Bactérias de mangue estimulam crescimento de mudas de alface

Estudo na Colômbia mostra que cepas de Pseudomonas ampliam raiz e parte aérea da planta

12.09.2025 | 09:29 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto: Howard F Schwartz, Colorado State University
Foto: Howard F Schwartz, Colorado State University

Pesquisadores isolaram 58 bactérias de manguezais na Baía de Cartagena, Colômbia. O grupo testou o efeito sobre sementes de alface (Lactuca sativa). Nove cepas de Pseudomonas apresentaram desempenho promissor. As linhagens atuam como bioestimulantes e apontam alternativa sustentável aos fertilizantes químicos.

Os cientistas identificaram quatro espécies: P. putida (uma cepa), P. monteilii (duas), P. taiwanensis (uma) e P. aeruginosa (quatro). As cepas P8 e P9 de P. aeruginosa lideraram os resultados. Os tratamentos aumentaram o comprimento de raiz e de hipocótilo.

O estudo registrou avanço de raiz de até 35% e de parte aérea de até 97%, frente ao controle. A taxa final de germinação e o tempo médio de germinação não mudaram de forma significativa.

Imagens representativas de mudas de alface inoculadas com cepas selecionadas de <i>Pseudomonas </i>comparadas com o controle não inoculado (C). As cepas <i>P. aeruginosa</i> P6 e P8 aumentaram visivelmente o crescimento e o vigor das mudas, enquanto P7 apresentou efeitos menos pronunciados -&nbsp;doi.org/10.3390/seeds4030044
Imagens representativas de mudas de alface inoculadas com cepas selecionadas de Pseudomonas comparadas com o controle não inoculado (C). As cepas P. aeruginosa P6 e P8 aumentaram visivelmente o crescimento e o vigor das mudas, enquanto P7 apresentou efeitos menos pronunciados - doi.org/10.3390/seeds4030044

As bactérias produziram ácido indolacético (AIA), solubilizaram fósforo em meio Pikovskaya e secretaram ácidos orgânicos. Lático e acético predominaram nos perfis de metabólitos. As cepas com maior índice de solubilização de fósforo também liberaram mais ácidos orgânicos. P. monteilii P5 e P. aeruginosa P8 e P9 atingiram os maiores índices. Os autores apontam “valor agrobiotecnológico duplo”: estímulo hormonal no início do ciclo e maior disponibilidade de nutrientes.

Tolerância salina

Os testes de tolerância salina mostraram crescimento de todas as cepas em 1%, 2,5% e 5% de NaCl. Nenhuma cepa cresceu a 10%. O resultado indica potencial de uso em áreas costeiras e solos com salinização crescente.

No ensaio de crescimento in vitro, P. aeruginosa P8 ampliou raiz e parte aérea e elevou a biomassa fresca e seca das mudas. Algumas cepas também aumentaram clorofilas e carotenoides. Em antioxidantes, P. taiwanensis P4 liderou no método FRAP. O conjunto de variáveis discriminou bem os tratamentos em análise multivariada.

As amostras de sedimento vieram da Ilha Maparadita, em zona de mangue com pH levemente alcalino e alta condutividade. O trabalho reforça a bioprospecção de microrganismos de manguezais como estratégia para a agricultura sob estresse. O uso dessas Pseudomonas em “seed priming” e viveiros pode reduzir a dependência de insumos químicos e apoiar a implantação de plântulas em solos com salinidade.

Outras informações em doi.org/10.3390/seeds4030044

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