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Variedades de batata com sementes nacionais, adaptadas ao clima e solos brasileiros, resistentes às principais doenças que acometem a cultura, ótimas para a agricultura familiar e produção em sistema orgânico estão ganhando espaço na região de Botucatu, em São Paulo (SP). Desenvolvidas a partir de banco de germoplasma próprio datado da década de 1970, com exemplares do Peru (local de origem da batata) e cruzamentos com as principais variedades importadas que dominam o mercado, as variedades de batata desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC)/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) em seu Núcleo Regional de Pesquisa em Itararé, são fruto de longa pesquisa.
Um dos exemplos vem do Sítio Tia Ana, localizado em Botucatu. Após visita e acompanhamento técnico do engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) Regional Botucatu, Flávio Chueire, que contou com apoio dos engenheiros agrônomos Luciana Calore e Ricardo Chiarelli (diretor da Regional), o produtor Márcio Alexandre Cequinato Bassetto, que tem como principal atividade econômica a olericultura, decidiu investir na “batata nacional da Secretaria de Agricultura”.
“O Flávio me apresentou a batata nacional do IAC e me trouxe as sementes. Eu já tinha um projeto voltado ao plantio em sistema orgânico e ele me disse que era viável investir na produção de batata orgânica com essas sementes. Instalamos uma pequena área, em 2023, que foi muito bem. Por isso, este ano aumentamos a área e os resultados de produtividade e qualidade foram muito bons”, relata o produtor que está finalizando a colheita e com a entrega toda programada para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em escolas da região.
Para o engenheiro agrônomo Flávio Chueire, que atua com Agroecologia e sistemas de produção orgânica na Cati Regional Botucatu, o cultivo de batatas na região tem se tornado um bom negócio para os agricultores e as escolas, pois grande parte dessa plantação é de base ecológica, isto é, sem o uso de pesticidas, beneficiando produtores, consumidores e meio ambiente.
“As cultivares nacionais desenvolvidas pelo IAC são altamente adequadas para o cultivo da agricultura familiar, pois são resistentes a doenças foliares e podem abastecer, além das merendas escolares, feiras do produtor e mercados locais, em todas as formas de circuitos curtos de comercialização, beneficiando quem produz e, ao mesmo tempo, quem consome: o chamado alimento KM zero que vem da agricultura familiar”, diz Flávio Chueire.
“É um sonho da cadeia produtiva de batata poder contar com variedades nacionais. O trabalho realizado no nosso Núcleo Regional de Pesquisa de Itararé tem sido direcionado para contribuir com este mercado crescente. Para tanto, ao longo dos anos, temos realizado cruzamentos entre algumas variedades plantadas comercialmente (oriundas principalmente da Europa), com características, sabor, tonalidades de cor de pele e polpa diferentes, bem como aliar à resistência que as variedades do IAC têm de longa data. E com a parceria com a Cati, agora estamos conseguindo que essas variedades sejam conhecidas pelos produtores, os quais venham a testar a adaptação em regiões aptas ao plantio, como é o caso de Botucatu, e possam diversificar ainda mais a agricultura, com geração de renda, principalmente para os agricultores familiares”, explica Factor.
De acordo com o pesquisador, outro ponto de destaque das sementes de batata nacional produzidas pelo IAC é possibilitar a redução de pesticidas em plantio convencional e usá-las em sistemas orgânicos. “As variedades que estão no mercado e são amplamente cultivadas são todas importadas. E quando você importa, vem junto a necessidade de muitas intervenções fitossanitárias. Não é incomum se deparar com produtores pulverizando até 30 vezes durante o ciclo. Então, as variedades do IAC vêm ao encontro da necessidade de uma variedade nacional que tenha formato, polpa, sabor e pele que sejam atrativos para o mercado, mas resistentes à pragas e doenças”, salienta Factor.
A produção de batatas, principalmente em sistema orgânico, vem crescendo na região de Botucatu e grande parte desta é direcionada para merenda escolar, alimentando estudantes de escolas públicas estaduais e municipais. Recentemente, o produtor Márcio Bassetto fez uma entrega de 500kg da variedade Axel do IAC para a merenda escolar no município de São Manuel. “A parte mais gratificante de entregar na merenda é poder levar um produto de qualidade para as crianças. Eu tenho uma filha na escola e ela adora tudo que produzimos, principalmente a batata, e faz a propaganda para os amigos”, conta rindo o produtor.
Para Tatiane Fátima de Oliveira, nutricionista da Prefeitura de São Manuel, a batata é um item incluído no cardápio pelo menos duas vezes na semana, por sua versatilidade na elaboração de pratos muito apreciados pelas crianças. “E agora, na nossa região, poder contar com a oferta de batata produzida por agricultores familiares e de forma orgânica é
O pesquisador Thiago Factor complementa: “Entre as variedades desenvolvidas, a Axel tem encontrado a melhor adoção entre os produtores, principalmente para a merenda escolar, onde as merendeiras precisam ter flexibilidade para uso do alimento. A variedade Axel, além da resistência no campo, tem atendido essa expectativa na cozinha e aceitação entre as crianças”.
Além da variedade Axel, que tem sido a mais plantada pelos produtores de Botucatu, as sementes de batatas nacionais produzidas pelo IAC contam com variedades coloridas (polpa branca, amarela, creme e roxa), que estão sendo desenvolvidas para abertura de novos nichos de mercado, como os voltados à gastronomia gourmet.
Os produtores interessados em adquirir sementes das variedades nacionais produzidas pelo IAC podem entrar em contato pelo telefone (19) 99834-2998. E para orientações técnicas sobre o plantio, podem procurar a Cati Regional Botucatu.
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