Brasil recebe 2,1 milhões de euros para bioeconomia e clima

Plano Brasil–Euroclima vai investir em inclusão produtiva na Amazônia, resiliência no Sul e descarbonização da indústria

20.10.2025 | 15:26 (UTC -3)
Renato Cruz Silva, edição Revista Cultivar
Foto: Marcelo Veras
Foto: Marcelo Veras

O Plano de Ação Brasil–Euroclima 2025-2026 foi apresentado na última semana, na sede da Embrapa, em Brasília, a parceiros nacionais e internacionais. A iniciativa, promovida pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e pela Delegação da União Europeia no Brasil, prevê o investimento de 2,1 milhões de euros - cerca de R$ 12 milhões - em ações voltadas à transição verde e justa no país.

Durante os próximos 18 meses, o plano vai apoiar três frentes prioritárias: o fortalecimento da bioeconomia na Amazônia, a promoção da resiliência climática no Rio Grande do Sul e a descarbonização da indústria brasileira.

Bioeconomia e protagonismo feminino na Amazônia

Na Amazônia, as ações serão voltadas à inclusão socioprodutiva de mulheres e grupos vulneráveis, por meio do acesso a tecnologias de produção e à inserção em mercados. O plano também prevê o aproximar entre a demanda por soluções tecnológicas e os provedores de inovação, ampliando a conexão entre ciência e mercado.

Segundo Ana Euler, diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, o plano vai impulsionar iniciativas já em andamento, como o projeto das mulheres extrativistas de óleo de pracaxi, no Amapá; o das produtoras de farinhas funcionais, no Pará; e o das mulheres que fabricam jujubas de cupuaçu, em Roraima.

Euler destacou ainda a sinergia do Plano Brasil–Euroclima com o lançamento do Plano Nacional de Bioeconomia, previsto para a COP30, e com o programa corporativo da Embrapa “Mulheres Produtoras de Bem Viver”, que já conta com 38 projetos ativos em todo o país.

Resiliência climática no Sul

No Rio Grande do Sul, o foco será mapear necessidades de investimento em infraestrutura que reduzam riscos de desastres, especialmente diante dos eventos climáticos extremos recentes. Os estudos incluirão planejamento urbano e rural, abrangendo saneamento, drenagem e esgoto, além de identificar soluções integradas entre áreas urbanas e rurais e ampliar o acesso a mecanismos de financiamento nacionais e internacionais.

Descarbonização da indústria

Outra frente de atuação será a descarbonização do setor industrial, com o desenvolvimento de diagnósticos, políticas públicas e instrumentos de incentivo à redução de emissões. O plano também apoiará ações de capacitação técnica e gestão do conhecimento para acelerar a adoção de processos produtivos mais limpos.

A secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Julia Cruz, destacou que os maiores desafios estão em setores de alta intensidade de carbono, como aço, alumínio, cimento, vidro, papel e celulose, que exigem forte apoio tecnológico e regulatório. Ela também reforçou que o agro e o extrativismo têm papel importante na agregação de valor e na sustentabilidade das cadeias produtivas.

Compromisso conjunto com a transição verde

Representando a União Europeia, Jean Pierre Bou ressaltou a urgência da crise climática e o compromisso dos países parceiros com o Acordo de Paris. “O Brasil tem mostrado liderança internacional ao propor soluções sustentáveis e resilientes para o processo produtivo”, afirmou, destacando o desejo europeu de aprofundar a cooperação com o Brasil, América Latina e Caribe.

O coordenador-geral de Cooperação Técnica Multilateral da ABC, Marcio Lopes Correa, lembrou que os três projetos do plano são resultado de um ano de negociações entre as instituições envolvidas. Segundo ele, as ações reafirmam o papel do Brasil como plataforma de compartilhamento de conhecimento e tecnologias com países da América Latina, Caribe e outras regiões tropicais.

Sobre o Euroclima

O Euroclima é uma iniciativa da União Europeia que atua com 33 países da América Latina e do Caribe para promover a transição verde em áreas urbanas e rurais.

O programa conta com a participação de oito parceiros implementadores: AECID (Espanha), AFD (França), ECLAC (ONU), Expertise France, FIAP, GIZ (Alemanha), UNEP (ONU Meio Ambiente) e UNDP (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

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