia da BiondAgro.
Embora a participação chinesa nas exportações de milho ainda seja modesta — apenas 6% em 2024 —, a continuidade da guerra comercial com os Estados Unidos pode abrir novas oportunidades para o Brasil nesse mercado. No ano passado, o país exportou cerca de 40 milhões de toneladas de milho, consolidando-se como um dos três maiores fornecedores globais.
Conforme a BiondAgro, o sucesso das relações comerciais com a China trouxe ganhos expressivos, mas também colocou o agro nacional em uma posição de alta exposição a riscos geopolíticos e sanitários. A consultoria defende a diversificação de mercados e o fortalecimento da indústria nacional de insumos como medidas estratégicas para garantir maior resiliência.
“Parceria sólida não significa dependência absoluta. O futuro do agro brasileiro exige autonomia estratégica e resiliência internacional”, finaliza Jordy.
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