Bactérias usam estratégia química para escapar das defesas das plantas

Normalmente, vegetais detectam invasores por meio de padrões moleculares associados a patógenos

22.04.2025 | 07:48 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto: Howard F. Schwartz 
Foto: Howard F. Schwartz 

Estudo revelou que bactérias patogênicas utilizam estratégia química astuta para contornar o sistema imunológico das plantas, produzindo uma molécula chamada glicosirina que mascara sua presença e enfraquece as defesas das culturas. Essa descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de plantas mais resistentes.

O trabalho mostra bactérias Pseudomonas syringae usando a glicosirina para enganar as plantas.

Normalmente, as plantas detectam invasores por meio de padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), como a flagelina, uma proteína presente nos flagelos bacterianos. As plantas removem os revestimentos de açúcar da flagelina com enzimas, expondo as bactérias e ativando respostas imunes.

No entanto, a glicosirina bloqueia essas enzimas, mantendo a flagelina oculta e permitindo que as bactérias se multipliquem sem serem detectadas.

“Essa estratégia não só impede que as plantas reconheçam os invasores bacterianos, mas também interfere em outros aspectos da defesa vegetal”, explica Frank Schroeder, do Boyce Thompson Institute.

A molécula altera os padrões de açúcar nas proteínas das plantas e causa o acúmulo de compostos açucarados, criando um ambiente que favorece o crescimento bacteriano enquanto suprime a imunidade vegetal.

Essa tática é amplamente utilizada, com genes produtores de glicosirina encontrados em vários patógenos de plantas.

As descobertas têm implicações significativas para a agricultura, pois compreender essa guerra química pode levar ao desenvolvimento de culturas geneticamente modificadas com maior resistência a doenças bacterianas.

Além disso, a estrutura única da glicosirina pode inspirar novas aplicações farmacêuticas, semelhantes aos iminoaçúcares usados no tratamento de condições como diabetes tipo II.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1126/science.adx0288

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